Ronaldo concedeu a primeira entrevista como gestor da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro. Durante mais de 28 minutos, o ex-camisa 9 da Seleção Brasileira comentou os caminhos para a recuperação financeira do clube onde iniciou a carreira, em 1993. O primeiro passo foi reduzir as despesas do futebol em mais de 60%, sem contudo deixar de montar um elenco competitivo que brigue pelo acesso à Série A. No futuro, o Fenômeno espera que a Raposa volte a lutar por títulos importantes e possa liquidar a dívida calculada atualmente em mais de R$ 1 bilhão. Leia a íntegra da coletiva desta terça-feira.
“É uma honra depois de tantos anos voltar a Belo Horizonte e ao Cruzeiro, onde foi a minha casa há um bom tempo. Não conhecia a Toca da Raposa II, onde nós estamos agora. Vi as instalações e queria dar uma visão do que encontrei aqui hoje. Logicamente, são as primeiras impressões. Umas instalações boas que, obviamente, uma coisa ou outra podemos melhorar e dar melhor conforto aos atletas, melhorar a praticidade dos atletas, o convívio dos funcionários. Há muitas coisas que podemos melhorar dentro da estrutura atual da Toca da Raposa II. Mas a primeira impressão é muito boa”.
Contato com os jogadores
“Cumprimentei os atletas no primeiro treinamento de hoje. É um período de treinamento que eu, quando era jogador, não gostava nada. É uma época de muito sofrimento para os atletas, que voltam de férias, enfim. Estão nesse sofrimento”.
Saída de Fábio
“O Fábio foi e sempre vai ser sempre um ídolo para o Cruzeiro e para a torcida cruzeirense. Nós, diante do cenário atual, fizemos um esforço muito grande para oferecer uma proposta decente a ele, respeitando sua história no clube, sua trajetória, e, infelizmente, durante a negociação, houve uma negativa por parte dele. Isso também nos pegou de surpresa, mas entendemos que todo o sacrifício que deveríamos ter feito, foi feito”.
“Temos que virar a página e seguir adiante. Os desafios do clube são gigantes. A dívida que encontramos... E cada dia que abrimos a gaveta encontramos alguma surpresa negativa. Ainda neste processo de análise do clube, a gente está fazendo o máximo para mudar o padrão do clube. O clube que, principalmente nos últimos três anos, contraiu uma dívida milionária, bilionária eu diria”.
“Todo o esforço que a gente poderia ter feito para manter o Fábio e oferecer a ele um período para ele se despedir da torcida, da casa que foi sua durante muitos anos, foi feito esse esforço. Uma pena que não chegamos a um acordo. Mas precisamos seguir adiante. O Cruzeiro é maior do que qualquer atleta, qualquer nome que você possa imaginar, o Cruzeiro tem que ser sempre o protagonista”.
'Paciente na UTI'
“Na nossa gestão, o que entendemos é que o Cruzeiro tem que gastar somente aquilo que arrecada. Infelizmente, o cenário hoje é bem complicado, com receitas dos próximos dois anos já antecipadas, inclusive já gastas. Encontramos um cenário trágico no clube, mas precisamos estancar o sangramento. Temos que cuidar. O Cruzeiro é um paciente em estado grave, na UTI e estamos oferecendo o tratamento necessário para que saia o mais rápido possível desta condição. Que possamos fazer o máximo para que o Cruzeiro seja o clube grande que merece ser”.
Pagar dívidas e buscar novas receitas
“O que vamos buscar é sanear o clube. É encontrar o equilíbrio de receita e custo. É o nosso primeiro desafio. Logicamente, encontrando um cenário em que as receitas estão antecipadas e gastas, teremos de buscar novas receitas para fazer com que o clube tenha seu funcionamento adequado”.
“Não quer dizer que não teremos uma equipe competitiva. Pelo contrário: estamos trabalhando para que tenhamos uma equipe muito competitiva através do Pedro Martins (diretor executivo), do Paulo André (responsável pela coordenação do futebol) e do Paulo Pezzolano (treinador). Estamos tentando encontrar jogadores com o custo que se encaixe na realidade do clube, porém competitivos e que nos possibilite ao longo do ano voltar à primeira divisão, nosso principal objetivo”.
Início da reestruturação financeira
“Ainda estamos no processo de análise do clube. Temos uma oferta de compra, no qual a gente ainda está nesse processo de análise do clube. Estamos descobrindo ainda, abrindo todas as gavetas do clube para entender a real situação”.
“Posso adiantar que a situação é muito dura, muito difícil. Vamos precisar de um período longo, de no mínimo um ano a dois anos para encontrarmos um certo equilíbrio no clube. Mas de qualquer maneira, estou muito animado, sou entusiasta de que podemos fazer um time competitivo para buscar os resultados esportivos que esperamos para este ano”.
Cronograma da aplicação de R$ 400 milhões
“Como eu disse antes, nós ainda estamos descobrindo o tamanho do buraco que existe no clube. As necessidades vão aparecer, mas, de imediato, temos algumas dívidas que não podem ser ignoradas e que cumpriremos com elas, que são as dívidas com clubes que podem sofrer (o Cruzeiro) o transfer ban. Essas dívidas, inicialmente, para os anos de 2022 e 2023, elas totalizam um valor de R$ 140 milhões. Não que seja esse valor diretamente pago aos clubes, tem um parcelamento, e ainda temos a possibilidade ainda de negociar com os clubes e vamos procurar fazer.”
“Não existe ainda o planejamento de aporte financeiro ao clube. Primeiro nós estamos criando um novo padrão de gestão no clube, eu acho que é o mais importante, é a maior ajuda que podemos dar neste momento ao clube, é criar esse novo padrão de gestão. Um padrão de gestão eficiente, sustentável. Acho que essa é a principal mensagem que posso deixar ao nosso torcedor”.
“Aqui nós faremos uma gestão totalmente eficiente, não gastaremos nem um centavo a mais do que arrecadaremos. Logicamente que vou cumprir com os meus compromissos contratuais de acordo com a aquisição da SAF. Portanto, quando tiver algum planejamento ou cronograma em relação a isso, vamos voltar a falar e deixar isso um pouco mais claro e transparente para vocês”.
“Tecnicamente, sim (tem chance de volta atrás). No contrato há essa saída. Mas está longe da minha cabeça, do meu pensamento, desistir do projeto. No momento nós estamos realmente no processo de análise do clube, entender o tamanho do buraco, da dívida, entender os credores, enfim, tem muita coisa por entender ainda no clube. Mas o meu desejo é continuar e ficar aqui até fazer com que o clube volte a ser grande igual era antes”.
“Lógico que esse é o nosso objetivo: fazer com que o clube dispute grandes títulos, grandes competições e que seja protagonista no Brasil e na América do Sul na Libertadores. É o nosso objetivo a médio e longo prazo. Em curto prazo, o objetivo é pensar em voltar à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Para isso, nosso planejamento é reduzir custos em todas as esferas do clube, fazer um novo padrão de gestão e transmitir esse novo padrão a todos os funcionários, atletas e colaboradores do clube. A partir daí, com gestão eficiente e sustentável, pensamos a médio e longo prazo disputar todos os títulos que o clube merece”.
“Aqui nós faremos uma gestão totalmente eficiente, não gastaremos nem um centavo a mais do que arrecadaremos. Logicamente que vou cumprir com os meus compromissos contratuais de acordo com a aquisição da SAF. Portanto, quando tiver algum planejamento ou cronograma em relação a isso, vamos voltar a falar e deixar isso um pouco mais claro e transparente para vocês”.
Possibilidade de desistência de comprar a SAF
“Tecnicamente, sim (tem chance de volta atrás). No contrato há essa saída. Mas está longe da minha cabeça, do meu pensamento, desistir do projeto. No momento nós estamos realmente no processo de análise do clube, entender o tamanho do buraco, da dívida, entender os credores, enfim, tem muita coisa por entender ainda no clube. Mas o meu desejo é continuar e ficar aqui até fazer com que o clube volte a ser grande igual era antes”.
Em quanto tempo o Cruzeiro brigará novamente por títulos?
“Lógico que esse é o nosso objetivo: fazer com que o clube dispute grandes títulos, grandes competições e que seja protagonista no Brasil e na América do Sul na Libertadores. É o nosso objetivo a médio e longo prazo. Em curto prazo, o objetivo é pensar em voltar à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Para isso, nosso planejamento é reduzir custos em todas as esferas do clube, fazer um novo padrão de gestão e transmitir esse novo padrão a todos os funcionários, atletas e colaboradores do clube. A partir daí, com gestão eficiente e sustentável, pensamos a médio e longo prazo disputar todos os títulos que o clube merece”.
Prazo para pagamento das dívidas na Fifa
“Não tenho aqui exatamente a programação do transfer ban. Mas, como disse antes, são R$ 140 milhões para 2022 e 2023. De imediato, para o fim de janeiro, temos uma obrigatoriedade de pagar R$ 23 milhões. Durante este ano e o próximo, alcançaremos o valor de R$ 140 milhões de transfer ban. É uma dívida que dificilmente poderá ser negociada, mas vamos tentar negociar e entender um pouco das outras dívidas. Nosso compromisso é cumprir com todas as dívidas que nos correspondem”.
“Estamos trabalhando com muitos nomes. O Pedro (Martins, executivo de futebol), o Paulo André e o Paulo Pezzolano estão trabalhando dia e noite pensando no melhor para o clube. Com certeza encontraremos nomes a altura do clube”.
“Realmente é muito pior do que eu imaginava. É importante que todos estejamos na mesma página para entender que a situação do clube é muito difícil. Mas tenho certeza que com essa gestão eficiente, com um novo planejamento de marketing e com o apoio de nossa torcida vamos conseguir receitas novas e cumprir o pagamento das dívidas dentro dos prazos”.
“É o nosso principal objetivo voltar à elite do Campeonato Brasileiro. Nós vamos ter sim uma equipe competitiva e precisamos pensar no acesso à Primeira Divisão. Nossa obrigação é buscar esse objetivo. Um clube da grandeza do Cruzeiro e de seus torcedores merece estar na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. É isso que vamos buscar”.
Busca por um goleiro
“Estamos trabalhando com muitos nomes. O Pedro (Martins, executivo de futebol), o Paulo André e o Paulo Pezzolano estão trabalhando dia e noite pensando no melhor para o clube. Com certeza encontraremos nomes a altura do clube”.
Orçamento do clube para 2022
“Assim que anunciamos a compra da SAF, começamos a mergulhar no que era o orçamento do ano do clube. A primeira coisa que encontrei foi um orçamento de R$ 90 milhões com uma receita de R$ 60 milhões, que, inclusive, está gasta. É uma conta que não bate, não entra na minha cabeça o funcionamento de um clube assim. Já fizemos um planejamento do que queremos para a área esportiva em termos de direcionamento”.
“Conseguimos com um grande esforço, inclusive de muitos atletas que aceitaram renegociar o contrato, e aqui eu deixo um agradecimento especial a esses atletas que entenderam a situação gravíssima do clube. Hoje nós baixamos o orçamento para R$ 35 milhões, quase três vezes menos. Ainda temos muito trabalho a fazer, muitos cortes a fazer. É um momento de reações impopulares, mas que são extremamente necessárias para que o clube volte a ser grande como não deveria ter deixado de ser”.
Cenário pior do que o imaginado
“Realmente é muito pior do que eu imaginava. É importante que todos estejamos na mesma página para entender que a situação do clube é muito difícil. Mas tenho certeza que com essa gestão eficiente, com um novo planejamento de marketing e com o apoio de nossa torcida vamos conseguir receitas novas e cumprir o pagamento das dívidas dentro dos prazos”.
Objetivo de subir à Série A já em 2022
“É o nosso principal objetivo voltar à elite do Campeonato Brasileiro. Nós vamos ter sim uma equipe competitiva e precisamos pensar no acesso à Primeira Divisão. Nossa obrigação é buscar esse objetivo. Um clube da grandeza do Cruzeiro e de seus torcedores merece estar na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. É isso que vamos buscar”.
Planejamento para voltar a brigar por títulos
“O que a gente almeja lá na frente. Mas temos que respeitar as primeiras etapas e ir passo a passo rumo ao nosso primeiro objetivo, que é voltar à elite do Campeonato Brasileiro. Daremos o nosso melhor na Série B para conquistar o objetivo de subir à Série A do Campeonato Brasileiro”.
Apoio dos torcedores à administração da SAF
“Nosso principal pilar é o torcedor. É para quem vamos fazer todo o sacrifício para que o clube volte a ser grande. Queremos que o torcedor volte ao estádio e faça parte dos nossos programas de sócio. Encontramos o clube com apenas 10 mil sócios. Acho um número muito pequeno para a grandeza do Cruzeiro. Hoje estamos chegando a 15 mil sócios, ainda acho baixo para a grandeza do clube. Mas, naturalmente, nosso torcedor espera uma reação nossa”.
“A reação começou, a gestão eficiente terá resultado e nós contamos muito com o torcedor para que possamos dar essa virada juntos. O torcedor será nosso pilar absoluto e nossa grande fortaleza. Queremos contar com o torcedor apoiando o time nos jogos. Sabemos que no início encontraremos dificuldades num período de adaptação, então quero pedir ao torcedor que nos dê voto de confiança, apoie nosso time e nossa gestão. Só assim voltaremos a ser grandes como éramos antes”.