Pela 1ª vez no Brasileiro, três times mineiros estão na zona da degola ao mesmo tempo

O momento dos clubes mineiros tem deixado os torcedores preocupados. E com toda razão. Esta é a pior participação das equipes de Minas Gerais no Campeonato Brasileiro. Pela primeira vez na história do Nacional, três times do estado estão na zona de rebaixamento ao mesmo tempo.

O América faz a pior campanha. O Coelho está na última posição, com cinco pontos (uma vitória, dois empates e cinco derrotas). Por causa do início ruim, a diretoria já demitiu o técnico Givanildo Oliveira e contratou o português Sérgio Vieira. O maior problema, contudo, passa longe do banco de reservas. O abismo financeiro existente entre os americanos e os grandes da Série A gera dificuldade na busca por reforços de peso.

Considerado um dos favoritos ao título, o Atlético decepciona neste início. O Galo ocupa a 18ª posição, com uma vitória, quatro empates e três derrotas. Nem os desfalques por lesão e convocação justificam este início frustrante. O recém-contratado Marcelo Oliveira, que substituiu o uruguaio Diego Aguirre, começa a ser cobrado por resultados.

Já o Cruzeiro, na 17ª posição, dá mostras de que não terá grandes ambições no campeonato. O time do português Paulo Bento ainda não conseguiu vencer em casa. As duas vitórias foram como visitante: 1 a 0 no Botafogo, no Mane Garrincha, e 3 a 2 no Atlético, no Independência. Enquanto o time derrapa em campo, a torcida clama por reforços.

HISTÓRICO
Embora tenha surgido em 1971, a Série B começou a ser disputada com mais regularidade na década de 1980, com o surgimento da Taça de Prata. Por isso, a zona de rebaixamento era estranha à Série A até então. Prova disso é que várias edições do Campeonato Brasileiro constituíram uma reunião de vários clubes. Em 1979, por exemplo, o Nacional contou com 94 clubes.

Na década de 1980, Villa Nova e Uberlândia, além dos três grandes, chegaram a disputar algumas edições do Campeonato Brasileiro, mas o critério para promoção à elite mudava ano a ano pela CBF, confirmando a histórica desorganização do futebol no Brasil.

O rebaixamento ganhou força apenas na década de 1990.

1993
Mas em 1993, por exemplo, a CBF impôs o descenso apenas aos clubes que foram promovidos à Primeira Divisão – exceção feita ao Grêmio. A entidade máxima do futebol brasileiro inchou o campeonato daquele ano ao promover 12 clubes, aumentando o número de times de 20, em 1992, para 32, no ano seguinte. Foi um golpe para que o clube gaúcho voltasse à elite.

Assim, o Campeonato Brasileiro foi dividido em quatro grupos. Os grandes clubes ficaram nas chaves A e B. As equipes de menor expressão, nas chaves C e D. O regulamento vetou o rebaixamento dos grandes, forçando a queda dos quatro últimos times dos grupos das equipes de menor tradição. O Coelho ficou em quinto do Grupo B e acabou rebaixado.

O curioso é que o Atlético fez a pior campanha da competição - em 14 jogos, uma vitória, dois empates e 11 derrotas – e continuou na elite. Por sua vez, a Raposa fez campanha irregular e ficou em quarto do Grupo A.

1998
Os três clubes de Belo Horizonte voltaram à Série A em 1998. O Cruzeiro fez campanha sólida, chegando, inclusive, à decisão da competição. O título, contudo, acabou com o Corinthians. Por sua vez, o Atlético ficou no miolo da tabela. Já o América entrou em poucas rodadas na zona de rebaixamento, mas acabou castigado na última partida. O Coelho empatou com o Palmeiras, por 1 a 1, e acabou caindo porque o Paraná venceu o Flamengo e ultrapassou o time mineiro.

2001
Naquele campeonato, o Atlético figurou entre os primeiros. No fim da fase classificatória, o Galo terminou na quarta posição. O time então dirigido por Levir Culpi caiu para o São Caetano na semifinal da competição. Por sua vez, o Cruzeiro entrou na zona de rebaixamento em duas rodadas (2ª e 6ª), mas se afastou da degola na reta final da competição. A Raposa terminou em 21º lugar – o Brasileiro era composto por 28 equipes. Por sua vez, o América premaneceu nas últimas posições durante quase todo Nacional e acabou rebaixado.

2008
O Ipatinga foi a novidade entre os mineiros. O Cruzeiro, do técnico Adilson Baptista, fez boa campanha, terminando na terceira colocação. Por sua vez, o Atlético ficou no meio da tabela. Terminou na 12ª posição. Frequentou a zona de rebaixamento em apenas uma ocasião, na 14ª rodada. Já o Tigre ficou quase durante toda campanha na área de perigo. Não deu outra: o time do Vale do Aço foi rebaixado.

2011
Nesta edição do torneio, os três times da capital lutaram contra o rebaixamento. E o sofrimento perdurou até as últimas rodadas. O América foi rebaixado, mas Atlético e Cruzeiro se livraram no fim. Atlético e América ficaram juntos na zona de rebaixamento em 14 rodadas (16ª, 17ª, 18ª, 19ª, 20ª, 21ª, 22ª, 24ª, 25ª, 26ª, 27ª, 28ª, 29ª e 30ª). A Raposa entrou na área da degola na 33ª rodada, fazendo companhia ao Coelho. Os três, entretanto, não ficaram juntos entre os últimos.