Leandro Franco é preparador de goleiros há 20 anos e desenvolveu uma metodologia diferenciada para exercitar a velocidade de reação dos arqueiros a partir de estímulos cognitivos. O profissional utiliza cores como referências para os atletas, que se movimentam e realizam os mais diversos tipos de exercícios.
Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Leandro explicou o funcionamento de seu método. O preparador é amigo de longa data de Diego Alves e, inclusive, manteve parceria com o goleiro durante sua passagem pelo Valencia, da Espanha.
"Nesse treino, optamos por não utilizar tanto o trabalho técnico com bola, e sim um trabalho físico com estímulos cognitivos, onde também procuramos trabalhar o fortalecimento do core e a força específica com a utilização da tração. Após visualizar, o goleiro terá que reagir o mais rápido possível, mas para isso terá também que raciocinar para comparar as cores determinadas e tentar realizar o gesto com precisão", discorreu o profissional.
Leandro acredita que os exercícios propostos são essenciais para que o goleiro receba estímulos semelhantes aos que irá encontrar durante uma partida de futebol.
"Esse é apenas um dos vários modelos de trabalhos que existem. O goleiro toma decisão o tempo todo durante o jogo. Colocar na prática exercícios que treinem a tomada de decisão e velocidade de reação pode trazer ótimos benefícios ao atleta durante as partidas", afirmou.
Uma das grandes exigências do futebol contemporâneo diz respeito à participação dos goleiros com os pés, auxiliando na construção ofensiva das equipes. Leandro tem consciência da importância de uma saída de bola com mais qualidade por parte dos arqueiros, inserindo atividades que também estimulam o trabalho com os pés.
"Sempre realizo com os goleiros treinamentos e mini jogos que o façam trabalhar com os pés. Hoje em dia, a maioria dos treinadores estão inserindo mais os goleiros no sistema de jogo. Acredito que essa questão pode evoluir cada vez mais e o grau de exigência irá aumentar também", pontuou o preparador.
Apesar da grande cobrança em cima dos goleiros, Leandro destaca a importância de ter paciência em relação à evolução dos goleiros na participação com passes e lançamentos.
"Jogar com os pés agora é um objetivo a ser alcançado pela maioria dos goleiros. O jogo com os pés está crescendo cada vez mais. Com isso, surgem as dificuldades, porque antes o goleiro não precisava tanto sair jogando. No Brasil, é uma questão em evolução, a tendência é que ocorram erros, a adaptação não vem da noite para o dia. Não são todos os goleiros que se encontram preparados para para jogar com os pés", finalizou.
Até o início do ano, Leandro era funcionário do Cruzeiro, onde vinha realizando seu trabalho especializado em estímulos cognitivos. No entanto, como a situação financeira da Raposa se agravou após o rebaixamento, o preparador de goleiros teve seu vínculo junto aos mineiros finalizado.