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Futebol tailandês é paraíso para brasileiros renegados nos grandes centros

Eliandro, ex-Cruzeiro, e Bill, ex-América, são algumas estrelas locais

Frederico Teixeira
Atacante Eliandro, revelado pelo Cruzeiro, é destaque do Chiangmai - Foto: Chiangmai/divulgação
Dotada de praias paradisíacas, a Tailândia, no Sudeste asiático, há muito já entrou no roteiro dos turistas brasileiros. Entretanto, nos últimos anos, tem chamado atenção por motivo que extrapola as belezas naturais: o futebol. No Campeonato Nacional que se inicia nesta sexta-feira, com a partida entre Ratchaburi e Trat, nada menos do que 26 brasucas estarão em ação, maior “colônia estrangeira” do torneio disputado desde 1996. E alguns são bem conhecidos dos mineiros...

Eliandro (2º de pé) e Evson (3º de pé) durante jogo do Chiangmai - Foto: Chiangmai/divulgaçãoUm deles é o atacante Eliandro, revelado pelo Cruzeiro, que também defendeu América, Ipatinga e Villa Nova (além de clubes como Bragantino, Guarani e Remo). Ele chegou este ano ao Chiangmai, time caçula da elite, e já sonha em fazer bonito: “Pode escrever que o artilheiro desse ano será o Eliandro”, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa. “Me preparei para vir aqui e ter sucesso. Quero muito corresponder dentro de campo. Não vim para cá para ver as praias”, acrescentou.

Pedro Júnior, ex-Cruzeiro, Grêmio e Sport, foi contratado pelo Buriram - Foto: Buriram/divulgaçãoOutro conhecido dos mineiros é o atacante Pedro Júnior, que teve passagem pelo Cruzeiro em 2007 e também jogou por clubes como Grêmio, São Caetano e Sport.
Ele é um dos trunfos do Buriram, que faturou seis dos últimos oito campeonatos!

Bill, destaque do América na Série B de 2017, com nove gols, joga pelo Chiangrai - Foto: Chiangrai/divulgaçãoEx-jogador de América, Coritiba e Corinthians, entre outros, o atacante Bill, mineiro de São Lourenço, é figura carimbada do Chiangrai, campeão da Copa da Tailândia, que por pouco não se classificou à fase de grupos da Liga dos Campeões da Ásia – foi eliminado nos pênaltis pelo Sanfrecce Hiroshima, do Japão.

E o espaço é tão democrático na Tailândia que até quem não passou por grandes equipes do futebol brasileiro também encontra seu lugar. Que o digam o zagueiro Brinner, nascido em Lavras, e os atacantes Matheus Alves, de Cataguases, Stéfano, de São João Nepomuceno, e Patrick Cruz, de Uberaba.

Das 16 equipes, apenas três não contam com “pé-de-obra” brasileira. E, como se pode perceber, a preferência é por atacantes ou meia-atacantes. A presença deles tem sido tão forte nos últimos anos que, desde 2014, apenas em uma temporada (2017) um brasileiro não foi o artilheiro da competição.

O último a ocupar este posto, com 34 gols, foi Diogo, revelado pela Portuguesa e com passagens por Palmeiras, Santos e Flamengo. Ele acaba de se transferir para a Malásia.

Chiangrai, do atacante Bill, foi o quinto colocado da Liga da Tailândia em 2018 - Foto: Chiangrai/divulgação

EM TODAS

Os treinadores brasileiros também já descobriram este "filão". O mais vitorioso até aqui foi Alexandre Gama (aquele que barrou Romário no Flu em 2004). Ele conquistou vários títulos com o Buriram. Mas há espaço também para os menos "rodados" como Carlinhos Parreira, sobrinho do tetracampeão Carlos Alberto Parreira. Com licença de treinador da Uefa, ele assumiu o Chiangmai em janeiro de 2018. Outro comandante brasuca é Aílton Silva, que chegou em janeiro deste ano para dirigir o Chiangrai. Os brasileiros marcam presença até mesmo na segunda divisão tailandesa. E com alguns nomes conhecidos, como os atacantes Lenny (ex-Fluminense e Palmeiras) e Rafael Coelho (ex-Vasco, Avaí e Figueirense). Com tantos compatriotas por perto, eles devem se sentir em casa...

Técnico brasileiro Aílton Silva, de 52 anos, dirige o Chiangrai - Foto: Chiangrai/divulgação

MOTIVOS NÃO FALTAM

Mas o que leva tantos brasileiros a atravessarem o mundo para jogar na Tailândia? Uma conjunção de fatores.
Um deles, a questão financeira. Além dos salários considerados atrativos – chegam à faixa de R$ 100 mil – os jogadores têm a certeza de que o dinheiro vai entrar no fim do mês, ao contrário do que acontece em muitos dos (endividados) clubes do Brasil.

Estádio onde joga o Chiangrai, time do brasileiro Bill, ex-América - Foto: Chiangrai/divulgação
Outro ponto importante diz respeito ao fortalecimento da infraestrutura de futebol no país, o 20º mais populoso do mundo. A maioria das equipes que participa da divisão de elite conta com centro de treinamento e estádios próprios. Tudo bem que a capacidade das “Arenas” geralmente não ultrapassa os 25 mil lugares, mas elas estão sempre lotadas pelos fanáticos torcedores.

Atrativo a mais é o fato de o futebol tailandês ter se tornado a porta de entrada para outros centros mais desenvolvidos do futebol asiático. Fazer sucesso por lá é quase certeza de ser observado de perto por equipes de Japão, China, Coreia do Sul e Arábia Saudita, que possuem clubes mais tradicionais – e que pagam ainda melhor, é claro!

BRASILEIROS NA TAILÂNDIA

Buriram: Pedro Júnior (atacante)
Ratchaburi: Dirceu (zagueiro)
Chainat: Ricardo Santos (atacante)
Suphanburi: Kanu (zagueiro) Jonatan Reis (atacante), Cleiton Silva (atacante)
Rayong: Victor (zagueiro)
Nakhon: Leandro Assumpção (atacante)
Chonburi: Lukian (atacante), Patrick Cruz (atacante)
Samut: Carlão (atacante), Ibson Melo (atacante)
Chiangmai: Evson (lateral) Eliandro (atacante), David Bala (atacante)
Bangkok United: Everton (zagueiro), Vander (meia), Robson Fernandes (atacante)
Muang Tong: Heberty (atacante)
Prachuap: Matheus Alves (atacante) Stéfano (atacante) e Caion (atacante)
Chiangrai: Brinner (zagueiro) Bill (atacante), William Henrique (atacante), Gilberto Macena (atacante)

Técnicos: Aílton Silva (Chiangrai); Carlinhos Parreira (Chiangmai)

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