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Fluminense estranha o drama depois de subir a régua na Libertadores

Empatar com os peruanos e estar a um gol sofrido da eliminação não estava na conta para quem se colocava como o melhor time

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Fluminense somou dez pontos na fase de grupo e avançou como líder da sua chave
foto: IconSport

Fluminense somou dez pontos na fase de grupo e avançou como líder da sua chave


 
Fluminense fechou a primeira fase da Copa Libertadores como líder de um grupo difícil, que contava com o último time estrangeiro a vencer o torneio e talvez o mais respeitado pelos brasileiros na atualidade, o River Plate. Qualquer torcedor tricolor assinaria lá na noite do sorteio, em março, uma classificação com 10 pontos, à frente do time argentino, sem precisar desesperadamente de uma vitória na rodada final.  Quer mais o quê? Como falaram os jogadores na saída de campo, o objetivo era passar em primeiro, pronto. Justo.

Mas o futebol tem dessas ­­– o resultado, o jogo, mas ainda a expectativa e a circunstância ­–, e por que o vencedor da chave não poderia ser também vaiado numa noite copeira? O fim do jogo contra o Sporting Cristal deixou esse sentimento curioso, em que a arquibancada, que está revendo o time no Maracanã pelo torneio depois de 15 anos (reforma para a Copa, pandemia, jogos no Engenhão e em São Januário), não conseguiu fazer grande festa pela classificação, tampouco pela ponta na tabela.
 

Empatar com os peruanos e estar a um gol sofrido da eliminação não estava na conta para quem se colocava como o melhor time após as três primeiras partidas. Imagina que o único clube 100% no turno, o elenco que botou na roda o River numa goleada de 5 a 1, ficou a um golzinho de um azarão, uma virada improvável num bololô na área, um vacilo, uma bola espirrada, um frame de VAR de ver o mata-mata pela televisão. "A gente se classificou em primeiro, não sei o que (torcida) querem. Não sei por que reclamam, pegamos o grupo da morte", disse o zagueiro Felipe Melo frente ao estranhamento, mas era isso. O ganhador da chave empatou e cumpriu seu papel mas incomodou pelo drama, e principalmente por ter tido dificuldade em se sobressair nos duelos na reta final da partida, mantendo o adversário vivo com um 1-1 frágil.

É verdade que o apito final não foi no primeiro nível do drama, daqueles que valiam os bordões de Galvão Bueno. O Cristal atacou pouco, apesar da boa organização sob comando de Tiago Nunes e um jogo firme na marcação ­– foi bem o zagueiro brasileiro Ignácio. Mas a saída de bola do Flu nunca esteve confortável, e já perto do fim uma troca de passes perigosa entre Felipe Melo e Fábio quase virou coisa maior a favor dos visitantes. Passou com uma dose considerável de drama, vai. Um haja coração! de leve, em caixa baixa. Arriscar a Copa por um gol é viver no limite, e é natural o incômodo de parte dos mais de 50 mil presentes.
 
 

O time que sofreu com lesões nas últimas semanas teve o segundo jogo seguido de Marcelo, que ainda não perdeu nesse retorno ao clube, e esteve praticamente completo, à espera apenas de Alexsander. O ponta Keno, ali do lado do ex-jogador do Real Madrid, foi bem, e Cano, que tinha só um gol nos últimos dez jogos, voltou a marcar ao seu estilo logo no início, aproveitando um pedaço mínimo de chance para soltar o pé. Mas, em geral, o Flu não jogou bem. Vem sofrendo muitos gols e baixou bastante sua capacidade de empilhar chances e amassar o adversário, como nos melhores momentos em abril e maio.

Diante de um estilo de jogo tão claro em sua grande fase com Fernando Diniz, é evidente que quem vê o Fluminense se pergunta onde foi parar aquela afinação toda. A oscilação também faz parte numa temporada tão longa, quando o time foi ao seu melhor já nos primeiros meses para uma final de Estadual contra o maior rival e depois numa vitória gorda, de afirmação, diante de um dos principais times do continente. Ainda mais num jogo de tanta movimentação e imposição física, que exige a melhor forma de todo o núcleo principal do elenco (curto) e uma sintonia coletiva que passará por intempéries emocionais num calendário nacional que vira para o segundo semestre beirando os 40 jogos disputados.

O sorteio da fase final da Libertadores acontece em 5 de julho, e os jogos, só a partir de agosto. O Flu, fora da Copa do Brasil, terá um mês menos intenso e até com semanas livres, cujo humor dependerá também do cruzamento na fase final. No pote de lá já estão simplesmente três campeões da última década: Atlético-MG, Atlético Nacional e o próprio River. Poderão ainda estar Flamengo, Internacional, Palmeiras... Venha quem vier, terá de jogar mais (a depender, muito mais), convivendo com aquele impacto de dois meses atrás e seguindo em busca daquele futebol, entre a nostalgia e as voltas que a campanha dá.

O Fluminense está na briga, nem ao céu nos dias mágicos, nem ao inferno nos empates frustrantes. Uma classificação que começou na euforia e foi baixando até flertar com o desapontamento, mas que já não faz grande diferença se o que importa é o nível de desempenho que o time terá alcançado quando o torneio voltar. Alguém vai dizer que a Copa começa nas oitavas, e terá sua dose de razão, como sempre.




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