Como Oliveira se tornou fundamental e convenceu Cruzeiro a comprá-lo

Lucas Oliveira chegou à Toca da Raposa II em fevereiro sem grande alarde. Era mais uma das várias contratações do novo Cruzeiro de Ronaldo, a 14ª até aquele momento. Aos poucos, porém, o zagueiro de 26 anos ganhou espaço, tornou-se titular absoluto e peça fundamental da equipe que lidera a Série B do Campeonato Brasileiro e caminha a passos largos rumo ao tão sonhado acesso.

Bastaram seis meses até que Oliveira "convencesse" o Cruzeiro de comprá-lo. O defensor chegou a Belo Horizonte por empréstimo do Atlético-GO até o fim da temporada.

As boas atuações, porém, despertaram o interesse de um clube dos Estados Unidos, que procurou os goianos e fez uma proposta. Diante desse cenário, a diretoria celeste antecipou o planejamento e decidiu discutir os termos para adquirir os direitos econômicos do zagueiro.

Cruzeiro e Atlético-GO conversam, desde o início desta semana, sobre a negociação de 70% de Oliveira. Apesar do interesse estrangeiro, a tendência é que o defensor se mantenha no Brasil.

Esse é o desejo do clube goiano - e de seu presidente Adson Batista, que quer priorizar a Raposa justamente para estreitar o vínculo com a diretoria liderada por Ronaldo, sócio-majoritário da SAF celeste. As tratativas devem ter um desfecho positivo em breve.

Nascido no Rio de Janeiro, Oliveira iniciou a carreira no Tigres do Brasil, time de Duque de Caxias (RJ). Em 2017, o zagueiro passou a ter oportunidades frequentes na equipe profissional graças à observação do ex-meio-campista e atual comentarista Pedrinho, auxiliar técnico do time na época.

"No juniores tinha um moleque chamado Oliveira. Ele era um zagueiro todo desengonçado e grandão", contou, ao ge.

"Deram a bola nele e ele cortou o atacante, aí eu já gostei. Depois disso, eu cheguei para o Felipe (ex-meia e atual treinador) e falei: 'Tem um moleque ali que joga bem, tem personalidade, dá esporro em todo mundo, mesmo com pressão ele arrisca o passe bem feito'. Aí o Felipe pediu para subir ele para o profissional... E eu fiquei muito feliz de ver ele fazendo sucesso agora no Cruzeiro", completou.

Antes de chegar ao Cruzeiro, porém, Oliveira passou rapidamente pelo Bangu e, em seguida, pelo Atlético-GO. No clube goiano, disputou duas vezes a Série B, conseguiu o acesso em 2019 e, nos dois anos seguintes, alternou entre titularidade e reserva na Primeira Divisão.

Em fevereiro deste ano, viu-se diante da possibilidade de defender gigantes do futebol brasileiro, só que novamente na Série B. Vasco e Cruzeiro o procuraram, mas o 'fator Ronaldo' o convenceu.

"O (então) treinador (do Vasco) me ligou, o Zé (Ricardo), que é um cara que já eu já tinha trabalhado um pouco com ele, na base. Mas o Cruzeiro me chamou atenção porque é um clube muito grande no Brasil, não desmerecendo o Vasco, que também é, mas acho que o que pesou mais foi o Ronaldo Fenômeno assumir aqui", disse, à época.

Depois de um semestre, os papéis se inverteram: foi a vez de Oliveira convencer Ronaldo. O defensor assumiu a titularidade da zaga cruzeirense poucos dias depois de desembarcar em BH e de lá não saiu mais.

Seja com dois ou três zagueiros, ele é peça recorrente nas escalações do técnico Paulo Pezzolano. Jogou 33 das 41 partidas do time no ano (32 como titular) e marcou um gol.

É um dos principais jogadores da Série B, não apenas do Cruzeiro. Disputou 19 dos 21 jogos do Cruzeiro e tem números relevantes.

É o atleta com mais interceptações por partida (2,4). Na saída de bola, é fundamental para o sistema de Pezzolano. Não à toa, lidera outras duas estatísticas na competição: acerto de passes por jogo (59, com 87% de precisão) e acerto de bolas longas por jogo (8,8).

No ambiente da Toca da Raposa, também se sai bem. Tem o respeito dos companheiros e, com um jeito descontraído, conquistou torcedores do Cruzeiro. Ao longo da até aqui bem-sucedida campanha celeste na Série B, protagonizou um momento engraçado ao comemorar a vitória sobre o Náutico - que levou o time celeste à liderança - com o meme "eu gostum", do tiktoker Biris da Chapada.

Bem em campo e descontraído fora dele, deverá ganhar, em breve, um novo contrato.