A torcida do Cruzeiro pôde respirar mais aliviada nessa quarta-feira (21/9), após a goleada por 3 a 0 sobre o Vasco, no Mineirão, em Belo Horizonte. Após duas tentativas frustradas de conquistar o acesso à Primeira Divisão (2020 e 2021), o clube celeste se ajustou e, finalmente, conseguiu superar o desafio da Série B do Campeonato Brasileiro, restando ainda sete rodadas para o fim do torneio.
Até o momento, a Raposa controla as principais estatísticas da competição, dentro e fora de campo. Além da campanha regular que levou o time à liderança isolada da Segundona, com 68 pontos, os mineiros têm o melhor retrospecto dentro e fora de casa, a defesa menos vazada, o ataque mais eficiente e a maior média de público.
Banho de água fria logo na estreia
No entanto, o Cruzeiro teve que batalhar muito para superar um começo de campeonato cheio de incertezas. Com grande expectativa depois da venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para Ronaldo Fenômeno, o torcedor recebeu um banho de água fria logo na estreia.
Ainda em processo de formação, o time celeste visitou o Bahia na 1ª rodada da Série B e foi dominado. Com dois gols de Victor Jacaré, já no segundo tempo, o Tricolor venceu por 2 a 0, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Naquele momento, o calvário vivido pelos cruzeirenses nos anos anteriores veio à tona novamente.
O Cruzeiro não se abalou com a derrota para os baianos e continuou trabalhando para superar a má impressão da estreia. Sob desconfiança da torcida, a equipe estrelada conseguiu vencer o Brusque por 1 a 0, no Mineirão. Na ocasião, 19.115 pessoas foram ao estádio.
A 3ª rodada da Segunda Divisão também não foi nada fácil para o Cruzeiro. Com gol de pênalti de Eduardo Brock, no fim do segundo tempo, o clube celeste empatou por 1 a 1 com o Tombense, no estádio Soares de Azevedo, em Muriaé, na Zona da Mata. O desempenho do time foi abaixo do esperado.
Formação tática ideal e volta por cima
O Cruzeiro engrenou de vez na Série B só a partir da 4ª rodada, quando derrotou o Londrina por 1 a 0, no Gigante da Pampulha. Para a partida contra os paranaenses, o técnico Paulo Pezzolano fez uma mudança no esquema tático da equipe que foi essencial na campanha do acesso. Ele escalou o time com três zagueiros, dois alas, dois volantes e três atacantes.
Com essa formação e algumas variações táticas durante os jogos, a Raposa emendou oito vitórias consecutivas na competição - contra Chapecoense (2 a 0), Grêmio (1 a 0), Náutico (1 a 0), Sampaio Corrêa (2 a 0), Criciúma (1 a 0), Operário (2 a 1) e CRB (2 a 0).
Derrota para o Vasco e alguns tropeços
A sequência invicta do Cruzeiro foi interrompida pelo Vasco, em 12 de junho. Os cariocas venceram o duelo válido pela 12ª rodada por 1 a 0, no Maracanã, no Rio de Janeiro. Na ocasião, as arquibancadas do estádio receberam 63.608 pessoas - o maior público desta edição da Série B.
Depois desse jogo, o Cruzeiro teve três compromissos em casa e venceu todos - contra Ponte Preta (2 a 0), Sport (2 a 1) e Vila Nova (2 a 0). No entanto, voltou a tropeçar longe de seus domínios: empatou com o Ituano (1 a 1) e perdeu para o Guarani (1 a 0).
Desde então, a Raposa está invicta. São 14 jogos sem derrota, sendo oito vitórias (Novorizontino, Bahia, Tombense, Londrina, Náutico, Operário, CRB e Vasco) e cinco empates (CSA, Brusque, Chapecoense, Grêmio e Criciúma).
Campanhas como mandante e visitante
Ao lado de seu torcedor, seja no Mineirão, no Independência ou até mesmo no Mané Garrincha, em Brasília, o Cruzeiro não sabe o que é derrota. O aproveitamento de 91,1% dos pontos disputados coloca a Raposa, de forma disparada, com a melhor campanha como mandante da Série B.
Foram 44 pontos somados de 48 possíveis - 16 jogos, 14 vitórias e dois empates. A trajetória dentro de seus domínios ajuda a explicar como o acesso matemático à elite foi conquistado com tamanha antecipação, a sete rodadas do fim.
O Cruzeiro também é dono da melhor campanha como visitante no torneio nacional. Nas 15 partidas disputadas longe da capital mineira, o clube estrelado teve seis triunfos, seis igualdades e três reveses - 53,33% de aproveitamento.
Ataque mais efetivo e defesa menos vazada
O time de Pezzolano também lidera outras duas estatísticas da Série B: dono do melhor ataque e da defesa menos vazada. Nos 31 jogos que já disputou, foram 44 gols marcados e apenas 16 sofridos. Os números ajudam a explicar a consistência e a constância da equipe no torneio.
Os demais times que compõem o G4 (Grêmio, Bahia e Vasco) completam a lista dos melhores nesses quesitos. Veja todas as estatísticas na classificação abaixo.
Maior média de público
A Raposa também é dona da melhor média de público da Segunda Divisão, com 40.002 pessoas por jogo. O clube mineiro também ganha nesta comparação com praticamente todos os adversários da Série A - perde apenas para Flamengo e Corinthians, donos das maiores torcidas do país.
No Mineirão, apenas os jogos contra Brusque, Londrina, Sport e Vila Nova não registraram públicos superiores a 40 mil torcedores.
Nos duelos contra Operário (52.751), Ponte Preta (58.076), Sampaio Corrêa (58.397), Criciúma (58.702) e Vasco (59.204), o público superou os 50 mil torcedores presentes. Já diante de Bahia (49.066), Novorizontino (46.890), Tombense (42.274) e CRB (42.004), foram mais de 40 mil pessoas no Gigante da Pampulha.
A média celeste poderia ser ainda maior. Isso porque em compromissos importantes, como diante do Grêmio e da Chapecoense, o Cruzeiro precisou mandar seus jogos fora do Mineirão pela agenda cheia do estádio.
Acesso em menos rodadas
O Cruzeiro também bateu outro recorde na Série B: é o time que conseguiu o acesso mais rápido da história do torneio. O clube celeste garantiu matematicamente a ida à Primeira Divisão faltando sete jogos para o fim.
Apesar de permanecer na Segunda Divisão por três temporadas, a Raposa foi muito superior aos adversários em 2022, chegou aos 68 pontos e não pode mais ser ultrapassado pelo quinto colocado. São 20 vitórias, oito empates e apenas três derrotas.
O recorde pertencia ao Corinthians, que garantiu o acesso à Série A, em 2008, com seis rodadas de antecedência do fim da Segunda Divisão. Os paulistas, então comandados por Mano Menezes, voltaram à elite ao derrotar o Ceará por 2 a 0 pela 32ª rodada.