Nino Paraíba, lateral do América-MG, foi afastado pelo clube na última quarta-feira (10)
O lateral Nino Paraíba, ex-Ceará e hoje no América-MG, teria utilizado a conta corrente da mãe para receber valores do grupo de apostadores investigado pela Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público e investigada pela Justiça de Goiás.
Documentos obtidos pelo Superesportes apontam que a quadrilha mencionou pagamentos que estariam relacionados a um acerto com o jogador. Os comprovantes incluem o nome de Maria José Souza Clementino. Um dos apostadores diz que os depósitos são feitos diretamente para a mãe do atleta.
"Nino é ponta firme, eu falo com ele direto, irmão, eu deposito direto na conta da mãe dele, os depósitos pode ver oh, tudo no CPF da mãe dele, entendeu? Tudo quente. Então num, num... esquece (...)"
Foram identificados R$ 70 mil enviados para Maria José entre setembro e outubro de 2022. Os depósitos foram feitos por Camila Silva da Motta, esposa do líder da organização, Bruno Lopes, que consta no processo como operadora do financeiro.
Nas conversas interceptadas via Whatsapp, os apostadores confirmam a participação do lateral no esquema e o envio do dinheiro, feito em parcelas.
Os prints indicam negociações para os jogos entre Ceará x Santos (10/09), Ceará x São Paulo (18/09) e Ceará x Cuiabá (16/10), em que o jogador foi advertido com o cartão amarelo.
Comprovantes mostram depósitos feitos na conta da mãe de Nino Paraíba
Em 19 de setembro de 2022, Bruno Lopes envia um áudio para o grupo.
- (...) Já tenho fechado aqui o Nino Paraíba, que já era nosso já, a gente começou a quitar ele, né? Já falta só dez mil daquela que deu bom, então ele já tá fechado com nós para o final de semana e o Matheuzinho do América, né? Também já tamo fechado aqui já com ele já, entendeu Matheuzinho vinte mil de sinal, atacante, então a ODD vai ser boa e o Nino também, quinze mil de sinal, então o Nino, como ele já fez uma vez com a gente eu consegui reduzir pra quinze (...) eu só ainda não mandei o sinal pra eles porque eu tô com problema na Santander, tá ligado? (...).
Em 14 de outubro de 2022, um outro áudio sobre o tal pagamento.
- (...) O que a gente tem que priorizar essa semana é mais o Max e o Nino, que eles falaram que adiantando aí, entrando o dinheiro, adiantando eles, é... eles já fazem esse final de semana. O Max principalmente porque é a última rodada da MLS e o Nino, cês sabem que é fechamento, mil grau (...).
Em outro trecho, de 15 de setembro de 2022, Bruno Lopes confirma que conversa sem intermediários com Nino, e que os pagamentos de fato eram direcionados à mãe do jogador.
- Nino é ponta firme, eu falo com ele direto, irmão, eu deposito direto na conta da mãe dele, os depósitos pode ver oh, tudo no CPF da mãe dele, entendeu? Tudo quente. Então num, num... esquece (...)"
Apostadores comemoram cartão amarelo recebido por Nino Paraíba
Nino trocou mensagens diretamente com o Bruno Lopes no dia 14 de outubro.
Bruno Lopes: "2.20. Foi para 2.75 [sobre a odd]"
Bruno Lopes: "Da pra aumentar de 60 mil para uns 75 mil irmão"
Nino Paraíba: "Primeiro acertar o que falta?"
O apostador não respondeu ao lateral. Logo em seguida, aparece um novo comprovante - esse, de R$ 10 mil, da conta da BC Sports Management, empresa de Bruno Lopes, para Maria José. O depósito é justificado no grupo de trabalho.
- Fala rapaziada (...) o Nino começou ali com uns papo de que não ia fazer, que queria que terminasse de pagar ele e tudo mais, aí oh, acabamos, acabei de mandar mais dez aqui, o TH falou que hoje não saiu nada, entendeu? Mas pra amanhã pode ser que saia, e é isso, acabei de mandar mais dez aí, pra ele do bolso”.
No dia 16 de outubro, Bruno Lopes encaminha para um interlocutor identificado como TH CH, o Thiago Chambó, um dos denunciados, mais prints de conversas com Nino. A negociação envolvia R$ 80 mil.
Prints mostram Nino Paraíba negociando diretamente com os apostadores
Nino Paraíba não compõe a lista de jogadores denunciados no processo. O lateral foi afastado pelo América-MG na última quarta-feira (10).
O que dizem os envolvidos
O Ceará, clube onde Nino atuava na época do ocorrido, solicitou nesta quinta-feira (11) ao Ministério Público de Goiás (MPGO) para que os advogados do clube possam ter acesso aos autos, a fim de colaborar com as investigações.
Em nota divulgada na quarta-feira (10), o América informou que o jogador permanecerá "afastado preventivamente das atividades do futebol", assim como os demais jogadores citados na investigação.
O Superesportes procurou Nino Paraíba para um posicionamento, mas ele não retornou aos contatos da reportagem. O texto será atualizado assim que o atleta se pronunciar.