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Insatisfação de técnicos e jogadores foi decisiva para queda da Superliga

Logo após o anúncio do surgimento do torneio com 12 dos maiores clubes do continente, no domingo, já começaram as primeiras reações negativas

Estadão Conteúdo
Goleiro Robert Sanchez, do Brighton, entrou em campo na última terça-feira (20) usando camisa com os dizeres: 'Futebol é para os fãs' - Foto: Neil Hall/AFP A pressão de treinadores e jogadores foi decisiva para que o projeto de criação da Superliga Europeia não saísse do papel. Logo após o anúncio do surgimento do torneio com 12 dos maiores clubes do continente, no domingo, já começaram as primeiras reações negativas. A insatisfação aumentou no dia seguinte com a ameaça da Uefa de que atletas de Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester United, Manchester City, Tottenham, Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Milan, Internazionale e Juventus poderiam ser impedidos de disputar Eurocopa e Copa do Mundo.



Acuados, os clubes, então, começaram a anunciar suas saídas da Superliga já na terça-feira. O Manchester City puxou a fila e foi seguido pelos demais clubes ingleses. Nesta quarta-feira, foi a vez de Atlético de Madrid, Milan, Internazionale e Juventus pularem do barco.

Entre as reações de protesto que mais chamaram atenção está o comunicado conjunto dos jogadores do Liverpool divulgado na terça-feira. "Nós não gostamos disso e não queremos que aconteça Esta é a nossa posição coletiva. Nosso compromisso com este clube de futebol e com seus torcedores é absoluto e incondicional. Você nunca andará sozinho", dizia a nota, finalizando com o lema do clube ("You Will Never Walk Alone").

O treinador do Liverpool, Jürgen Klopp, confessou não ter sido "consultado" pelo clube. Ele, inclusive, disse ser adepto do "aspecto competitivo do futebol", em comparação com uma liga privada. "Adoro a ideia de que o West Ham (atualmente em quinto lugar no Campeonato Inglês) pode jogar a Liga dos Campeões na próxima temporada. Não quero que eles se classifiquem para ser honesto, porque nós também queremos estar lá, mas quero que eles tenham uma chance".



O temor dos clubes fundadores da Superliga era de que os contratos dos jogadores poderiam ser anulados. Inclusive com a possibilidade de alguns atletas buscarem na Justiça a quebra dos seus acordos por justa causa, alegando que estariam impedidos de disputar campeonatos nacionais e representar as respectivas seleções.

Além de se organizarem nos bastidores, atletas e treinadores decidiram criticar a Superliga publicamente. O português Bruno Fernandes, estrela do Manchester United, compartilhou no seu perfil do Instagram uma mensagem em defesa da Liga dos Campeões, acrescentando o comentário de que "os sonhos não se compram".

O espanhol Gerard Piqué, zagueiro do Barcelona, seguiu a mesma linha. "O futebol pertence aos seus torcedores. Hoje mais do que nunca", tuitou.

Ronald Koeman, técnico do Barcelona, acompanhou a opinião de Piqué, mas foi além e também criticou a Uefa. "Há jogadores que participaram de uma quantidade incrível de jogos. Se fala de Superliga, Liga dos Campeões, mas a Uefa ignora os atletas que realizam muitas partidas. Só o dinheiro importa. Estou de acordo com o tuíte de Piqué", disse.



Ao longo dos últimos dias, o técnico do Manchester City, Pep Guardiola, foi uma das vozes mais contundentes contra a Superliga: "Esporte não é esporte quando não há relação entre esforço e recompensa. Não é esporte se o sucesso é garantido ou se a derrota não é importante", declarou.

Na Itália, o técnico do Sassuolo, Roberto De Zerbi, chegou a defender boicote contra o Milan. "Não quero jogar porque o Milan faz parte das equipes envolvidas (na Superliga)", disse. Ex-jogador do Milan, ele chegou a chamar de "golpe" a tentativa dos 12 clubes de organizar uma liga independente. "Criar uma Superliga com equipes que decidem quem entra e quem fica de fora tira todo o significado do futebol".

Campeão mundial de 2014, o alemão Lukas Podolski classificou a iniciativa como um "projeto nojento e injusto". Ex-jogador de Arsenal e Inter de Milão, atualmente ele defende o Antalyaspor, da Turquia. "Estou desapontado com o envolvimento de clubes nos quais atuei", disse.



Mesut Özil, também campeão mundial em 2014 com a seleção da Alemanha, foi outro que bateu forte na Superliga. "As crianças sonham em conquistar a Copa do Mundo ou a Liga dos Campeões, não qualquer Superliga. O prazer dos grandes jogos é que nós os disputamos uma ou duas vezes por ano, não todas as semanas", disse o ex-jogador do Arsenal, hoje no Fenerbahçe, da Turquia.

Ander Herrera, jogador espanhol do Paris Saint-Germain, pensa de forma semelhante: "Me apaixonei pelo futebol popular, pelo futebol dos torcedores, pelo sonho de ver a equipe do meu coração competir contra os maiores. Se esta Superliga avançar, acabarão com esses sonhos. Os ricos roubaram o que o povo criou, que nada mais é do que o esporte mais lindo do planeta".