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RONALDINHO GAÚCHO

Ronaldinho 'está chocado e ainda não entende o que aconteceu', diz advogado

Nesta quinta, Ronaldinho e Assis prestaram depoimentos na sede da Procuradoria contra o Crime Organizado por portarem documentos falsos

postado em 05/03/2020 14:00 / atualizado em 05/03/2020 22:45

(Foto: MinPúblicoPY/divulgação)

Um dos advogados contratados por Ronaldinho Gaúcho para defendê-lo no caso envolvendo a utilização de documentos falsos (passaporte e identidade) no Paraguai, Adolfo Marín disse que seu cliente "está chocado e ainda não entendeu o que aconteceu".

O advogado destacou que Ronaldinho está disposto a colaborar com a investigação feita pelo Ministério Público do Paraguai.

No início desta manhã, Ronaldinho e seu irmão Roberto Assis chegaram à sede da Procuradoria contra o Crime Organizado para prestar depoimentos. Eles foram detidos na noite de quarta-feira acusados de portar documentos falsos.

De acordo com o advogado, Ronaldinho não dispõe de muitas informações, pois se considera, ao lado do irmão, vítima da situação.

"Ele poderia entrar sem nenhum problema com passaporte e identidade brasileiros. Não é um perito em documentos. Acreditou que entregaram a ele essa documentação como cortesia, de forma honorária", disse Adolfo Marín.

Wilmondes Sousa Lira, empresário acusado de fornecer os passaportes adulterados, está detido.

Em entrevista coletiva, o promotor paraguaio Federico Delfino disse nesta quinta-feira que os números dos passaportes apreendidos com Ronaldinho Gaúcho e Roberto Assis pertencem a outras pessoas e foram retirados em janeiro deste ano.

Os números das identidades paraguaias dos ex-jogadores brasileiros também são de outras pessoas. De acordo com o jornal La Nación, do Paraguai, duas mulheres também foram detidas por suposta ligação com o caso.

"Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano", disse Federico Delfino.

(Foto: MinPúblicoPY/divulgação)

O caso


Nessa quarta-feira, a Polícia Nacional Paraguaia cumpriu mandado judicial no hotel de luxo Yacht y Golf Club Paraguayo, onde Ronaldinho estava hospedado no município de Lambaré, perto da capital Assunção. Na suíte presidencial do ex-craque foram encontrados os passaportes adulterados.



O Ministério Público do Paraguai divulgou fotos do momento da averiguação no hotel. Ronaldinho e Roberto Assis portavam, além de passaportes paraguaios, cédulas de identidade do país.

Ronaldinho e Roberto Assis ficaram sob custódia no hotel antes do depoimento.

Os irmãos informaram à Polícia Nacional que viajaram ao Paraguai a convite do empresário Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo. Aproveitando a estada no país, participariam de eventos da fundação Fraternidad Angelical.

Fazem parte da operação a juíza Gladys Fariña e os fiscais de assuntos internacionais Manuel Doldán, Federico Delfino, Alicia Sapriza, Marcelo Pecci.

Na operação desta quarta-feira, também foi detido o brasileiro Wilmondes Sousa Lira, empresário acusado de fornecer os passaportes adulterados a Ronaldinho e a Roberto Assis.

Segundo a imprensa paraguaia, Ronaldinho será ainda investigado por conexões com organizações criminosas e crimes financeiros, como lavagem de dinheiro. 

O ministro Euclides Acevedo criticou o trabalho do departamento de migração do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, que permitiu o acesso do jogador ao país sem averiguar corretamente o passaporte. “Não deveriam permitir a entrada com documento suspeito”.

Ainda de acordo com o ministro, a popularidade de Ronaldinho é respeitada, mas o Estado de direito obriga a Polícia Nacional a aplicar a lei sem privilégios.

Ronaldinho chegou ao Paraguai nesta quarta-feira para lançamento de um livro e para participar de um evento ligado a uma fundação de assistência a crianças em situação de pobreza: a Fraternidad Angelical. Ele foi recebido por centenas de pessoas no aeroporto de Assunção (veja fotos abaixo)


Passaportes retidos em 2019


No começo de 2019, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Assis tiveram os passaportes retidos pela Justiça brasileira em consequência de uma ação movida contra eles.

Os irmãos foram condenados em 2015 por construir ilegalmente um trapiche, com plataforma de pesca e atracadouro, na orla do Lago Guaíba, em Porto Alegre.

A estrutura foi montada sem licenciamento ambiental em Área de Preservação Permanente. Ele foi condenado a pagar R$ 8,5 milhões.

Como não houve o pagamento da multa, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a apreensão dos passaportes dos irmãos até a solução do impasse. 

Mesmo sem poder sair do Brasil, Ronaldinho foi nomeado embaixador do Turismo em setembro passado pelo presidente Jair Bolsonaro. Um mês depois, ele e o irmão fizeram um acordo na Justiça para pagamento da multa e receberam os passaportes de volta.

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