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Cruzeiro tem dívidas com time de bilionário e com equipe que passa apuros

Veja as situações de Mazatlán, do México, e o Defensor, do Uruguai; os dois clubes esperam pagamentos de dívidas do Cruzeiro

23/01/2022 16:07 / atualizado em 23/01/2022 19:02
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O bilionário Ricardo Salinas Pliego com a terceira camisa do Mazatlán
foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

O bilionário Ricardo Salinas Pliego com a terceira camisa do Mazatlán


Cruzeiro diz que está próximo de fazer acordos com o Mazatlán, do México, e com o Defensor, do Uruguai, para solucionar o problema do transfer ban, que impede o clube de registrar os atletas contratados nesta temporada. O Superesportes investigou as situações esportiva e financeira dos dois clubes com jornalistas que acompanham o futebol nos dois países.

O Mazatlán, do México, nunca fez negócio com o Cruzeiro. Porém, o clube é sucessor do Monarcas Morelia, que vendeu o atacante Riascos ao time celeste, em 2015. No futebol mexicano, os clubes são franquias como nos esportes norte-americanos, sendo comum as trocas de donos, de cidades e de nome.

Em 2 de junho de 2020, a Liga MX, que organiza o futebol mexicano, recebeu a solicitação da substituição de nome, bem como da sede do Club Atlético Morelia. O time deixou Morelia, na região da Baixa Califórnia, rumo a Mazatlán, no litoral Norte do México. A nova denominação é Mazatlán Fútbol Club, que também trocou de cores, deixando o laranja e o amarelo, do Morelia, passando a vestir roxo e preto. 

Desde 1999, o clube é de propriedade do Grupo Salinas, do bilionário Ricardo Salinas Pliego. De acordo com a revista Forbes de 2021, a fortuna do empresário estava avaliada em 12,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 69 bilhões) no ano passado.

Ricardo Salinas Pliego é dono de um conglomerado que inclui um grande banco (Azteca) e uma das maiores TVs do país (TV Azteca). A grande empresa do grupo é a Elektra, rede mexicana varejista de produtos eletrodomésticos e móveis.

Ricardo Salinas Pliego em um dia de golf em Las Vegas
foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Ricardo Salinas Pliego em um dia de golf em Las Vegas


"Não é uma equipe forte no México, está sempre do meio da tabela para baixo, mas, por ser um time de uma rede de televisão, isso ajuda a ter mais difusão na imprensa", disse Alejandro Flores, jornalista mexicano. "O Mazatlán parece ter boa saúde financeira, já que é administrado por um grupo que não joga para perder nos negócios", acrescentou.

No Clausura 2021/2022, o Mazatlán ficou em 13º lugar, com 17 pontos em 17 jogos. No atual Apertura, o clube está na 16ª posição, com zero ponto em dois jogos. Ao todo, 18 clubes disputam o Campeonato Mexicano.

Defensor


Arrascaeta quando defendia o Defensor do Uruguai, em 2014
foto: AFP

Arrascaeta quando defendia o Defensor do Uruguai, em 2014


Assim como o Cruzeiro, o Defensor vive uma das maiores crises de sua história. O clube uruguaio disputou a Segunda Divisão na última temporada. Na primeira fase, ficou em quarto lugar, com 37 pontos, atrás de Racing (38), Danubio (41) e Albion (44). Nos playoffs, o ex-time de Arrascaeta bateu Cerro e Racing e conseguiu uma vaga na elite do futebol uruguaio.

"O Defensor passa por um momento econômico muito difícil há alguns anos. Disputou a última Série B e conseguiu subir. Tem um time com muitos jogadores jovens, não tem dinheiro para fazer investimentos como os grandes clubes daqui", disse o jornalista Guillermo Lorenzotti.

O Superesportes entrou em contato com o presidente do Defensor, Alberto Ward, mas ele preferiu não falar sobre a dívida do Cruzeiro. Ainda não foi informado à imprensa se a totalidade do dinheiro ficará com o clube ou se o empresário Daniel Fonseca, que negociou Arrascaeta com o Cruzeiro, terá participação na quantia.

A Polícia Civil investiga possíveis irregularidades na transferência, na renovação e na venda de Arrascaeta, nas administrações de Gilvan de Pinho Tavares e de Wagner Pires de Sá.

Aumento da dívida

Jogadores do Cruzeiro na temporada 2022



As dívidas do Cruzeiro com Defensor e Mazatlán quase dobraram por causa dos atrasos. O valor inicial era de 1,151 milhão de euros por Arrascaeta (R$ 7,2 milhões) e US$ 1 milhão por Riascos (R$ 5,5 milhões), totalizando R$ 12,7 milhões.

Em janeiro de 2015, o Cruzeiro aceitou pagar 4 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos de Arrascaeta - R$ 12 milhões com o euro a R$ 3.

Do total, 2 milhões foram emprestados pelo empresário Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, e outros 2 milhões parcelados em 29 vezes de 70 mil euros. O Cruzeiro quitou apenas 13 mensalidades, por isso o Defensor requereu as 16 restantes na Fifa.

Em janeiro de 2019, na gestão do trio Wagner, Itair e Serginho, o Cruzeiro vendeu Arrascaeta por mais de R$ 55 milhões. Apesar disso, a Raposa não quitou a dívida com o time de Montevidéu.

Por sua vez, Riascos foi comprado pelo Cruzeiro também em 2015. O clube topou pagar US$ 3 milhões por 50% dos direitos (R$ 7,8 milhões com o dólar a R$ 2,63). O Morelia recebeu apenas US$ 2 milhões (R$ 5,26 milhões), reclamando o restante na Fifa.

Na cotação de janeiro de 2015, a soma das cifras em aberto por Arrascaeta e Riascos seria de R$ 6 milhões. Com a correção e a variação cambial (o real perdeu valor em comparação às moedas estrangeiras), o total hoje atinge cerca de R$ 23 milhões.

Orçamento de clubes da Série B em 2022



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