"Eu acho que a gente errou bastante durante o ano. O pessoal que vem normalmente aqui fala que subiu e foi campeão, mas claro que a gente errou. Não tem como você tomar essa quantidade de decisões, como escolha de jogador, mudança de cultura, mudança de ambiente, reestruturação de toda área administrativa, sem errar. O nosso grande objetivo foi diminuir a margem de erro, com a convicção de que a gente tinha um projeto para o clube se reconstruir ao longo do tempo. E assim a gente vai se manter", disse o dirigente, em entrevista à Rádio 98FM.
"Não tenho expectativa desmedida de que a gente vai chegar à Série A e tomar conta e acertar em todas as contratações. A gente vai errar, mas a gente quer errar menos e ter a clareza de que a gente tem que aprender com o erro. O problema do futebol brasileiro é que muitas vezes os clubes não aprendem com o erro", completou o dirigente.
Pedro Martins enumerou os aspectos principais para o sucesso em 2022. "A gente acreditou que o nosso diferencial competitivo seria convicção no projeto: colocar a instituição acima de todos, não tem atleta maior do que o clube, não tem diretor e treinador maiores que o clube; ponto dois é você ter um norte com relação a como você quer jogar, quais as restrições desse modelo, tomando decisões em cima dele, como escolhas de treinador e de jogadores. A gente se apegou nestes pilares para tomar as decisões", destacou.
Mercado inflacionado
Com o acesso de Grêmio, Bahia e Vasco, o dirigente destacou que o mercado está ainda mais difícil. "Hoje, o mercado está extremamente inflacionado porque você tem clubes grandes que subiram e que terão que reconstruir seus elencos. Por isso, você pode esperar uma movimentação muito grande no mercado e isso gera inflação", disse.
Ele acrescentou: "A gente não tem pressa, mas sabe que é importante antecipar alguns cenários se isso for possível. A gente não vai querer tomar decisão de maneira apressada para entregar todos os jogadores que a gente está planejando no início da temporada, mas a gente sabe que o quanto antes isso acontecer é importante para criar um senso de equipe dentro e fora de campo".
Dificuldades em 2022
Pedro Martins disse que no início do ano, quando a equipe de Ronaldo assumiu, as dificuldades financeiras eram imensas. "A gente teve que tomar decisões difíceis porque tínhamos um cenário financeiro extremamente delicado. No início, fomos pegos de surpresa em diversos aspectos. Nosso principal compromisso era pagar salário em dia. O primeiro movimento que o clube fez foi pagar o 13º e a conta de luz, que estava para ser cortada. Não existe time vencedor se você não respeitar as constituições básicas de um clube de futebol saudável, então a gente foi muito fiel à nossa estrutura financeira, e a gente sabia que não dava para prometer o dinheiro e depois correr atrás, como a gente vê que acontece no futebol brasileiro", disse.
"Já vi gente dizendo que promete lá e se você subir paga a conta, parece que está em um cassino. Isso não existe. A gente teve que tomar decisões racionais, oferecendo o que poderia pagar. E foi isso em todos os casos, como o Fábio e os outros contratos. Isso não quer dizer que a gente não respeita a história dessas pessoas, desses atletas e tudo que eles fizeram para o Cruzeiro. A gente precisava pagar a conta em dia e montar uma equipe competitiva", finalizou.