Embora a relação entre Cruzeiro e Minas Arena esteja estremecida, o clube celeste se mostrou disposto a negociar um retorno ao Mineirão. Nos últimos dias, a diretoria da Raposa apresentou uma contraproposta à oferta enviada pela concessionária que administra o estádio, que está avaliando a possibilidade. Entretanto, a empresa não cederá tão facilmente.
Nesta terça-feira (4), Samuel Lloyd, diretor comercial da Minas Arena, afirmou que as portas do Gigante da Pampulha estão sempre abertas para o Cruzeiro, assim como para os demais times do estado. Segundo ele, para que o impasse se resolva, basta que haja um acordo comercial entre as partes.
"Entre 2024 e 2037, que é o fim desta concessão, a agenda do Mineirão está completamente livre para todos os jogos do Cruzeiro. Basta que haja um acordo comercial", iniciou.
O representante da empresa também se manteve firme em relação a um possível recuo em prol do Cruzeiro. Isso é, quer fazer valer o acordo previsto no contrato de Parceria Público-Privada: 54 mil lugares de comercialização para clubes, enquanto os camarotes e áreas VIP ficam com a Minas Arena.
"As regras entre concessionárias e clubes estão determinadas claramente no contrato de PPP. Menos que isso, não. Qualquer receita que a Minas Arena abra mão, ela é responsabilizada pelo estado de Minas Gerais", completou.
"Essa é a nossa última proposta, que foi colocada para o clube. Ela garante também a isonomia dos jogos do Atlético e também que o Cruzeiro tenha conforto para ter a sua receita e continuar explorando comercialmente o Mineirão", concluiu.
Lloyd foi um dos convidados presentes na audiência da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para debater a execução do contrato entre a administradora do Mineirão e o governo do Estado. Representantes de Cruzeiro e Atlético também participaram da audiência.
Nova reunião
Pedro Bruno, secretário de Infraestrutura de Minas Gerais, que também esteve presente na ALMG, assumiu o compromisso de assegurar 66 partidas de futebol no Mineirão em 2023. Ele também agendou uma reunião entre os representantes dos clubes mineiros e do estádio para o dia 20 de abril.
Estão convocados Ricardo Afonso e Henrique Saliba, pelo América; André Lamounier, pelo Atlético; Enrico Ambrogini e Alexandre Cobra, pelo Cruzeiro; e representantes da Federação Mineira de Futebol (FMF) e Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Cruzeiro x Mineirão
O Cruzeiro está rompido com o Mineirão desde janeiro deste ano. Na oportunidade, Ronaldo Nazário, sócio majoritário da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), anunciou que o time não faria nenhum jogo no estádio em 2023 devido ao contrato que ele classificou como lesivo ao clube.
"Esse ano damos como rompida nossa relação com a Minas Arena. Não jogaremos nenhum jogo no Mineirão neste ano. Eu acho que é um problema importante que o Governo de Minas Gerais precisará resolver", disse o Fenômeno.
Durante o pronunciamento, o ex-camisa 9 também criticou o trabalho da Minas Arena na gestão do Gigante da Pampulha e afirmou que o acordo da concessionária com o governo de Minas Gerais é 'confortável'.
"As condições sempre foram horríveis para o Cruzeiro. A Minas Arena tem um contrato muito confortável com o governo, em que eles têm todas as armas nas mãos para fazer boas negociações para eles e nunca boa para gente", disse.
Desde então, o Cruzeiro vem utilizando o Independência, em BH, como sua casa. No entanto, poderá retornar ao Mineirão ainda neste mês.
Volta ao Mineirão?
Samuel Lloyd também revelou que o time estrelado pretende mandar o jogo diante do Náutico, pela terceira fase da Copa do Brasil, no dia 25 de abril, às 19h, no estádio. Na visão do executivo, a partida pode marcar a resolução do imbróglio envolvendo as partes.
O reencontro foi um pedido do próprio Cruzeiro, conforme dito por Gabriel Lima, CEO do clube. "A gente fez uma solicitação formal ao governo para utilizar uma das datas em específico, com a prerrogativa que o governo tem", afirmou.