Assinado pelo delegado Márcio Petra, da 42ª Delegacia de Polícia (Recreio dos Bandeirantes), o inquérito remetido ao MPRJ no mês passado apontava oito culpados. Entre os indiciados estava o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello. O ex-cartola, três funcionários do clube, três engenheiros da empresa que forneceu os contêineres que incendiaram e um técnico em refrigeração foram apontados pela polícia como responsáveis por dez homicídios com dolo eventual (quando se assume o risco de matar) e 14 tentativas de homicídio (considerando o número de atletas que estavam no Ninho do Urubu e sobreviveram).
Para o Ministério Público, no entanto, faltam provas que sustentem as acusações. Em nota, o MPRJ informou que, "a despeito do bem elaborado relatório policial, restam alguns aspectos que merecem ser melhor esclarecidos para a adequada responsabilização penal e definição da capitulação dos fatos ocorridos".
Ao devolver o inquérito à Polícia Civil, os promotores do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest) pediram que sejam colhidos depoimentos de Lucia Helena Pereira Damasceno de Lima, gerente da 5ª Gerência de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura do Rio, e de Fernando Anmibolete, presidente da Associação dos Profissionais de Ciência e Tecnologia (Asprocitec). O Gaedest quer confirmar com a servidora a informação de que os dirigentes do Flamengo não cumpriram um auto de interdição do Ninho de Urubu. A Asprocitec, por sua vez, afirmara que a NHJ, empresa que construiu os contêineres que abrigavam os atletas, não estava regularizada junto ao Conselho Regional de Engenharia.
O MPRJ também pediu que seja feita consulta ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli para esclarecer se o mobiliário do alojamento incendiado colaborou para a propagação das chamas, agravando a situação no local, bem como a elaboração de autos de exame de corpo de delito indiretos, com base em informações dos boletins de atendimento médicos das vítimas sobreviventes.