O mês de abril é sempre muito importante para os times brasileiros, em especial para o Cruzeiro. Com situação financeira delicada, o clube celeste está às vésperas de apresentar o balanço financeiro da temporada 2022, que marcou o primeiro ano da transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
A apreciação das contas do Cruzeiro já tem data marcada. O Superesportes apurou que o Conselho Deliberativo agendou uma reunião para o dia 28 de abril (sexta-feira), às 18h30, no Parque Esportivo do Barro Preto, em Belo Horizonte.
Uma fonte ligada ao Conselho informou à reportagem que o balanço de 2022 já está em análise pela comissão fiscal do clube mineiro. A revisão do documento deve ser concluída entre a próxima segunda (24/4) ou terça-feira (25/4).
"Nós recebemos o balanço, mas enviamos ele para análise do pessoal da comissão fiscal. Eles devem concluí-la na segunda ou terça-feira. O documento o balanço de 2022 já está em análise pela comissão fiscal do clube mineiro, que será na sexta-feira (28/4), às 18h30", disse.
Pela Lei Pelé, todos os clubes brasileiros devem detalhar as contas do ano anterior até 30 de abril. Em caso de descumprimento da regra, dirigentes responsáveis pelas entidades esportivas podem ser punidos.
As possíveis sanções previstas incluem afastamento do cargo, anulação de atos administrativos e inelegibilidade por cinco anos em entidades ou empresas vinculadas às competições profissionais.
Segundo a norma, o eventual afastamento do cargo ou a anulação de atos administrativos estão previstos para "o dirigente que praticou a infração ainda que por omissão".
Dívida do Cruzeiro
Em abril do ano passado, o Conselho aprovou o balanço do exercício de 2021, que apontou dívida de R$ 970 milhões e déficit acumulado de R$ 1 bilhão. Com relação ao endividamento, a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues atribuiu o crescimento aos acordos realizados com atletas que não integravam mais o elenco, às variações cambiais das dívidas na Fifa e aos juros de empréstimos.
- 2021: R$ 970 milhões
- 2020: R$ 898 milhões
- 2019: R$ 804 milhões
- 2018: R$ 533 milhões
- 2017: R$ 371 milhões
Ainda no mesmo mês, Ronaldo Fenômeno assinou a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões - R$ 50 milhões de aporte inicial e R$ 350 milhões por capital próprio e/ou receitas incrementais baseadas na média apurada com o futebol de 2017 a 2021 (R$ 220 milhões).
Em março, o estafe do empresário e o banco XP (representante do Cruzeiro) ajustaram alguns pontos do contrato, como a impossibilidade de venda das ações a um terceiro por um período de cinco anos ou até complementar os R$ 400 milhões, e o licenciamento da marca do clube à SAF, com pagamento de royalties à associação civil após quitada a dívida.
Ronaldo ainda assumiu o passivo tributário da instituição, de R$ 180 milhões e com parcelas superiores a R$ 1 milhão até 2032, tendo como contrapartida as propriedades das Tocas da Raposa I e II. Boa parte desse valor será descontado e apresentado no balanço de 2022.
A lei da SAF determina a destinação de 20% das receitas do clube-empresa para o abatimento de dívidas da associação civil em um prazo de seis anos, prorrogáveis por mais quatro em caso de liquidação de 60% do débito original.
Para confirmar a compra das ações da SAF, o Fenômeno exigiu o pedido de Recuperação Judicial, que foi acatado pelo Conselho Deliberativo do Cruzeiro.
O pedido de recuperação judicial era uma das exigências do Fenômeno para confirmar a compra de 90% da SAF do Cruzeiro, o que foi acatado pelo Conselho Deliberativo do clube.
Recuperação judicial
Ao todo, o Cruzeiro tenta renegociar com seus credores R$ 537 milhões (veja o detalhamento desse montante no fim da matéria). Ressalta-se que a dívida tributária será de responsabilidade da SAF. Portanto, ela não está contemplada no plano.
Em dezembro do ano passado, a Justiça suspendeu a assembleia de credores do Cruzeiro. Muitos reclamaram das condições oferecidas pela associação celeste, que pretende desconto de 75% em algumas dívidas.
- Créditos trabalhistas - R$ 216.283.243,87
- Garantia real - R$ 43.199.000,00
- Créditos quirografários - R$ 209.558.336,79
- Microempresas e Empresas de Pequeno Porte: R$ 28.829.511,09
- Créditos quirografários (dólar): US$ 2.560.000,00 (R$ 14,2 milhões)
- Créditos quirografários (euro): 60,5 mil euros (R$ 336 mil)