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'Angustiado': como foi o dia seguinte de Vini Jr depois do caso de racismo

Atacante treinou no Real Madrid nesta segunda-feira (22) e foi chamado para reunião com o presidente Florentino Pérez. Pessoas próximas falam em dia de tristeza

22/05/2023 14:25
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Vini Jr durante Valencia x Real Madrid
foto: Icon Sport

Vini Jr durante Valencia x Real Madrid

Vinicius Junior foi alvo de racismo no Campeonato Espanhol mais uma vez. Já é pelo menos o décimo caso envolvendo o brasileiro desde 2021. Em comum, além do ódio, está o fato de que não houve punição esportiva aos clubes envolvidos. 

O mais recente, no jogo da 35ª rodada de La Liga, no domingo (21), foi o que mais repercutiu. O apoio ao jogador, chamado de “macaco” por parte da torcida presente no estádio Mestalla, em Valência, explodiu a bolha do futebol. Lula, presidente do Brasil, pediu providências. Os ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil afirmaram que vão notificar autoridades espanholas e a própria La Liga.
 
 

Os gestos de solidariedade, no entanto, não tiram o peso de como um jovem de 22 anos, em ascensão no maior clube do mundo, encara o racismo. A luta é ainda mais pesada quando o atacante precisa bater de frente com Javier Tebas, presidente de La Liga

Horas depois do episódio de intolerância racial no jogo contra o Valencia, Tebas foi às redes sociais para, em vez de condenar os atos de racismo, pedir que Vini Jr se “informasse sobre as competências de cada um”. O atleta havia criticado a postura da organizadora do Campeonato Espanhol.

Vini Jr não muda rotina no Real Madrid


Um dia depois de ser novamente vítima de racismo, Vinicius Junior não mudou a rotina no Real Madrid. O clube se reapresentou nesta segunda-feira (22), após a derrota por 1 a 0 contra o Valencia, e o atacante, expulso no duelo, realizou sua atividade de recuperação física.

Durante a permanência nas dependências do clube, o brasileiro foi convidado para se reunir com Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que lhe falou sobre o que o clube está preparando para defendê-lo. Pérez também demonstrou "apoio e carinho", segundo nota oficial
 
Vini Jr reunido com o presidente do Real Madrid Florentino Pérez
foto: Reprodução/Twitter

Vini Jr reunido com o presidente do Real Madrid Florentino Pérez

 

Depois, o clube emitiu um comunicado afirmando que acionou a Procuradoria Geral do Estado. O pedido, direcionado especificamente para a Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, é para que os fatos sejam investigados e que se apurem as responsabilidades.

No vestiário, companheiros de equipe também manifestaram solidariedade a Vini Jr. Alguns, como Camavinga, Rodrygo, Militão e Courtois, já tinham feito isso nas redes sociais. O apoio online não se limitou a companheiros de equipe. Mbappé, Neymar e Antony foram alguns que se posicionaram por meio do Instagram.
 
 

Relato é de tristeza após novo episódio 


Vinicius Junior voltou para a casa em Madri após o treino. Segundo ouviu o Superesportes, o brasileiro está notadamente triste com a situação. Ele tem ficado preocupado com a proporção que os episódios de racismo tomaram ao longo da temporada. Oito deles aconteceram entre setembro e maio. 

O brasileiro está desorientado e angustiado. Ele não deve dar entrevistas por enquanto. Não há nenhuma manifestação explícita sobre um possível desejo de deixar o Real Madrid e o futebol espanhol, apesar da frase “mesmo longe daqui” ter sido usada pelo jogador ao reiterar que não vai parar de denunciar o racismo.

Vini Jr mantém lógica em posicionamentos


O atacante Vinicius Junior se destaca pelas firmes posições fora de campo. O atleta não se calou sobre os casos de intolerância racial. Depois do jogo contra o Valencia, nas redes sociais, afirmou que vai "até o fim" contra os racistas. Para isso, tem encarado a omissão de La Liga diante dos seguidos episódios criminosos.
 

— O racismo é o normal na La Liga.  A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista — escreveu.

— Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui — completou. 
 

O presidente de La Liga, Javier Tebas, retrucou. Ele defendeu a postura da entidade e atacou Vinicius, dizendo que o brasileiro deveria "se informar sobre as competências de cada um” e não se "deixar manipular".

O brasileiro, novamente, precisou ser firme na luta contra o racismo. "Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente de La Liga aparece nas redes sociais para me atacar", escreveu.

— Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Veja as respostas do seus posts e tenha uma surpresa. Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove — completou.
 


Entenda o caso mais recente de racismo


Torcedores do Valencia entoaram cantos racistas contra Vinicius Junior na partida contra o Real Madrid, clube que o brasileiro defende, no domingo. O atacante se irritou com os insultos no segundo tempo, e chegou a chamar o árbitro ao identificar um dos agressores.

O jogo ficou paralisado, e parte da torcida gritou "mono". Em espanhol, a tradução da palavra é "macaco".

Irritado pelos cânticos, Vinicius Junior se estranhou com o goleiro Mamardashvili. Ele chegou a ser agarrado pelo pescoço por Hugo Duro, do Valencia, e, na sequência, acertou o rosto do adversário. O atacante brasileiro foi expulso.

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