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Quem é e como pensa Pedro Martins, perto de assumir o futebol do Cruzeiro

Vice-presidente de competições da Federação Paulista de Futebol, executivo tem passagens por Athletico-PR e Ferroviária

30/12/2021 11:46 / atualizado em 30/12/2021 11:58
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Pedro Martins tem conversa avançada com o Cruzeiro para assumir cargo na SAF
foto: CBF/Divulgação

Pedro Martins tem conversa avançada com o Cruzeiro para assumir cargo na SAF

Em busca de um executivo de futebol, o Cruzeiro voltou suas atenções para o nome de um novo profissional. Após negociar com Alexandre Pássaro, ex-Vasco, a equipe de Ronaldo avançou nas tratativas com Pedro Martins, vice-presidente de competições da Federação Paulista de Futebol.

A informação de um acordo próximo foi divulgada inicialmente pelo GE e confirmada ao Superesportes por pessoas ligadas ao profissional. O acerto deverá ser anunciado nos próximos dias.  

Formado em administração de empresas e com MBA em Indústria do Futebol pela Universidade de Liverpool, Pedro iniciou sua carreira no mundo do futebol no Athletico-PR. Ele ainda acumula passagens pela Ferroviária, do interior de São Paulo. 

Em novembro de 2020, durante entrevista ao podcast The Pitch Invaders, do Footure, Pedro deu detalhes de sua formação e dos trabalhos desenvolvidos ao longo da carreira. 

"Tive a facilidade de conseguir um relacionamento muito cedo com o Athletico-PR. (...) Eu fui estagiário de todas as áreas no clube. Fui atendente do sócio-torcedor, passei pela cozinha do CT, almoxarifado e áreas do departamento de marketing. Então fui amadurecendo, crescendo como pessoa e profissional dentro do clube. Sou eternamente grato às pessoas e ao (Mário Celso) Petraglia (presidente do clube) por ter aberto essa porta", diz. 

"Eu termino minha primeira passagem pelo Athletico-PR como inteligência de mercado, na área comercial. Minha busca era por potenciais patrocinadores para o clube", conta Pedro. "Saio por vontade de querer aprender mais. Recebo uma oportunidade no Olé Brasil, de Ribeirão Preto-SP, que foi comprado por um grupo de empresários. Fiquei apenas sete meses, mas foi um aprendizado muito legal de um clube que havia sido comprado com pensamento muito grande", relata.

Em dezembro de 2009, após deixar o Olé Brasil, Pedro foi para a Inglaterra estudar Indústria do Futebol na Universidade de Liverpool. No mesmo período, entre 2011 e 2012, o profissional passou por um estágio no Queens Park Rangers, de Londres.  

"Peguei um momento especial na vida do clube. Rodei toda a área de operação de jogo, pegava o ticket dos torcedores para passar na catraca, passei pela área de segurança... O clube estava subindo para a Premier League, havia sido adquirido por um grupo de empresários da Fórmula 1", contou o executivo. 

"Ideia do clube maior que as pessoas"


Em 2013, Pedro recebeu o convite para retornar ao Athletico-PR. O principal projeto na segunda passagem pelo Furacão foi a criação do Departamento de Informação do Futebol (DIF).

"Crio ali junto com o Willian Thomas a concepção, que inicialmente foi compreendida como um departamento de análise de mercado, mas que, na realidade, a gente centralizava todo o norte conceitual de futebol do clube dentro de um único setor. Assim, a gente conseguiria proteger o planejamento estratégico do clube", explica. 

Ao longo da participação no The Pitch Invaders, Pedro também falou sobre o que pensa sobre futebol. A cultura de troca constante de treinadores entre os grandes clubes brasileiros foi pauta da conversa. "É algo insano", avaliou o provável novo executivo do Cruzeiro. 

"O futebol brasileiro tem uma troca constante de treinadores. É algo insano. A gente estava falando disso em 2012 e em 2020 continua a mesma coisa. A gente identificou um formato de proteger o clube dessas trocas. Avalio que a gente conseguiu ter sucesso, porque conseguimos integrar diversas áreas e fazer com que a ideia do clube fosse maior do que as pessoas. Isso é o grande ponto. Nenhuma pessoa está acima da instituição. Isso acredito que foi o mais bonito que conseguimos desenvolver no Athletico", conta.

"Comprar barato e vender caro"


Após o trabalho de quatro anos e três meses no Furacão (janeiro de 2013 a março de 2017), Pedro foi convidado para tocar o planejamento da Ferroviária, que se tornou uma Sociedade Anônima após ter ações compradas por um grupo de empresários. Ao Footure, ele contou como foi o trabalho de reestruturação de diferentes áreas do clube. 

"A gente fala que, na Ferroviária, trouxe a S.A. (Sociedade Anônima) para dentro da porta. Justamente, começar a definir uma lógica corporativa de funcionamento. E aí estou falando de área meio também. Estruturar o departamento financeiro, estruturar o departamento de marketing e comercial", relatou Pedro.

"A gente fez evoluções na área de compras, na área contábil do clube. Isso dá sustentação para que a atividade fim, que é o futebol, funcione. Outro ponto é: como organizar a estrutura do futebol, que tende a ser mais vulnerável, de uma maneira que você consiga planejar o funcionamento dela para três, quatro, cinco, seis anos, independentemente de trocas de treinador, que é a cultura que estamos inseridos", ressaltou.

O processo de venda de jogadores também esteve na pauta da entrevista. Embora no contexto da Ferroviária, um clube de pequeno porte do interior de São Paulo, Pedro avaliou a importância da captação de jogadores ainda nas categorias de base para "comprar barato e vender caro". 

"Eu tenho vendido muito que a sustentabilidade da Ferroviária venha com a venda de jovens talentos. Eu não consigo ver essas pessoas (investidores do clube) colocando dinheiro a fundo perdido por vários anos. Isso não tem lógica. Isso não pode funcionar. Nem deve ser assim", analisou o executivo.

"Eu entendo que o primeiro ano é de estabilização do projeto, então entendo a necessidade de montar uma equipe focada 100% no rendimento, mas eu penso que deve acontecer um equilíbrio a partir de 2021 para que a sustentabilidade ocorra. Eu acredito que dá para ter jovens atletas, potencial futuro, e ter rendimento ao mesmo tempo. Dá para equilibrar (...) para que a Ferroviária consiga comprar barato e vender caro, acho que esse é o nosso grande objetivo", concluiu. 

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