O game Fifa 18 foi lançado no dia 29 do último mês, e despertou a atenção de milhares de fãs de videogames e futebol ao redor do mundo. A espera para o lançamento foi grande, mas para o público brasileiro, algo incômodo foi notado. No jogo, a “Liga do Brasil”, equivalente ao “Campeonato Brasileiro”, possui apenas 16 clubes e todos eles com jogadores genéricos. Bahia, Corinthians, Flamengo e Vasco são os clubes ausentes.
A notícia havia sido confirmada no site oficial da empresa EA Sports, produtora do game, no dia 20 de setembro, quando foi anunciada a lista com os clubes presentes no jogo. Ao todo, 36 ligas estarão no game, com mais de 700 clubes disponíveis para jogar.
O Campeonato Brasileiro é uma das duas ligas que possuem os jogadores dos clubes genéricos, mesmo com os clubes licenciados. A última vez que as 20 equipes da primeira divisão brasileira estiveram no game, com os jogadores também licenciados, foi no Fifa 14, lançado em 2013.
Clubes
Dois clubes foram procurados pela reportagem do Superesportes e falaram a respeito da situação. Atlético e Cruzeiro, por meio de pessoas ligadas à direção, deram suas visões sobre o assunto.
Por meio de sua assessoria de comunicação, o Atlético comentou o caso e explicou a diferença de negociação entre jogadores e clubes. “O clube somente pode negociar as propriedades que lhe conferem. Os nomes e apelidos dos atletas devem ser negociados diretamente com eles. O Fifa preferiu não negociar com os atletas que atuam no Brasil”, informou.
Robson Pires, atual diretor comercial do Cruzeiro, também explicou a negociação e endossou o posicionamento. “O Cruzeiro faz o licenciamento para que seja utilizada a marca. Em virtude disso, a gente tem o direito de usar a imagem dos jogadores e, via contrato de trabalho, nós cedemos o contrato dos jogadores. Agora, essa decisão da EA Sports (de não contatar) é exclusiva deles, talvez seja segurança jurídica. A empresa que busca a licença tem que vir e conversar com os jogadores. O ponto chave é a empresa, porque a licença o clube cede”, explicou o dirigente.
Os dois clubes revelaram que recebem uma determinada quantia pelo licenciamento de produtos. Pela cláusula de confidencialidade, o valor não pôde ser revelado à reportagem.
Jogadores
O game não é exclusividade de jovens e apaixonados por videogames, em geral. Os próprios jogadores também jogam e acham curioso o fato de, alguns deles, estarem inclusos (como no caso de Dele Alli, do Tottenham, que não ficou feliz com sua pontuação no Fifa 18).
Alguns jogadores que atuam no Brasil repercutiram o fato. Em entrevsita ao Superesportes, o meia Valdívia, do Atlético, conhecido por ser um entusiasta dos games e, principalmente, de Fifa, manifestou-se por meio de seu perfil no Instagram sobre o fato de não estar no game e também comentou o caso.
“Claro que eu gostaria de estar. Acho que todos os jogadores gostariam de estar no game, se possível eu pagaria pra estar no Fifa 18 né, se fosse pra me colocar, mas faz parte. Isso aí é um problema deles (EA Sports) lá… mas sou a favor sim de ter os jogadores que atuam no Brasil lá, eu mesmo pago minha imagem pra poder estar lá. Acho importante isso para o jogador estar no videogame porque é uma coisa que a gente faz na concentração, a gente brinca, faz campeonatos, então seria bom”, disse o meia atleticano.
Outro gamer é Murilo Cerqueira, zagueiro do Cruzeiro. O jogador admitiu não saber o porquê de não estar no jogo e disse que gostaria de estar no game. "Não sei por que não tem jogadores que atuam no Brasil no game. Eu gostaria de estar no game, sim, acho legal ter jogadores daqui. No PES tem, então seria legal se tivesse no Fifa também", declarou o cruzeirense.
Alguns jogadores que atuam no Brasil já entraram com processos diante da empresa EA Sports, produtora do game, e venceram a causa, recebendo indenização por uso indevido da imagem.
Na maioria dos países, o pagamento de uso de imagens é realizado à uma associação de jogadores que negocia um acordo coletivo com os fabricantes de jogos, que repassa para as devidas associações nacionais. Entretanto, no Brasil, a lei determina que cada jogador deve assinar seu próprio formulário de autorização.
Valdívia também comentou a situação da assinatura e disse que autorizou sua imagem, mas que ela não está no jogo. “Eu até assinei a licença esse ano, liberando minha imagem para poder utilizar no Fifa 18. Não teve nenhum contato com empresa não, só teve a licença de assinatura de todos os jogadores, e acho que todos assinaram, só que infelizmente não nos colocaram no Fifa. Isso aconteceu ano passado também, assinamos mas não deu certo”, respondeu.
Empresa
A EA Sports, produtora do game, fechou seu escritório no Brasil em maio deste ano e concentrou toda sua equipe de estratégia para a América Latina na Cidade do México. A assessoria do Atlético alegou que tal fato dificulta uma negociação mais próxima entre jogadores e empresa, fazendo com que não tenha jogadores atuando em equipes brasileiras de forma licenciada desde 2014.
Atualmente, a forma que os clubes alegaram para um possível contato com a produtora no Brasil é por meio de um escritório de advocacia, situado em São Paulo. Em contato, o gabinete informou que não possui legalidade para responder pelos assuntos.
Veja publicações de Valdívia e Murilo em seus perfis no Instagram
* texto produzido sob supervisão
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