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ELEIÇÕES 2018

Da esperança ao ceticismo, mundo esportivo também está polarizado por causa das eleições

Maioria dos esportistas quer investimento na educação como saída para o Brasil. E sem corrupção...

postado em 01/10/2018 09:53 / atualizado em 01/10/2018 10:32

Leandro Couri/EM/D.A Press
A uma semana das eleições presidenciais no Brasil, o debate se acalora e as discussões a respeito do futuro do país aumentam. Para quem vive diretamente ligado ao esporte, as questões mais importantes para o próximo presidente passa por educação, saúde e segurança pública. Ainda que muitos não declarem voto abertamente, atletas e treinadores vivem a perspectiva de mudanças a curto prazo para que o Brasil possa prosperar nos próximos anos.

Como o restante da população brasileira, os esportistas encaram as eleições do próximo domingo de diversas formas. De esperançosos a resignados, passando por revoltados, cada um tem uma forma de encarar este momento que antecede à escolha de presidente, senadores, governadores e deputados federais e estaduais.

Esporte mais popular do Brasil, o futebol vê seus integrantes um pouco acuados para comentar o assunto. Afinal, causou polêmica o apoio público dado pelo volante Felipe Melo, do Palmeiras, e pelo armador Lucas Moura, do Tottenham-ING, ao candidato a presidente pelo PSL, Jair Bosonaro. Já o zagueiro Paulo André e o atacante Marcelo Cirino, ambos do Atlético-PR, assinaram manifestos a favor da democracia e que criticam Bolsonaro – ambos usaram a hashtag #EleNão para expressar o voto.

A maioria, porém, tem optado por manter a escolha pessoal em sigilo. Mas não deixam de falar abertamente do que esperam do próximo ocupante do Palácio do Planalto.

Um deles é o volante atleticano Elias, que disse que “não votaria em Bolsonaro” em declaração recente. “Não tenho meu candidato, mas tenho meu lado político e, sempre que me perguntam, eu falo. Sou voltado para o lado social, lado esquerdo. Sempre expresso isso. Não quero dizer que o lado direito está errado, pelo contrário. Identifico com algumas coisas do lado direito. Espero que o cidadão possa votar, exerça esse direito e que vote com consciência”, afirma o camisa 7 do Galo.

Ele afirma que o próximo presidente deve se preocupar com a educação: “A gente não vê um país desenvolvido, de primeiro mundo, com uma educação muito ruim como a nossa. A primeira coisa que se tem que ver é a educação, que é por onde se forma o caráter e por onde se formam as pessoas para que, na próxima geração, tenhamos um país melhor e que as pessoas se respeitem mais.”

O capitão Leonardo Silva pede que o próximo governante do país seja mais humano: “Espero que ele olhe para a sociedade e iguale os setores para que exista menos desigualdade. Educação, segurança e saúde são pontos que o país mais precisa para evoluir, sobretudo a educação, que é onde o ser humano consegue crescer e atingir seus sonhos”.

Já o lateral-esquerdo Fábio Santos lembra que, além das necessidades da população, o próximo presidente deve ter ética acima de tudo: “A gente procura um presidente sério, que respeite o povo. Vemos os casos de corrupção por aí e acreditamos que o próximo presidente possa respeitar a população e que dê ênfase à educação e à segurança, que são os problemas mais sérios do Brasil. Vemos nossos filhos crescendo e nos preocupamos com a questão da segurança, para que todos nós possamos viver bem e tranquilos todos os dias”.

O técnico Thiago Larghi opta por ver a inclusão social através do esporte. Segundo ele, este é o passo nº 1 para se resolver outras questões: “Espero que a população eleja o melhor para nosso país e que esses candidatos tenham algum projeto para a parte esportiva. O esporte traz benefícios para a população. O desenvolvimento social sempre parte de uma atividade física ou esportiva na questão de saúde. São muitos valores vinculados ao esporte. Independentemente de quem seja eleito, que olhe com carinho para isso, porque é uma atividade muito importante”.

Polarização

No caso de Mano Menezes, técnico do Cruzeiro, a preocupação também é que o vencedor das eleições se preocupe com o país, que está muito dividido. “Vejo com preocupação o cenário das eleições, chegamos em um ponto de muita radicalização, ninguém pode ter opinião sem ser atacado com termos grosseiros. Já tenho candidato, mas não quero externar. Mas, seja ele qual for, que o próximo presidente, junto com a Nação, retome a condição de mais normalidade, de mais debate, e que, acima de tudo, a gente consiga resolver os problemas do país, que são muitos. Sempre pensando no bem do cidadão”, afirma o técnico do Cruzeiro, Mano Menezes.
Jair Amaral/EM/D.A Press

Os atletas celestes reconhecem que o tema é polêmico. “Estas eleições estão mais faladas até que futebol, que as decisões que estamos disputando. Muitos dos meus amigos e familiares estão nessa, são muitos grupos de WhatsApp discutindo o tema. Já tenho meu candidato, mas não vou me posicionar. Só espero que o próximo presidente faça um Brasil diferente”, declara o volante Lucas Silva.

“Não acompanho muito política. Se fosse votar, seria em branco. Mas acho que quem for o escolhido vai fazer o melhor para o Brasil. Isso é o mais importante”, diz David, atacante celeste, que mantém domicílio eleitoral na Bahia.

ESPORTES OLÍMPICOS

Entre atletas de outros esportes, o panorama não se altera. “Espero, sinceramente, que o próximo presidente consiga melhorar tudo o que aconteceu de ruim para o nosso país nos últimos anos. Eu os classifico como os piores da história do Brasil. O povo teve, nesse tempo todo, a falsa impressão de que tudo estava melhorando. Mas era mentira. Agora estamos nos perguntando o que aconteceu, o porquê de juros altos, da corrupção. E isso envolve presidentes, governadores, prefeitos, senadores, deputados federais e estaduais. Que o próximo melhore. Que limpe a imagem do Brasil, manchada por tanta sujeira”, diz a meio de rede Carol Gattaz, pentacampeã do Grand Prix Mundial de vôlei com a Seleção Brasileira, pela qual conquistou também duas medalhas de prata em Mundiais.

Ela aponta a própria profissão como um norte para os próximos governantes. “O esporte é educação, saúde, e eles não enxergam isso. É preciso valorizar e investir no nosso esporte. É preciso enxergar a importância do esporte. É preciso dar mais acesso à educação, à saúde, por consequência, ao esporte, que é a maneira não só de ajudar nesses dois itens, mas também é o melhor caminho para tirar das drogas, do crime, pois previne contra todos os males. Esporte não é só torcer, é também educar e dar saúde, o que estamos precisando.”
Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Pensamento parecido tem o armador Gegê, do time de basquete do Minas. “O Brasil vive um momento conturbado. Precisamos de novos tempos. Nós do esporte esperamos por isso, pois nossa atividade é também saúde e educação, que hoje são precárias. O esporte sofre com isso. É preciso que se defenda o esporte, pois é muito útil à sociedade, pelo que citei antes. Espero que tenham olhos abertos para isso”, declara.

O tenista mineiro Marcelo Melo, campeão de duplas em Wimbledon e Roland Garros, é outro que espera maiores investimentos federais na área esportiva: “Vários países dão o exemplo de como é importante investir no esporte, que tem papel fundamental na formação do cidadão”

Já Serginho, líbero do time de vôlei Cruzeiro, se mostra bastante cético com o futuro do Brasil. “O descrédito é real. Eu e minha geração já não somos mais o futuro. Sinceramente, não tenho nenhuma perspectiva. Fico chateado com a situação atual e ainda mais por pensar que a gente acaba tendo de votar no menos ruim. Os tempos atuais, tudo o que aconteceu e ainda está acontecendo, é muito ruim para o Brasil”, diz o tricampeão mundial, bi sul-americano e pentacampeão brasileiro de vôlei pelo Cruzeiro.

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