Final de 1974
"A lembrança nossa, do Cruzeiro, é do fato do árbitro ter anulado o gol em cima da hora. Além de que a decisão seria no Mineirão e mandaram para o Rio, ficamos transtornados com o acontecido. Mas eu lembro do Roberto muito mais na Copa do Mundo mesmo, ali vivemos o cotidiano", afirmou Nelinho sobre aquela decisão contra o Vasco, de Roberto Dinamite.
Em 1974, o Vasco, liderado por Dinamite, foi campeão brasileiro ao vencer o Cruzeiro por 2 a 1, em jogo único disputado no Maracanã, no Rio de Janeiro, com mando vascaíno. A decisão, contudo, é cercada de polêmicas: primeiro, porque a partida deveria ser na casa cruzeirense, no Mineirão, em Belo Horizonte, já que a Raposa teve melhor campanha.
O Vasco entrou com uma representação na Justiça Desportiva exigindo a inversão do mando na final única, alegando falta de segurança à equipe de arbitragem na partida no Mineirão. Por fim, o Cruzeiro fez um acordo com o Vasco, e a final foi para o Rio.
O time da casa abriu o placar aos 14 minutos do primeiro tempo com Ademir, após aproveitar bate-rebate na área depois de um chute do lateral-direito Fidélis. O Cruzeiro empatou na etapa complementar, aos 19 minutos, com gol do próprio Nelinho após chute da esquina da área depois de passe do meia Eduardo Amorim.
Os mandantes voltaram a liderar aos 33 minutos, com gol do atacante Jorginho Carvoeiro. Ele recebeu lançamento do meio Alcir, venceu dividida com o goleiro Vitor e finalizou com o gol vazio, dentro da área celeste.
O Cruzeiro empatou próximo ao fim do jogo, com gol de cabeça do volante Zé Carlos, mas o árbitro Armando Marques, anulou o lance que, aparentemente, não teve irregularidades - em entrevista ao Superesportes, em 2012, o árbitro não explicou a decisão.
Roberto Dinamite foi o artilheiro daquela edição do Brasileirão, com 16 gols, e despontava como novo craque do futebol brasileiro. A boa sequência no Vasco rendeu ao atacante a convocação para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina, próxima história envolvendo os ídolos vascaíno e cruzeirense.
Assistência para gol histórico
"Lembro dele especialmente no jogo contra a Áustria, em que ele salvou a gente, e depois porque ele que deu a assistência do gol contra a Itália, aquele golaço. Eu sempre brincava com ele que o chute foi devido ao passe, agradecia a ele toda vez que o encontrava", disse Nelinho sobre Roberto Dinamite e a Copa de 78.
Destaques em Vasco e Cruzeiro, Roberto Dinamite e Nelinho foram convocados para o Mundial de 78. Ali, os ex-jogadores estreitaram os laços e se tornaram amigos.
O atacante foi o destaque da Seleção Brasileira naquela edição do Mundial e marcou três gols. O Brasil flertou com a eliminação na fase de grupos após dois empates, contra Suécia e Espanha, mas avançou após bater a Áustria por 1 a 0, com gol decisivo de Dinamite após passe do atacante Gil.
A outra história envolvendo Nelinho e Dinamite aconteceu na decisão do terceiro lugar. O Brasil venceu a Itália por 2 a 1, e Nelinho fez um golaço após acertar um chute de fora da área, próximo à linha de fundo. Dinamite foi quem deu o passe para o gol do lateral-direito, tido pela Fifa como um dos mais bonitos da história das Copas do Mundo.
"Pessoa maravilhosa"
Dinamite lutava contra um câncer no intestino desde o fim de 2021. Ele teve uma piora no quadro e foi internado nesse sábado (7) no hospital da Unimed, no Rio de Janeiro. Ele será velado nesta segunda-feira (9) no Rio de Janeiro, em São Januário, estádio do Vasco.
Foram 708 gols de Roberto em 1110 jogos pelo clube carioca - ele também defendeu Barcelona, da Espanha, Portuguesa e Campo Grande. O atacante se consolidou como maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, com 190 gols.
Com a camisa cruz-maltina, Roberto Dinamite conquistou um Campeonato Brasileiro (1974) e cinco Campeonatos Cariocas (1977, 1982, 1987, 1988 e 1992). Dinamite também foi convocado para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.