O diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd, fez uma crítica ao Cruzeiro em relação ao impasse sobre a dívida que o clube mantém com a administradora do Mineirão. As cifras chegaram a R$ 29,6 milhões, e a concessionária do estádio não sabe se a SAF comandada por Ronaldo pagará o débito ou se será a associação, que incluiu grande parte do valor no processo de recuperação judicial.
Em função disso, o diretor rechaçou no momento uma gestão compartilhada do Mineirão entre Minas Arena e Cruzeiro. Ele ainda citou a dificuldade de dialogar com a nova administração da Raposa, que já chegou a conversar com o governo de Minas Gerais para assumir o Gigante da Pampulha. Entretanto, para isso ocorrer, o clube celeste deveria encontrar parceiros para pagar a multa rescisória da concessionária com o estado, que ultrapassa os R$ 400 milhões.
"Vale lembrar que com a recuperação judicial do Cruzeiro, essa questão que está na Justiça, nós temos uma pendência financeira da ordem de R$ 30 milhões com o Cruzeiro. Mas é da SAF ou da associação? Não sei. Acho que é tudo tão novo que ninguém consegue definir se é SAF ou associação, esse passivo fica com quem? Se qualquer pessoa faz uma dívida de cerca de R$ 30 milhões e depois muda o CNPJ e a dívida está resolvida? A gente tem um problema conjuntural no Brasil. Para nós, institucionalmente, a gente está falando da mesma marca", criticou Lloyd.
Dívida do Cruzeiro com a Minas Arena
Em 2020, o Cruzeiro reduziu em quase R$ 21 milhões a sua dívida com a Minas Arena no acordo homologado na 32ª Vara Cível de Belo Horizonte. A pendência se arrastava desde 2013, na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares.
A Minas Arena pleiteava R$ 32.017.568,48 na Justiça. Contudo, ficou estabelecido um desconto que fez o passivo da Raposa diminuir para 20.086.857,49.
De pouco mais de R$ 20 milhões, foram deduzidos R$ 8.885.300,55 que estavam depositados em juízo no período em que o clube sofreu com bloqueios.
Assim, o débito do Cruzeiro, que superava R$ 32 milhões, caiu para R$ 11.201.556,94. A Minas Arena ainda concordou em receber a partir de julho de 2022 em 96 parcelas até meados de 2030.
No entanto, a Raposa não fez o pagamento das parcelas, e o acordo foi cancelado. Hoje, esse valor alcança R$ 28,5 milhões e foi incluído no processo de recuperação judicial.
Além disso, o Cruzeiro contraiu em 2021 e 2022 dívida de R$ 1,1 milhão com a Minas Arena por despesas que não são descontadas no borderô (custos) e danos causados no estádio em dias de jogos, bem como pela falta de repasse pelo acordo comercial do espaço Tribuna.
Além disso, o Cruzeiro contraiu em 2021 e 2022 dívida de R$ 1,1 milhão com a Minas Arena por despesas que não são descontadas no borderô (custos) e danos causados no estádio em dias de jogos, bem como pela falta de repasse pelo acordo comercial do espaço Tribuna.
Relação conturbada
Lloyd classificou a relação com o Cruzeiro como "conturbada". "Uma gestão compartilhada pode ser resolvida, mas precisa subir passo a passo. Acho muito difícil com essa dívida. A gente viu um 2022 muito conturbado com o Cruzeiro que dizia: 'olha, vou jogar no Independência'. Depois foi para o Mineirão e fala que é caro. Em seguida vai para o governo e fala que vai gerir o estádio. Foi muito conturbado, a gente chegou a ver falas do governador sobre isso", disse.
Para o diretor, Cruzeiro e Minas Arena precisam construir uma convivência mais harmônica. "E uma relação de gestão compartilhada precisa ser construída. É impossível? De jeito nenhum, mas no cenário de hoje é muito difícil que aconteça da forma que as pessoas esperam".