O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, foi suspenso de forma provisória pela Fifa de todas as atividades do futebol. A suspensão terá uma duração de 90 dias e foi anunciada nesta sexta-feira pelo Comitê de Ética da entidade que comanda o futebol mundial. A decisão também o obriga a deixar a presidência da CBF.
Indiciado nos Estados Unidos por corrupção ainda em 2015, o brasileiro insistiu em se manter no cargo de comando do organismo que comanda o futebol nacional. Para evitar a sua prisão, optou por não sair do Brasil desde que o escândalo da Fifa estourou e provocou a prisão de uma série de dirigentes de peso, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF, que está sendo julgado nos Estados Unidos.
Na Fifa, o processo contra Del Nero foi aberto ainda em 2015. Mas, por meses, a entidade afirmou que não teria como puni-lo por falta de provas. Nem mesmo os documentos enviados pela CPI do Futebol, no Senado, foram suficientes.
Mas, com a avalanche de novas documentações dos procuradores norte-americanos durante o julgamento de José Maria Marin, nos EUA, Del Nero foi amplamente citado como tendo sido beneficiado por propinas no valor de US$ 6,5 milhões. Mesmo a defesa de Marin usou o argumento de que era Del Nero quem de fato mandava na CBF, enquanto era vice-presidente.
A reportagem do Estado revelou na última quinta-feira que, dentro da Fifa, a opinião era de que a posição de Del Nero na CBF era "insustentável". Os documentos dos procuradores norte-americanos acabaram chegando até o Comitê de Ética da Fifa que, agora, optou por uma suspensão provisória.
Além dos 90 dias de suspensão, o órgão explica que esse período poderá ser ampliado por mais 45 dias.
Na prática, o cartola pode ficar fora do futebol até o dia 1º de maio de 2018, afetando inclusive sua ideia de convocar novas eleições da CBF em abril.
Com a decisão tomada, caberá agora à entidade avaliar nos próximos meses se suspende de forma definitiva o brasileiro ou se lhe impõe apenas uma multa. Del Nero ainda poderá recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês). Mas, para se defender, terá de viajar até a Suíça, o que implicaria em sua prisão e eventual extradição aos Estados Unidos..