A ausência do atacante pegou de surpresa a CBF, que tinha toda logística preparada para a viagem de Vinícius Júnior à Índia. O Flamengo, contudo, alega que havia um acordo prévio que estabelecia que o jogador só seria liberado caso o clube conquistasse a Copa do Brasil.
Coordenador de seleções, Edu Gaspar demonstrou todo o seu descontentamento com a decisão. Ele se encontrou com o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, na manhã desta sexta. "O motivo apresentado para a não ida dele (Vinícius) não me convence", afirmou Edu. "Eu falei para o presidente: esse argumento pode ser ruim para o senhor. Não liberar por causa de um resultado não é algo positivo."
Segundo Edu Gaspar, no início do mês, logo após a convocação dos jogadores, ele teve o cuidado de ligar para os clubes que tinham jogadores convocados que já atuam nas equipes principais.
Ele, então, passou a manter contato com o executivo de futebol do rubro-negro carioca, Rodrigo Caetano, e falou também com Bandeira de Mello. O presidente, segundo Edu, informou que iria decidir pela liberação após a final da Copa do Brasil. "Eu disse pra ele: presidente, a final é dia 27, e eu preciso encaminhar a lista de convocados à Fifa até dia 21."
O fato de o Flamengo ter liberado Vinícius Júnior para fazer o visto junto com os demais jogadores da seleção, em São Paulo, e declarações do próprio atacante de que estava feliz em defender a seleção, eram indícios claros de que ele iria à Índia. Não foi o que aconteceu.
No Flamengo, a avaliação é de que Vinícius Júnior pode fazer a diferença na busca por uma vaga na Copa Libertadores do próximo ano. Para tanto, o time carioca precisa conquistar o título da Copa Sul-Americana ou terminar entre os seis primeiros colocados do Brasileirão.
Mesmo essa ponderação, contudo, é contestada por Edu Gaspar. "São 20 dias de competição, sendo que dez deles são datas Fifa, em que não há jogos", lembrou o coordenador. Ele também não escondeu a decepção. "É um jogador importantíssimo em termos técnicos."
Após o treino do Flamengo desta sexta-feira, o técnico Reinaldo Rueda declarou que "foi uma situação analisada com a diretoria, com a comissão técnica e com o Vinícius". Segundo o treinador, a ausência na fase de preparação na Granja Comary - que já estava prevista e foi acordada entre clube e CBF - pesou.
"Queremos o melhor para ele, é um jogador consciente, inteligente, importante para a Seleção. Mas ele não participou das semanas de preparação. Ele sabe que pode chegar e ajudar, mas também quer respeitar isso", disse Rueda.
A seleção sub-17 estava treinando desde o dia 10 na Granja Comary, em Teresópolis, e desembarcou na Índia na última terça-feira. O Mundial será disputado a partir do próximo dia 6.