Antes de Ronaldo Fenômeno adquirir 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o Cruzeiro convivia com problemas financeiros e não conseguia honrar seus compromissos, sofrendo punições na Fifa. Com a nova equipe de trabalho, a Raposa solucionou parte desses problemas, mas ainda há débitos por aquisições de atletas que podem gerar punições.
De acordo com o diretor de futebol do Cruzeiro, Pedro Martins, há uma área voltada para renegociar as dívidas com outras agremiações. Ele disse que o clube está preparado para não ser pego de surpresa com novas cobranças.
"O clube tem uma área que foi montada justamente para isso, para se antecipar e se estruturar com o pagamento de dívidas possíveis. Então, a gente não quer ser pego de surpresa nunca. O clube está com esse cenário devidamente levantado e se organizando para poder pagar dentro da sua capacidade e organização", disse.
Hoje, a dívida com o Pyramids, do Egito, pela compra do meia Rodriguinho, em 2019, é a que mais preocupa a direção celeste.
Na ocasião, o Cruzeiro se comprometeu a pagar US$ 7 milhões (R$ 26 milhões na época) em sete parcelas ao longo de três anos para ter o jogador. Desse montante, somente US$ 1 milhão foi pago, e o restante está em imbróglio na Fifa.
As demais parcelas deveriam ter sido quitadas em novembro de 2019 (500 mil dólares), fevereiro de 2020 (500 mil dólares) e maio de 2020 (1 milhão de dólares). O Cruzeiro ainda precisaria pagar uma parte em agosto de 2020 (500 mil dólares), outra em novembro de 2020 (500 mil dólares) e a última em janeiro de 2022 (3 milhões de dólares), quando o contrato de Rodriguinho já teria se encerrado.
Punições da Fifa
Em 2020, o Cruzeiro foi punido pela Fifa com a perda de seis pontos na Série B daquele ano e, em outras oportunidades, foi impedido de registrar jogadores. Tudo isso por dívidas contraídas durante as gestões dos ex-presidentes Gilvan de Pinho Tavares (2012 a 2017) e Wagner Pires de Sá (2018 e 2019).
Após assinar a compra definitiva da SAF, Ronaldo Fenômeno encontrou surpresas no caminho. O empresário precisou fazer investimentos na casa de R$ 25 milhões para pagamento de dívidas urgentes antes mesmo de efetivar a compra.
Os débitos foram referentes a Arrascaeta e Riascos com Defensor, do Uruguai, e Mazatlán (antigo Monarcas Morelia), do México. Por causa das pendências, o clube foi punido pela Fifa com o transfer ban, que impede o registro de jogadores no BID da CBF.
Depois disso, mais duas novas punições. O Cruzeiro também atrasou parcelas do acordo com o Independiente del Valle, do Equador, para o pagamento de dívida referente à contratação do zagueiro Kunty Caicedo, em 2016.
O clube mineiro também teve que pagar R$ 1,1 milhão ao Atlético-AC pela contratação por empréstimo do atacante Careca, em 2017. Por causa desse débito, foi impedido pela Câmara Nacional de Resoluções de Disputas de inscrever atletas no BID.