Começa nesta sexta-feira, com o duelo entre a anfitriã França e a Coreia do Sul, às 16h (de Brasília), a oitava edição da Copa do Mundo Feminina, com grandes possibilidades de ser uma edição histórica, em que as mulheres terão mais visibilidade e respeito. A Fifa decidiu valorizar e aumentar consideravelmente a premiação para as seleções participantes, mas as cifras ainda são bem distantes quando comparamos as duas categorias.
Por isso, o "ato nobre" por parte dos dirigentes da entidade que regue o futebol mundial foi criticado por quem defende o futebol feminino. A Fifa anunciou um aumento de 100% no valor da premiação para as 24 seleções participantes da Copa do Mundo. Passou de US$ 15 milhões (cerca de R$ 58,8 milhões) para US$ 30 milhões (R$ 117,7 milhões). Dobrar uma premiação é sempre algo muito valoroso, mas quando se compara ao que a mesma Fifa paga para os homens, a diferença continua gigantesca.
No Mundial da Rússia, ano passado, o valor total de premiação para as seleções foi de US$ 400 milhões (R$ 1,5 bilhão), um valor 13 vezes maior em comparação as mulheres. A França recebeu US$ 38 milhões (R$ 149 milhões) pelo título. Ou seja, só ela ganhou mais que o valor total que será pago no Mundial feminino. A campeã da Copa que se inicia nesta sexta ganhará US$ 4 milhões (R$ 15,7 milhões).
A FIFPro, sindicato que representa os atletas de futebol, destacou a vontade da Fifa de querer minimizar as diferenças, mas também criticou a distância de valores. "O futebol continua ainda mais longe da meta de igualdade para todos os jogadores da Copa do Mundo, independentemente do sexo. Na realidade, as mudanças significam, na verdade, um aumento na diferença entre prêmios em dinheiro de homens e mulheres. Essa tendência regressiva parece contrariar o compromisso estatutário da Fifa com a igualdade de gênero", disse o sindicato, através de uma nota divulgada para a imprensa.
A Copa do Mundo Feminina terá seis patrocinadores exclusivos do torneio. Orange, Arkema, EDF, Proman, Crédit Agricole e a SNCF. Elas se juntam as empresas que já patrocinam a Fifa em todos os torneios da entidade, casos da Adidas, Qatar Airways, Visa, Wanda, Hyundai-Kia e Coca-Cola.
O fato é que as grandes empresas têm olhado com mais atenção para o futebol feminino. A Nike, por exemplo, acertou patrocínio para todas as competições entre mulheres organizadas pela Uefa e a Adidas informou que os premiados do Mundial feminino receberão o mesmo valor que os da Copa masculina.
A Fifa iniciou neste ano uma campanha com o objetivo de desenvolver o crescimento do futebol feminino em todo o mundo. Há uma ideia de criar um grande campeonato mundial de clubes, mas assim como acontece na versão masculina, ainda existe muita resistência por parte de algumas federações.
No Brasil, também cresce o número de empresas que estão investindo no futebol feminino, mas a evolução é em passos lentos. Os canais de televisão darão um espaço nunca visto em outras edições do Mundial. A TV Globo e a Bandeirantes vão passar na TV aberta os jogos da Seleção Brasileira, enquanto o canal fechado SporTV passará todos os jogos da competição. Para se ter uma ideia, na edição passada, apenas a TV Brasil e o SporTV transmitiram as partidas e somente do time brasileiro.
A confiança em ver o futebol feminino ganhando mais espaço no Brasil se contrasta com a má fase da Seleção Brasileira comandada por Vadão. O time perdeu nove dos últimos 10 jogos que disputou - Estados Unidos (duas vezes), Canadá, Inglaterra (duas vezes), França, Japão, Espanha e Escócia. A última vitória foi diante do Canadá, 1 x 0, em 4 de setembro do ano passado.
Para o Brasil, além da competição poder representar um marco na visibilidade do futebol feminino, também deve significar a despedida de grandes nomes do esporte da Seleção Brasileira. Marta, eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo - inclusive é a dona do prêmio na atualidade - tem 33 anos e dá indícios de que seu ciclo na seleção está perto do fim. O mesmo acontece com a atacante Cristiane, que também figura entre as melhores do mundo nos últimos anos e, com 34 anos, deverá se despedir do time nacional após o Mundial. Formiga, de 41 anos, é outra da lista que abrirá espaço para as atletas mais jovens.
O Brasil estreia na competição no dia 9 de junho, domingo, contra a Jamaica. O time de Vadão está no Grupo C, e além das jamaicanas, irá enfrentar a Austrália e a Itália na primeira fase. A Seleção Brasileira tenta seu primeiro Mundial. O máximo que conseguiu anteriormente foi um vice-campeonato em 2007, quando perdeu a decisão para a Alemanha.
Os Estados Unidos são os maiores vencedores do Mundial, com três conquistas, seguidos por Alemanha (2) e Noruega e Japão (um título cada).