Apostas: esquema de manipulação esbarrou em mala branca

Quando Vila Nova e Sport entraram no campo do estádio Onésio Brasileiro Alvarenga no dia 6 de novembro de 2022, em jogo válido pela última rodada da Série B, poucas pessoas imaginavam que a partida poderia ser fundamental para mudar o rumo do futebol brasileiro. No entanto, conversas sobre o confronto ajudaram a criar a Operação Penalidade Máxima, que investiga a manipulação de resultados no esporte.

De acordo com documentos obtidos pelo Superesportes, apostadores contavam com um pênalti no primeiro tempo da partida para vencer um aposta combinada com outros dois jogos também da última rodada: Criciúma x Tombense (Joseph cometeu pênalti) e Sampaio Corrêa x Londrina (Mateusinho foi o responsável pela penalidade). 

Jogador do Vila, Romário não estava relacionado para a partida contra o Sport, então tentou conversar com outros jogadores para que um deles cometesse o pênalti. Foram vários contatos, todos com negativas. E uma delas chama bastante a atenção: ofertas de mala branca podem ter sido fundamentais para o esquema das apostas não funcionasse.

Em conversa com o volante Sousa, Romário explica a situação de forma desesperada, com ofertas de diferentes valores para que o companheiro cometesse a penalidade. De 50 mil reais, o valor sobe para 200 mil reais. Romário alega que se ninguém fizer o pênalti, ele teria que pagar 500 mil ao negociante pela situação.

- Tá doido? Os caras ofereceram uma pancada para nós ganhar (sic) o jogo - afirmou Sousa, sugerindo a existência de uma mala branca. 

Diante da insistência de Romário, Sousa diz novamente sobre a existência de uma possível mala branca.

- Se não (sic) aí não em como eu fazer isso. Tem dinheiro dos clubes aqui pra nos (sic) ganhar do Sport ou empatar - completa o volante.

 

 

O Sport, adversário do Vila Nova, ainda tinha chances de conseguir o acesso na última rodada da Série B. O Leão precisava golear o Vila em Goiânia e contar com uma derrota do Bahia contra o CRB para tirar sete gols de saldo. Dependendo dos placares, a vaga na Série A poderia ser decidida pelo número de cartões de cada equipe.

 

 

Através da Operação Penalidade Máxima II, o Ministério Público de Goiás investiga ações de uma quadrilha visando a manipulação de jogos de futebol no Brasil em 2022 e 2023.

Os agentes do MP-GO investigam pelo menos 20 partidas das Séries A e B do Brasileirão de 2022, além de dois campeonatos estaduais de 2023, o Paulista e o Gaúcho. 

A nova denúncia, apresentada à Justiça recentemente, foi feita com base em conversas de aplicativos de mensagens. Através delas, os investigadores puderam encontrar os valores oferecidos a cada atleta para que tomasse cartões amarelos ou vermelhos, ou até cometessem pênaltis.

Bruno Lopez de Moura, tido como líder da quadrilha no esquema, foi detido na primeira parte da operação, mas acabou solto após habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Outros 16 suspeitos podem virar réus no caso.

O MP-GO pede a condenação do grupo liderado por Bruno Lopez e o ressarcimento de 2 milhões de reais aos cofres públicos por danos morais coletivos.