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Mauricio Noriega: não caio mais no mantra de pedir tempo para treinadores

O tempo é relativo para os treinadores no Brasil. Einstein seria detonado por eles

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Abel Ferreira é senhor de seu tempo e Luis Castro entendeu que acabou o tempo
foto: Iconsport

Abel Ferreira é senhor de seu tempo e Luis Castro entendeu que acabou o tempo

O tempo é relativo, ensinou Albert Einstein. Ele passa mais rápido para alguns e mais lento para outros. Claro que não me arriscarei na Física, mas ouso traçar uma teoria sobre a passagem do tempo na cabeça dos treinadores de futebol em atividade no Brasil.

A decisão do excelente Luís Castro em trocar o Botafogo que levou à liderança do Brasileirão pelo projeto de propaganda político-futebolística da Arábia Saudita provocou um saudável debate sobre o tempo. Castro falou sobre isso pouco antes de sua saída. Ganhou do Botafogo o tempo que argumenta ser necessário para sustentar trabalhos quando sua cabeça foi pedida pela torcida e por parte da mídia. Mas entendeu que o tempo de sair tinha chegado quando apareceram os petrodólares. Mas e o tempo para o Botafogo, mister? Correu.
 
Posturas distintas têm mostrado Abel Ferreira e Juan Pablo Vojvoda. Para eles o tempo caminha de forma convergente com Palmeiras e Fortaleza. Assim como ganharam tempo em momentos de turbulência, ambos recusaram propostas de trabalho tentadoras dando mais tempo ao tempo de grandes trabalhos. Senhores de seus tempos.
 
Felipão já tem quatro jogos pelo Atlético
foto: Iconsport

Felipão já tem quatro jogos pelo Atlético

 
 
Mas o tempo, ensina Einstein, é relativo. O tempo de aposentadoria de Felipão era um para o Athletico e foi outro para o Atlético. O tempo de Lisca foi um para o Sport e outro para o Santos. Rogério Ceni teve o tempo que precisou no Fortaleza, disse que daria o tempo de que o clube precisava e quinze dias depois entendeu que era tempo de aceitar o convite do Flamengo. Posteriormente o Flamengo concluiu que tinha dado o tempo de Rogério no Ninho. Assim como fez com Dorival Júnior, ambos campeões, mas que no tempo que entenderam ser o certo para eles deixaram para trás os grandes cearenses que lhes deram oportunidade e tempo.
 
 
Há um consenso no futebol sobre a necessidade de tempo para trabalhar. Esse pedido foi encampado como mantra por analistas e torcedores com base numa justa argumentação dos treinadores quando são demitidos em meio a um processo. Mas o tempo que eles reclamam não ter sido dado eles também não oferecem quando um belo cavalo passa selado. Essa figura de linguagem é praxe no mundo do futebol para justificar que não se perde uma oportunidade. Mas nunca lembram que alguém perde nessa oportunidade.
 
Não se discute o amadorismo dos dirigentes de futebol no Brasil. São oportunistas, não têm convicção, sucumbem a pressões políticas e de torcedores violentos. Salvo honrosas exceções. Mas, pela lógica do passar do tempo na teoria do cavalo selado dos técnicos de futebol, não teriam os cartolas o mesmo direito? “Olha, professor, seu trabalho é ótimo, mas apareceu a oportunidade de contratar um treinador de mais nome, prestígio e que está livre no mercado. Agradecemos sua dedicação, mas você está fora. Não podemos perder tempo”. 
 
Lá, como cá. O mesmo direito. 
 
Por isso, agora não caio mais no mantra politicamente correto de pedir tempo para treinadores cujo trabalho demora a se consolidar. Assim como eles podem administrar seu tempo como querem, os clubes devem ter o mesmo direito, sem discursos.
 

Treinadores em guerra com a arbitragem 

 
Enquanto isso, a guerra entre treinadores, assistentes e arbitragem segue declarada. João Martins, assistente da espetacular comissão técnica do Palmeiras, concluiu que o sistema não quer que o Verdão seja campeão novamente. Mas nesse “sistema” não é o Palmeiras o maior campeão nacional? O sistema deve ser sempre culpado por gols e pênaltis perdidos? Para Felipão, alguém “lá de dentro” dá ordens para punir Hulk com cartões. Mas se Felipão, que esteve lá dentro em duas Copas do Mundo, comandando a seleção da CBF, sabe de algo, não é tempo de revelar?
 
 
 
Apesar dos exageros, a arbitragem merece, sim, muitas críticas. Pela absurda falta de estrutura do VAR em algumas condições e a estrutural falta de condição de alguns árbitros de interpretar a regra do jogo.
O tempo dirá quem tem razão?
 
Neste exato momento é o Botafogo.

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