Mano ganhou títulos no Cruzeiro, mas montou time rebaixado
"(O Cruzeiro me deve) Todos os reais. Todos. Não tem acerto. Nesta semana agora vai ter uma assembleia para votar se aceita o absurdo do deságio de 75% para pagar todos os credores que precisam receber o dinheiro. 75% de deságio", disse Mano, em entrevista ao SBT Sports.
Mano adiantou que não aceitará a proposta. "Não, eu acredito que ninguém vai aceitar".
O treinador criticou mais uma vez a SAF do Cruzeiro. "Com as SAFs sérias, aquelas que realmente estão trabalhando sério, que não vieram para dar calote, para não pagar as dívidas que ficaram para trás, porque tem gente aí que não paga", disse o treinador.
Veja no vídeo a partir de 3:07
Mano entrou na Justiça cobrando R$ 5,3 milhões do Cruzeiro em duas ações. Em uma delas, a Justiça condenou o clube a pagar R$ 2.843.679,61 por salários e outros direitos atrasados. Na outra, o treinador reivindica o recebimento de direitos de imagem, com valor de aproximadamente R$ 1,1 milhão.
Mano no Cruzeiro
Mano conduziu trabalho longevo no Cruzeiro. Ele foi contratado em 26 de julho de 2016, com a missão de salvar o clube do rebaixamento no Brasileiro após a saída do português Paulo Bento. Deu certo. O time saltou da 19ª colocação, na 16º rodada (15 pontos), para a 12ª, ao término da competição (51 pontos).
Nos anos seguintes, o comandante colheu os frutos do bom trabalho e se tornou especialista em torneios de mata-mata. Foram duas conquistas da Copa do Brasil, em 2017 e 2018, além de dois títulos estaduais, em 2018 e 2019.
Por outro lado, Mano montou o elenco e dirigiu a equipe em parte do Campeonato Brasileiro de 2019, quando o clube foi rebaixado à Série B.
Assembleia de credores
A assembleia dos credores ocorrerá nesta quarta-feira (7), com segunda chamada no dia 15. A discussão ocorre na primeira data se houver metade mais um dos credores.
O quórum mínimo de deliberação (votação) é dividido em grupos. Nas classes 1 (trabalhista) e 4 (microempresas ou empresas de pequeno porte), é voto por credor. O Cruzeiro precisa da metade mais um, independentemente do valor do crédito, para aprovar o pedido de recuperação judicial.
Nas classes 2 (créditos com garantia real) e 3 (credores quirografários, incluindo os créditos comuns, o saldo dos créditos trabalhistas que excederem 150 salários-mínimos e, em alguns casos, parte dos créditos com garantia), são dois critérios: maioria dos presentes e maior parte dos créditos (soma total tem que ser mais da metade das dívidas nesta categoria) para aprovação.
Se houver aprovação, o Cruzeiro acredita que até o início de fevereiro a Justiça homologa a recuperação judicial. Em caso de negativa, há dois caminhos: um plano elaborado pelos próprios credores desde que com anuência do clube ou falência.
Participam do processo de recuperação judicial do Cruzeiro os credores com recebíveis até a data da efetivação do pedido na Justiça - dia 11 de julho deste ano. Dívidas realizadas depois disso, ficam fora da recuperação judicial.