O Superesportes preparou este resumão com a cronologia da venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) a Ronaldo e o surgimento de pontos de desgaste entre a Mesa Diretora do Conselho Deliberativo com o Fenômeno, a XP Investimentos, responsável pela captação, e o presidente Sérgio Rodrigues.
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- Em 18 de dezembro de 2021, Ronaldo anunciou uma proposta vinculante de R$ 400 milhões para aquisição de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro por meio da empresa Tara Sports, da Espanha. A intermediária da negociação foi a XP Investimentos, empresa contratada pelo clube para fazer a captação de investidores.
- O anúncio da venda da SAF a Ronaldo no dia seguinte à aprovação, por parte da Assembleia Geral, para a negociação de 90% das ações, gerou mal-estar na cúpula do Conselho e empresários que participavam da Comissão de Apoio para Constituição da SAF. Nenhum deles foi comunicado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues da negociação com o Fenômeno.
- Em 21 de dezembro de 2021, Pedro Mesquita, head de investimentos da XP, declarou ao canal do jornalista Jorge Nicola que Ronaldo, na verdade, entrará numa operação de R$ 1,4 bilhão ao comprar 90% da SAF. O executivo do banco explicou que a quantia é a soma dos R$ 400 milhões a serem aportados e a dívida atual de R$ 1 bilhão da associação civil.
- Montada a equipe de transição da associação civil para a SAF, Ronaldo assumiu controle do futebol em janeiro deste ano. Desde então, anunciou uma nova comissão técnica, exigiu renegociação dos contratos com atletas, dispensou reforços já anunciados e abriu mão do goleiro Fábio, maior ídolo da torcida e prestes a completar inéditos mil jogos pela instituição. A torcida se revoltou e culpou Paulo André, braço direito de Ronaldo.
- Com Ronaldo no comando da SAF, o Cruzeiro enxugou a folha e voltou a pagar salários em dia para funcionários e profissionais do futebol. Em 24 de janeiro, o novo dono ainda arcou com o pagamento de R$ 23 milhões de dívidas na Fifa e encerrou o transfer ban. Assim, o clube pôde registrar reforços.
- Nesse período de gestão transitória, o Fenômeno também conseguiu alavancar a subida do número de sócios do futebol. Em campo, sob o comando do uruguaio Paulo Pezzolano, o Cruzeiro tem mostrado grande evolução tática e tem colhido bons resultados. A meta principal no ano é o acesso à Série A do Brasileiro. Brigar pelo título mineiro e ir o mais longe possível na Copa do Brasil também são ambições.
O início do imbróglio
- Em 14 de março, o Superesportes divulgou, em primeira mão, que Ronaldo demandou nova convocação da Assembleia Geral do Cruzeiro para tentar aprovar ajustes em sua proposta de compra da SAF.
- O Fenômeno deseja que as Tocas da Raposa I e II, patrimônios da associação, sejam transferidas para a SAF, o que exige aprovação do órgão colegiado. Em contrapartida, ele assumiria a dívida tributária de cerca de R$ 180 milhões que o clube tem com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
- Ronaldo afirmou que outro pedido feito aos conselheiros foi a aprovação de uma Recuperação Judicial ou Extrajudicial da associação, que tem dívida bilionária.
- Em resposta à proposta de Ronaldo, a Mesa Diretora do Conselho emitiu uma nota, em 16 de março, e expôs dados até então inéditos (e confidenciais) das negociações da SAF. No documento, os 11 signatários consideraram a negociação com Ronaldo lesiva ao clube e desproporcional.
- A Mesa Diretora do Conselho pontuou que, em vez de aportar R$ 400 milhões com recursos próprios, Ronaldo investiria R$ 50 milhões no momento da concretização do negócio e R$ 350 milhões por meio de receitas "incrementais" que seriam geradas pela própria SAF no futuro.
- Ainda segundo a Mesa Diretora do Conselho, Ronaldo não iria assumir qualquer valor da dívida do clube e, ainda assim, ficaria desde o início do processo como detentor de 90% da participação acionária da SAF. Os conselheiros pediram maior equilíbrio na negociação com o Fenômeno.
- A XP Investimentos, responsável pela intermediação da compra de 90% das ações da SAF por Ronaldo, manifestou-se após a nota da Mesa Diretora do Conselho e rebateu, alegando que houve "interpretações errôneas" das informações confidenciais relativas ao contrato.
- Em 17 de março, Ronaldo também se posicionou sobre a nota da Mesa Diretora do Conselho, que considerou sua compra desproporcional e prejudicial ao Cruzeiro. Em carta aberta, o Fenômeno confirmou a informação publicada pelos conselheiros de que seu aporte inicial é de R$ 50 milhões e que outros R$ 350 milhões podem vir de incremento de receitas (da SAF) ou de aporte direto".
- Ronaldo ainda criticou a postura da Mesa Diretora de tornar públicas informações confidenciais e lembrou que 20% receitas incrementais da SAF vão para a associação. "A lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão", declarou.
- Presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues também contestou as alegações da Mesa Diretora do Conselho e afirmou que a venda da SAF a Ronaldo não tem condições lesivas ao clube. Ele pediu um voto de confiança à torcida e pediu apoio para aprovação dos ajustes no contrato em nova Assembleia Geral.
- Em reportagem, o Superesportes esclareceu que a Toca da Raposa II não poderá ser penhorada em caso de calote do Cruzeiro à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). No acordo firmado com a União em 2020, o clube deu como garantias imobiliárias outros espaços. Há também cauções, como contratos de TV, rendas de sócios e venda de jogadores, entre outros.