O Conselho Deliberativo do Cruzeiro autorizou a inclusão das Tocas da Raposa I e II no acordo para venda de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol a Ronaldo Fenômeno. Em troca, a Tara Sports, empresa do ex-camisa 9 da Seleção Brasileira, assumirá a dívida tributária da associação civil. Afinal, foi um bom negócio para a Raposa?
De acordo com Pedro Mesquita, head de investimentos da XP e representante do Cruzeiro na negociação, os centros de treinamento foram avaliados em R$ 108 milhões por uma empresa contratada pelo grupo de Ronaldo. O valor corresponde de 54% a 60% do passivo calculado entre R$ 180 milhões e R$ 200 milhões (parcelas mensais acima de R$ 1 milhão até 2032).
No dia 16 de março, o Superesportes fez uma estimativa sobre quanto os patrimônios poderiam render com base no preço por metro quadrado dos lotes nos bairros Trevo e Bandeirantes em anúncios nos sites Lugar Certo, VivaReal, Casa Mineira e Imovelweb.
O montante apurado foi de R$ 150,4 milhões, sendo R$ 84 milhões pela Toca I (R$ 1.400,00 o m²) e R$ 66,4 milhões pela Toca II (R$ 800 o m²). Ou seja, ainda insuficiente para cobrir as pendências com a Fazenda Nacional.
Outro ponto de atenção em relação à Toca II é que o terreno de 83 mil metros quadrados é composto por vários lotes - alguns regularizados, outros não. Em entrevista à Rádio 98, Bruno Volpini, advogado que participou da constituição da SAF, explicou o cenário atual.
“Nós temos no Direito que o que dá propriedade a alguém é o registro. Lá é um conjunto de lotes, conjunto de matrículas e nem todas as matrículas estão registradas no nome da associação. Existe discordância com algumas. A posse já é exercida pelo Cruzeiro de forma mansa e pacífica por mais de 20 anos. Se houvesse discussão jurídica, o Cruzeiro poderia invocar para si um usucapião em defesa”.
“O que se tem de verdade é a falta de registro em nome da associação dos imóveis, dos terrenos que compõem a Toca II. O que se pretende agora, através do negócio com o Ronaldo, é se registrar, regularizá-lo para que se possa ser transferido para propriedade da SAF a Toca II e a Toca I”.
Ronaldo pediu a inserção dos CTs no negócio para evitar penhoras e garantir o local de trabalho ao time principal e à base. Ele afirmou que não pretende alienar os imóveis ao mercado imobiliário. Se ainda assim receber uma oferta muito boa, prometeu que a associação civil terá participação na decisão e em eventual lucro.
Em breve Ronaldo assinará a compra de 90% das ações da SAF do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões pelos próximos cinco anos. Ele aportará R$ 50 milhões de imediato e outros R$ 350 milhões de recursos próprios ou receitas incrementais acima da média de faturamento de 2017 a 2021 (deve girar em torno de R$ 220 milhões).
Acordo
Em breve Ronaldo assinará a compra de 90% das ações da SAF do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões pelos próximos cinco anos. Ele aportará R$ 50 milhões de imediato e outros R$ 350 milhões de recursos próprios ou receitas incrementais acima da média de faturamento de 2017 a 2021 (deve girar em torno de R$ 220 milhões).
Desta forma, se o Cruzeiro em determinado ano obtiver um ganho de R$ 300 milhões com a atividade esportiva (vendas de atletas, direitos de TV, publicidade, premiação, bilheteria, sócio, etc), será como se o Fenômeno tivesse aplicado R$ 80 milhões.
No fim de janeiro, o empresário pagou R$ 26 milhões em débitos na Fifa referente às aquisições de Arrascaeta (Defensor-URU) e Riascos (Mazatlán-MEX, antigo Monarcas Morelia), em 2015, e Rafael Sobis (Tigres-MEX), em 2016. A quantia é parte dos R$ 50 milhões de entrada no negócio.
Agora, Ronaldo liberará R$ 24 milhões para o Cruzeiro, que usará pouco mais da metade para solucionar os débitos com Independiente del Valle, do Equador, pelo zagueiro Caicedo (R$ 12 milhões), e Atlético-AC pelo atacante Careca (R$ 1,1 milhão). Os imbróglios geraram sanções para o clube na Fifa, na CNRD e na CBF.
Agora, Ronaldo liberará R$ 24 milhões para o Cruzeiro, que usará pouco mais da metade para solucionar os débitos com Independiente del Valle, do Equador, pelo zagueiro Caicedo (R$ 12 milhões), e Atlético-AC pelo atacante Careca (R$ 1,1 milhão). Os imbróglios geraram sanções para o clube na Fifa, na CNRD e na CBF.
A empresa do ex-centroavante ainda terá de repassar 20% de suas receitas mensais para a amortização do passivo do clube, hoje em torno de R$ 1 bilhão, mas com possibilidade de redução por meio de negociação junto aos credores.