Os apressados provavelmente já diziam isso há alguns anos, mas não me sinto mais conservador por acreditar que o bastão foi passado somente agora. Até porque Messi e Cristiano Ronaldo habitavam a elite do futebol até pouquíssimo tempo e, mais do que isso, seguiam fazendo diferença.
Eles não pareciam dispostos a deixar de roer o osso, mas aconteceu. Em dezembro, prestes a completar 38 anos, Cristiano Ronaldo assinou com o Al Nassr, da Arábia Saudita, em movimento que hoje soa muito mais natural se você estiver acompanhando o noticiário. Foi ganhar ainda mais dinheiro, ok, mas talvez não seja a aposentadoria consumada – até porque ele segue firme e forte na seleção portuguesa.
Messi ainda foi campeão e craque da Copa do Mundo aos 35 anos até decidir passar o restante de sua carreira no Inter Miami, da MLS. Poderia ter ido para o Barcelona corrigir a maneira como saiu? Sim, era o mundo idealizado por muitos, inclusive eu.
Mas também é direito dele descansar depois de tantos serviços prestados aos amantes da bola. E ano que vem tem Copa América nos Estados Unidos, em mais três vem a Copa do Mundo, vai que ele se anima por já estar lá...
Os substitutos provavelmente não pertencerão à mesma prateleira quando suas carreiras acabarem, mas Haaland (fará 23 anos em julho) e Mbappé (fará 25 em dezembro) prometem ao menos manter a “ditadura dos gols”.
E, tudo bem, eu concordo com a visão de que os melhores não devem ser medidos exclusivamente pelo número de gols, mas estamos falando do bem mais precioso no futebol. E quem faz mais logicamente sai na frente em qualquer corrida.
Dito isso, vamos aos números práticos: Haaland foi o artilheiro dentre os jogadores que atuam nas top-5 ligas da Europa (considerada a “nota de corte”). Fez 56 gols em 57 jogos com as camisas de Manchester City e Noruega – mesmo sem disputar a Copa do Mundo.
Mbappé foi o segundo na lista. Fez 54 gols em 56 jogos por PSG e França, enquanto o pódio é completado por Harry Kane, com 40 gols em 70 jogos por Tottenham e Inglaterra. Daí já podemos ter uma ideia de que os dois estão, hoje, noutro patamar.
E estão também porque reúnem as qualidades necessárias. Haaland e Mbappé fazem gols de todos os jeitos, são rápidos, raramente se lesionam. Um foi artilheiro da Premier League (quebrando recorde, diga-se) e da Liga dos Campeões. O outro, da Copa do Mundo e do Campeonato Francês.
É de se esperar que sigam nesse ritmo, pois Haaland já está no melhor time do mundo, e praticamente não mostrou problemas de adaptação em sua primeira temporada na Inglaterra. Mbappé, por sua vez, é sonho de consumo do maior time do mundo, e parece já ter entendido que a França é pequena demais para ele.
Além disso, não posso terminar essa coluna sem lembrar que Vini Jr. e Rodrygo, ambos com 22 anos, estão dando passos largos para se juntarem ao grupo, especialmente o jovem formado no Flamengo, pra mim um dos três melhores da temporada.
E os próximos podem ser Saka, Pedri, Gavi, Musiala, Camavinga, Bellingham, Kvaratskhelia... Talvez, lá na frente, Endrick e Vitor Roque?
Não temos do que nos queixar. O novo sempre vem.