A noite da última quarta-feira pode ser um divisor de águas na história da Copa Libertadores caso as forças de segurança resolvam passar a ser efetivas daqui para frente. Não é o caso na Argentina. O secretário de Segurança da Nação do país vizinho, Sergio Berni, nega por completo qualquer suposto erro de policiamento durante o superclássico que deixou quatro jogadores do River Plate feridos.
“Não tenho nenhuma dúvida de que a responsabilidade é do Boca Juniors”, garante Berni, adicionando que “houve negligência na hora de gerar a segurança interna do estádio”.
A obviedade do secretário visa livrar a barra da Policia Federal Argentina, que mostrou toda sua falta de preparo ao demorar quase uma hora para tirar os jogadores do River do gramado da Bombonera. “Não queríamos gerar provocações”, declara Sergio Berni, assumindo a responsabilidade de manter os atletas em campo.
De qualquer forma as provocações, àquela altura, já tinham pouca importância. Ao voltar do intervalo, no túnel de saída do vestiário, jogadores do River Plate foram atacados com substância química ainda não identificada. Pelas queimaduras e sintomas dos atletas, a tendência é que se trate de gás de pimenta. “Vamos usar ao menos uma das camisas do River para fazer a análise química e determinar o que foi atirado”, explica Berni.
Apesar de câmeras de TV terem flagrado um torcedor do Boca Juniors rasgando o túnel no qual os Millonarios foram agredidos, ninguém foi detido na última noite. À primeira vista foi este suspeito quem jogou o gás, mas ele não foi identificado. O fato de um torcedor ser capaz de entrar na Bombonera com este tipo de artefato não impressiona o secretário argentino. “Quando se viaja de avião, toma-se 60 minutos para revistar 400 pessoas. Aqui passam 60 mil, vocês sabem como é: uma inspeção não vale de nada.”