
No entanto, a festa com balões, bolo e alegria tem, também, um gosto amargo para a família do garoto. Desde o fim de 2015, Matheus trava uma batalha na Justiça para garantir o tratamento da doença rara que acomete seu intestino. O transplante precisa ser feito no Jackson Memorial Medical Center, em Miami, nos Estados Unidos, e custa cerca de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 3,6 milhões). O procedimento seria realizado pelo médico brasileiro Rodrigo Vianna.
Desde outubro de 2015, a mãe de Matheus, Gecilene Oliveira, tenta arrecadar o valor para a cirurgia. A campanha, que começou no Facebook e chamou a atenção dos clubes de Minas Gerais, teve grande adesão entre jogadores, artistas e desconhecidos. Até agora, foram arrecadados cerca de R$ 700 mil. Porém, a repercussão de que Matheus teria a cirurgia paga pela União diminuiu as doações.
“Com a liminar da Justiça, o pessoal parou de fazer o depósito. Agora, a Justiça não resolve essa situação, é complicado demais. Espero que resolva logo, porque meu sonho é que ele tenha uma vida como a das outras crianças”, conta Gecilene, ao explicar que ainda não recebeu da União o valor referente à cirurgia.

Em 17 de dezembro passado, o juiz federal da 21ª Vara de Minas, Daniel Carneiro Machado, deu 20 dias de prazo para que a União bancasse a cirurgia de Matheus nos Estados Unidos, com todas as despesas pagas, sob pena do pagamento de multa de R$100 mil diários. Passados mais de três meses, a punição atingiu o teto de R$ 4 milhões, mas o processo não andou. A União recorreu, mas perdeu.
“Ficamos esperando acabar o recesso judiciário, que já terminou em janeiro. Não faz sentido demorar tanto”, disse o advogado José Antônio Guimarães Fraga.
Para garantir a transparência do procedimento, Fraga fez questão de declarar, em juízo, os valores em torno de R$ 700 mil arrecadados até agora com a campanha de solidariedade em nome da criança.
“É muito difícil ver crianças sem o intestino chegarem onde o Matheus chegou. Ao se inteirar sobre o Matheus, o médico Rodrigo Vianna disse que era para mandar o caso para lá, com urgência. A possibilidade de o menino ter uma sobrevida feliz e encontrar órgãos compatíveis aos sete anos é muito maior do que em recém-nascidos”, completou.
Aulas em braille
Sem acesso à educação formal até os seis anos, Matheus recebeu uma boa notícia às vésperas da sua festa de aniversário, antecipada para este domingo, dia 20. Nessa sexta-feira, a Prefeitura de Betim, por meio do Centro de Referência e Apoio a Educação Inclusiva (CRAEI), informou que disponibilizará, a partir do próximo dia 28, dois professores responsáveis pela alfabetização e pelo ensino do braille ao garoto. Antes disso, Matheus contava com a ajuda de voluntários para o aprendizado da língua, como a pedagoga Eliane Menezes (vídeo abaixo).
“Segunda e terça, eu vou fazer a definição dos horários direitinho e iniciar a busca dos equipamentos necessários para o Matheus. Vamos disponibilizar dois profissionais da educação: um para auxiliar no braille e outro na tecnologia. Os encontros na casa dele vão ser em quatro dias da semana”, explica Luciane Campos, pedagoga do CRAEI.

“É uma questão de oportunidade, de cidadania e convivência com outras pessoas. Não só para essa criança, mas também para os colegas de sala, que aprendem a lidar com a diferença. Desenvolve-se, também, o espírito de solidariedade, de apoio, porque não é todo mundo que pode andar, fazer a mesma coisa que você. As pessoas se humanizam com isso, com essa convivência”, explica.
A ida de dois professores à casa de Matheus tranquiliza a família do garoto.
“Eu fiquei muito feliz, porque até então a gente não tinha nenhuma proposta boa (da prefeitura), porque o pessoal tinha falado para a gente que ia vir só um professor. O Matheus gostou, falou que está querendo receber os professores em casa, fica cheio de perguntas. Ele é uma criança que aprende muito rápido, é uma criança interessada”, afirma Gecilene, mãe de Matheus.
Dia de festa e luta
Mais que um dia festivo, 20 de março de 2015 será símbolo da luta constante do garoto. O aniversário será bancado por doações de amigos, familiares e pessoas até então desconhecidas que se engajaram na campanha. Cada uma foi responsável por uma parte do aniversário: bolo, salão de festa, salgadinhos, docinhos, refrigerante e decoração.

Na luta pela vida, Matheus cultiva uma grande paixão pelo Cruzeiro. Um dos responsáveis por fortalecer a campanha de doações, o clube é parte de vários momentos marcantes na história do pequeno torcedor: ida a jogos e à Toca da Raposa, festa com a torcida e com o Raposão (mascote do clube) e, em especial, encontros com o atacante Willian. O ídolo de Matheusinho acompanha o caso desde o fim de 2015 e já rendeu situações inusitadas.
“Ele adora o Willian. Depois da última vez que ele veio aqui em casa, o Matheus cismou que namora a filha dele”, conta, com bom humor, Gecilene.
A campanha para arrecadar doações para a cirurgia de Matheus continua. Para doar, basta depositar em uma das contas bancárias abaixo:
Caixa Econômica Federal
Ag. 2837 – Op.013
Poupança: 12345678-7
CPF: 120.758.876-83
Matheus Teodoro Oliveira
Banco Itaú
Ag. 6506
CC: 31482-0
CPF: 049.687.916.23
Gecilene Oliveira Matos
Acesse o site da campanha: #Juntos pelo Matheus