Cruzeiro e Fluminense se notabilizam neste início de Campeonato Brasileiro pelo estilo de jogo propositivo, com posse de bola, movimentação e finalizações. As características semelhantes das equipes de Pepa e Fernando Diniz tornam a partida de quarta-feira, às 21h30, no Mineirão, uma das mais aguardadas da competição. Para coroar o espetáculo, o estádio deve receber um público acima de 50 mil na quinta rodada.
Os torcedores cruzeirenses estão otimistas porque o time de Pepa vem de quatro vitórias consecutivas - três no Brasileiro e uma na Copa do Brasil -, praticando um futebol eficiente e competitivo. Nem parece aquela equipe que, ainda sob o comando de Paulo Pezzolano, lidou com dificuldades diante de clubes do interior de Minas, não venceu como mandante e caiu nas semifinais do estadual com duas derrotas para o América: 2 a 0, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas; e 2 a 1, no Independência, em Belo Horizonte.
O Cruzeiro parece ter se encontrado em um 4-3-3 pelo qual Pepa demonstra apreço. Cada um dos meio-campistas precisa cumprir aspectos táticos: enquanto Richard fica centralizado, Ramiro e Mateus Vital formam dois triângulos com pontas e laterais - um na direita, outro na esquerda. O técnico português revelou as preferências em entrevista ao podcast Footure, em 2022, quando trabalhava no Al Tai, da Arábia Saudita.
Os gols cruzeirenses na vitória por 2 a 1 sobre o Santos, nesse sábado (6), no Independência, nasceram da rotatividade nas posições. No primeiro, Mateus Vital abriu na ponta para o meia Ramiro, que virou lateral-direito por alguns segundos e cruzou para Wesley balançar a rede. No segundo, Marlon ultrapassou na ala esquerda, recebeu de Vital e buscou o passe rasteiro. Como o goleiro santista João Paulo deu rebote, Wesley ficou com a sobra e voltou a marcar.
Números do Cruzeiro
O Cruzeiro teve mais posse de bola em três dos quatro jogos do Brasileirão: derrota por 2 a 1 para Corinthians (59%) e vitórias sobre Bragantino, por 3 a 0 (56%), e Santos, por 2 a 1 (55%). Contra o Grêmio, o índice ficou equilibrado - 51% a 49% para o time gaúcho -, porém a Raposa contabilizou quase o dobro de finalizações (21 a 11) e ganhou por 1 a 0. O placar só não foi maior porque o goleiro Gabriel Grando fez quatro defesas difíceis.
Fluminense, o 'dono da bola'
De acordo com o SofaScore, o Cruzeiro tem 54,8% de posse de bola média no Campeonato Brasileiro. O número está acima da maior parte das equipes, porém significativamente abaixo do Fluminense, com 66,3%. Essa é uma das marcas do técnico Fernando Diniz, que orienta o time a sair curto no tiro de meta e a trocar passes com agilidade em meio à pressão dos adversários. A missão é fazer a bola chegar com qualidade ao artilheiro Cano, com 23 gols em 22 jogos em 2023.
O Flu tem uma média de 513 passes certos por jogo, contra 418 do Cruzeiro. Nesse sábado, o tricolor praticamente não saiu do ataque no empate por 1 a 1 com o Vasco, no Maracanã, pela quarta rodada. Apesar de ter finalizado 23 vezes, o único gol veio aos 9 minutos do segundo tempo, com Lima, depois de rebote do goleiro Léo Jardim, destaque do clássico. A equipe de Fernando Diniz alcançou 79% de posse de bola.
Manter a bola sob o domínio a qualquer custo também tem seus riscos. O gol do Vasco, com menos de um minuto de jogo, saiu justamente de uma pressão em cima do Fluminense - o goleiro Fábio acabou errando um passe na grande área, entregando no pé de Alex Teixeira, que deu assistência para Pedro Raul balançar a rede. Nesse caso, tratou-se de um erro de execução, e não da estratégia adotada por Diniz.
Cruzeiro x Fluminense: retrospecto
Cruzeiro e Fluminense vão se enfrentar depois de quase um ano. Em 2022, os times duelaram nas oitavas de final da Copa do Brasil, e o tricolor ganhou as duas partidas: 2 a 1, no Rio, e 3 a 0, em Belo Horizonte. No retrospecto geral, os cariocas também levam grande vantagem: são 37 vitórias, 22 empates e 26 derrotas em 85 jogos.