A decisão foi tomada após Vini Jr ser expulso após ser vítima de cantos racistas no jogo entre Valencia e Real Madrid no estádio Mestalla, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol neste domingo.
- Repudiamos mais uma agressão racista contra o @vinijr. Notificaremos autoridades espanholas e a La Liga. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências - postou a pasta em sua conta no Twitter.
A ministra da pasta, Anielle Franco, usou sua conta particular para se manifestar.
- Inaceitável! O peito chega aperta de tanta indignação! Até quando teremos que lidar com isso!? Chega de racismo!!!!!!!!! - escreveu Anielle, que reinforçou que a pasta irá trabalhar para superar todo o odioso racismo que jogadores brasileiros ainda sofrem no esporte.
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, também se manifestou por meio das redes sociais.
A postura das autoridades espanholas e das entidades que gerem o futebol é criminosa. Revela inegável conivência com o racismo.
%u2014 Silvio Almeida (@silviolual) May 21, 2023
Deixo o meu abraço em @vinijr e a certeza de que estarei a seu lado na luta pela responsabilização dos que o atacam, mas também dos que se omitem.
O que aconteceu em Valencia
No início do segundo tempo, já era possível ouvir alguns torcedores ofendendo o brasileiro. O coro engrossou aos 26 minutos. Aos 25, Vinicius arrancou pela ponta esquerda. Comert, que estava na cobertura do lance, chutou uma segunda bola que estava em campo em cima da primeira, matando o ataque do Real e cometendo a falta.
O árbitro aguardou um parecer do VAR para esclarecer o lance confuso, Comert foi amarelado e tudo parecia ter se resolvido dentro de campo. Mas Vinícius ouviu os insultos e se irritou. Ele discutiu com os torcedores que estavam atrás do gol e chamou o árbitro para mostrar o responsável pela ofensa.
Com o jogo paralisado, a torcida do Valencia comemorava a vitória parcial por 1 a 0, e no meio da festa, passou a cantar "Mono, mono, mono...". Mono é a tradução literal de macaco em espanhol.
Carlo Ancelotti chamou Vinicius para perto do banco de reservas para conversar. O locutor do Mestalla precisou pedir nos microfones do estádio para que os insultos racistas cessassem, sob o risco da partida ser interrompida. Minutos depois, o jogo continuou.
Vini acaba expulso
O clima do jogo estava pesado. Nos minutos finais, Musah prendeu a bola para retardar o escanteio do Real Madrid, mas se enroscou com Rudiger. Vinicius reclamou.
Na confusão, o goleiro do Valencia Mamardashvili foi pra cima do brasileiro, que deu uma cotovelada em Hugo Duro. Após revisão do VAR, De Burgos Bengoetxea expulsou Vini. Hostilizado, ele deixou o campo levado pelos companheiros de equipe e batendo palmas de forma irônica.
Vini Jr se manifesta
– Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas - desabafou Vini.
Ao fim do texto, o atacante deu indicações de que pode sair do clube – e da Espanha.
– Eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui - escreveu.