E o espaço é tão democrático na Tailândia que até quem não passou por grandes equipes do futebol brasileiro também encontra seu lugar. Que o digam o zagueiro Brinner, nascido em Lavras, e os atacantes Matheus Alves, de Cataguases, Stéfano, de São João Nepomuceno, e Patrick Cruz, de Uberaba.
Das 16 equipes, apenas três não contam com “pé-de-obra” brasileira. E, como se pode perceber, a preferência é por atacantes ou meia-atacantes. A presença deles tem sido tão forte nos últimos anos que, desde 2014, apenas em uma temporada (2017) um brasileiro não foi o artilheiro da competição.
O último a ocupar este posto, com 34 gols, foi Diogo, revelado pela Portuguesa e com passagens por Palmeiras, Santos e Flamengo. Ele acaba de se transferir para a Malásia.
Chiangrai, do atacante Bill, foi o quinto colocado da Liga da Tailândia em 2018 - Foto: Chiangrai/divulgação
EM TODAS
Os treinadores brasileiros também já descobriram este "filão". O mais vitorioso até aqui foi Alexandre Gama (aquele que barrou Romário no Flu em 2004). Ele conquistou vários títulos com o Buriram. Mas há espaço também para os menos "rodados" como Carlinhos Parreira, sobrinho do tetracampeão Carlos Alberto Parreira. Com licença de treinador da Uefa, ele assumiu o Chiangmai em janeiro de 2018. Outro comandante brasuca é Aílton Silva, que chegou em janeiro deste ano para dirigir o Chiangrai. Os brasileiros marcam presença até mesmo na segunda divisão tailandesa. E com alguns nomes conhecidos, como os atacantes Lenny (ex-Fluminense e Palmeiras) e Rafael Coelho (ex-Vasco, Avaí e Figueirense). Com tantos compatriotas por perto, eles devem se sentir em casa...
Técnico brasileiro Aílton Silva, de 52 anos, dirige o Chiangrai - Foto: Chiangrai/divulgação
MOTIVOS NÃO FALTAM
Mas o que leva tantos brasileiros a atravessarem o mundo para jogar na Tailândia? Uma conjunção de fatores. Um deles, a questão financeira. Além dos salários considerados atrativos – chegam à faixa de R$ 100 mil – os jogadores têm a certeza de que o dinheiro vai entrar no fim do mês, ao contrário do que acontece em muitos dos (endividados) clubes do Brasil.
Outro ponto importante diz respeito ao fortalecimento da infraestrutura de futebol no país, o 20º mais populoso do mundo. A maioria das equipes que participa da divisão de elite conta com centro de treinamento e estádios próprios. Tudo bem que a capacidade das “Arenas” geralmente não ultrapassa os 25 mil lugares, mas elas estão sempre lotadas pelos fanáticos torcedores.
Atrativo a mais é o fato de o futebol tailandês ter se tornado a porta de entrada para outros centros mais desenvolvidos do futebol asiático. Fazer sucesso por lá é quase certeza de ser observado de perto por equipes de Japão, China, Coreia do Sul e Arábia Saudita, que possuem clubes mais tradicionais – e que pagam ainda melhor, é claro!
BRASILEIROS NA TAILÂNDIA
Buriram: Pedro Júnior (atacante)
Ratchaburi: Dirceu (zagueiro)
Chainat: Ricardo Santos (atacante)
Suphanburi: Kanu (zagueiro) Jonatan Reis (atacante), Cleiton Silva (atacante)
Rayong: Victor (zagueiro)
Nakhon: Leandro Assumpção (atacante)
Chonburi: Lukian (atacante), Patrick Cruz (atacante)
Samut: Carlão (atacante), Ibson Melo (atacante)
Chiangmai: Evson (lateral) Eliandro (atacante), David Bala (atacante)
Bangkok United: Everton (zagueiro), Vander (meia), Robson Fernandes (atacante)
Muang Tong: Heberty (atacante)
Prachuap: Matheus Alves (atacante) Stéfano (atacante) e Caion (atacante)
Chiangrai: Brinner (zagueiro) Bill (atacante), William Henrique (atacante), Gilberto Macena (atacante)
Técnicos: Aílton Silva (Chiangrai); Carlinhos Parreira (Chiangmai)