"É melhor você não marcar amanhã, sua p*** preta. Ou eu irei à sua casa vestido como fantasma", escreveu o torcedor racista, usando um termo pejorativo para ofender o jogador de 27 anos, que compartilhou as ofensas no Twitter e no Instagram.
Além da mensagem, o fã racista do Aston Villa mandou ainda a Zaha duas outras imagens, todas enviadas de forma privada pelo Instagram. Uma de um cereal com uma antiga embalagem de cunho racista e outra exibindo membros da Klu Klux Klan (KKK), organização que defende a supremacia dos brancos sobre os negros e cujos integrantes vestem roupas inteiramente brancas, com capuzes pontiagudos, representando fantasmas de soldados mortos durante a Guerra Civil a fim de assustar negros.
A organização, criada no século XIX, ficou conhecida por organizar linchamentos e outros atos criminosos no sul dos Estados Unidos e hoje sobrevive nos EUA com variadas ramificações segregacionistas e contrárias a minorias.
Ao ter conhecimento dos insultos racistas dirigidos a Zaha, o Crystal Palace se manifestou em suas redes sociais. "É uma desgraça absoluta e não deveria estar acontecendo. Estamos com você, Wilf, e qualquer outra pessoa que tenha sofrido abusos tão horríveis", escreveu. Mais tarde, o clube londrino reforçou a postura e afirmou que está trabalhando em conjunto com o Aston Villa e a Premier League para identificar o responsável pelos atos racistas.
"Nosso clube, o Aston Villa e a Premier League estão fazendo todo o possível para descobrir quem é esse indivíduo desprezível e só podemos esperar que eles sejam identificados e paguem por essas ações". O Aston Villa reiterou o posicionamento do Crystal Palace, dizendo que "condena todas as formas de discriminação racial" e prometeu banir o torcedor para sempre, quando o culpado for identificado.
A polícia de West Midlands também emitiu uma declaração, prometendo investigar o autor das mensagens racistas. "Olá Wilfried, estamos investigando quem é o proprietário desta conta e gostaríamos de encorajar você a denunciá-la também à força policial local".
As ameaças racistas contra Zaha ocorrem em um momento em que a Premier League e outras ligas e entidades esportivas têm apoiado os protestos antirracistas, que eclodiram com a morte do americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis e depois tomaram conta de vários países, dando origem ao movimento "Vidas Negras Importam", apoiado por várias personalidades do esporte.
A Premier League colocou o apoio à causa como protocolo em suas partidas. Antes dos jogos, todos os atletas, além do árbitro, se ajoelham em campo como forma de contribuir com os protestos contra o racismo. Além disso, os jogadores tiveram seus nomes nos uniformes substituídos pela frase Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) em algumas partidas e, pelo resto da temporada, o símbolo da campanha antirracista ficará estampado nos uniformes.