Técnico do Fluminense, Fernando Diniz vê futebol como forma de melhorar a vida das pessoas
Conhecido por suas ideias "fora da caixa" no futebol, Fernando Diniz pensa muito além das quatro linhas do campo de jogo. Em entrevista à CONMEBOL Libertadores, o técnico do Fluminense falou sobre sua visão do papel social do futebol.
- O futebol é um meio para melhorar a vida das pessoas. Mesmo no profissional, e mais ainda nas divisões de base. Se [o futebol] fosse tratado dessa forma, as coisas seriam diferentes. Os clubes acabam acolhendo crianças em idade precoce, e seria um ganho social gigante, oferecer aquilo que as crianças precisam e as vezes os seus lares não oferecem - opinou.
Antes de virar psicólogo e treinador, Diniz cresceu em São Paulo, onde se destacou no futebol de salão e acabou nas divisões de base do Juventus-SP. Depois, passou por Guarani, Palmeiras, Corinthians, Fluminense, Flamengo, Cruzeiro e Santos, além de outros clubes menores.
Em entrevista exclusiva à CONMEBOL @LibertadoresBR, o técnico Fernando Diniz falou sobre suas maiores preocupações no futebol. E elas estão fora de campo. É sempre muito bom ler e ouvir o que o treinador do Fluminense tem a dizer. Sua visão do esporte é diferenciada. pic.twitter.com/EF4TfDPCGs
Com conhecimento de causa da realidade do futebol desde jovem, o técnico de 49 anos acredita que os clubes têm papel preponderante para criar melhores seres humanos.
- As crianças geralmente são muito pobres, saem de casa com 12, 13 ou 14 anos, e se os clubes acolhessem de maneira mais adequada preparariam essas crianças, que vão ser os adultos de amanhã, de maneira mais positiva. Caso não vivessem de futebol, que é a maioria, que não vinga como profissional a ponto de viver do futebol, entregaria para a sociedade pessoas mais bem equipadas para seguir em um mundo melhor- afirmou.
foto: Iconsport
Como jogador, psicólogo e treinador, Fernando Diniz tem mais de 30 anos de experiência no futebol
Além de criticar o papel do Estado, para ele "falho" em provir as melhores condições às pessoas, Fernando Diniz acredita que o futebol deva fazer parte de uma mudança estrutural profunda.
- Se não, tem uma tendência muito grande de cair na marginalidade. Não é a marginalidade do crime, mas à margem, em subemprego, ganhando muito mal e sem condições sociais adequadas A gente sabe que o Estado é muito falho em quase todas as questões, educacionais, de saúde e de segurança pública, por exemplo. O futebol podia se prestar a isso e ser um braço muito mais forte do que é para melhorar as condições de vida, principalmente dos mais pobres.
Com Fernando Diniz à beira do campo, o Fluminense enfrenta o Flamengo na quinta (1), às 20h, na partida de volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Na ida, o empate sem gols deixou o confronto completamente aberto.
