O Cruzeiro pagou duas folhas salariais que estavam atrasadas com o dinheiro do aluguel da sede administrativa do Barro Preto, em Belo Horizonte, para Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH. A informação foi dada pelo narrador Jaime Júnior, do Premiere Futebol Clube, durante a transmissão do jogo contra o Remo, nesta quinta-feira, no Independência, pela 32ª rodada da Série B. O locutor mandou um abraço a Pedrinho e revelou detalhes da conversa que teve com o empresário.
“O Cruzeiro, que estava com salários atrasados, conseguiu pagar nessa semana duas folhas. Dinheiro que mais uma vez veio de um dos principais patrocinadores do Cruzeiro, o Pedro Lourenço, que é dono de uma das principais redes de supermercados, o BH. Pedro Lourenço, grande abraço para ele”, disse Jaime.
“Conversando com o Pedro Lourenço hoje, ele me disse que alugou por dez anos a sede do Cruzeiro. E aí já pagou antecipadamente parte do valor. Com esse dinheiro, o Cruzeiro pagou dois meses. Alugou por dez anos. Esse gosta do Cruzeiro”, complementou.
Na sequência, o comentarista Bob Faria citou o valor de R$9 milhões que o Cruzeiro estava devendo a atletas e funcionários. Jaime Júnior frisou que Lourenço não revelou a quantia destinada ao clube. “Ele não me confirmou o valor, mas é uma grana que ajudou o Cruzeiro a quitar as duas folhas”.
A notícia do aluguel da sede do Cruzeiro a Pedro Lourenço foi antecipada pelo jornalista João Vitor Xavier, apresentador do programa Bastidores, da Rádio Itatiaia. Segundo ele, o prédio de oito andares na Rua dos Timbiras, no Barro Preto, abrigará parte do setor administrativo do Supermercados BH.
Com a operação financeira envolvendo a sede, o Cruzeiro “abre mão” da oportunidade de faturar mais de R$40 milhões em uma possível alienação do edifício de 4.300 metros quadrados. A ideia inicial era conseguir R$43 milhões, que seriam usados da seguinte forma, de acordo com o advogado João Paulo Almeida Melo:
- R$7 milhões para pagar uma execução de FGTS;
- R$15 milhões no abatimento de valores da transação tributária junto à União Federal - na qual o clube reduziu o passivo de R$334 milhões para R$180 milhões
- R$21 milhões para regularizar salários correntes, vencidos e a vencer dos atuais colaboradores, incluindo atletas.
A alienação do imóvel do Barro Preto passou a ser cogitada fevereiro de 2021, quando o Cruzeiro alocou a administração em salas da WeWork, no Boulevard Shopping, bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Na ocasião, a diretoria estimou uma economia anual de R$2 milhões em gastos com manutenção e despesas fixas.
Em agosto, a Raposa encerrou uma cobrança de mais de R$5 milhões na Fifa - dívida com o Al Wahda-EAU pela contratação do volante Denílson, em julho de 2016. O recurso foi obtido graças à venda de uma área de 9.500 metros quadrados em frente ao clube da Rua das Canárias, bairro Santa Branca, na Pampulha. O valor girou em torno de R$15 milhões.
Há ainda o desejo para que, no futuro, o parque esportivo do Barro Preto dê lugar a um shopping. Em 20 de agosto, o empresário Régis Campos, sócio da construtora Emccamp, afirmou que o empreendimento poderia render de R$300 milhões a R$400 milhões ao Cruzeiro. O projeto também contempla a edificação de duas torres residenciais e uma comercial.