De saída do departamento jurídico do
Cruzeiro
, o advogado
João Paulo Fanucchi de Almeida Melo
, responsável pelo acordo do clube com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), revelou como será utilizado o dinheiro da possível venda do prédio onde funcionava a sede administrativa, na Rua dos Timbiras, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O edifício de oito andares e 4.300 metros quadrados é avaliado em R$43 milhões.
Segundo João Paulo Melo, R$7 milhões serão usados para pagar uma execução de FGTS; R$15 milhões para abater valores da transação tributária junto à União Federal - na qual a instituição reduziu o passivo de R$334 milhões para R$180 milhões; e R$21 milhões para regularizar salários correntes, vencidos e a vencer dos atuais colaboradores, incluindo atletas.
“Com os R$21 milhões que ficarão disponíveis após a alienação da sede administrativa, temos a expectativa de que os salários poderão ser colocados em dia e, até mesmo, tenhamos reservas para os próximos meses”, disse o advogado por meio de nota compartilhada nas redes sociais.
Melo destacou ainda que o Cruzeiro obteve documentos importantes, como as certidões de regularidade fiscal com a União, o Estado, o Município e com o FGTS. Segundo ele, o clube está em dia com a transação individual e não corre risco de penhora nos processos executivos de matéria tributária.
“Diante de todo esse contexto resumido, entendemos que conseguimos solucionar o desafio, relativamente aos imbróglios tributários do Clube. De agora em diante é necessário que o Clube mantenha/cumpra os compromissos e passe a agir dentro da conformidade legal”, escreveu João Paulo, que se dedicará exclusivamente às atividades de seu escritório.
“Com a missão cumprida, precisamos voltar os olhos para o Escritório e para as nossas demais atividades. Após quase dois anos de desafios e muito trabalho, não temos mais condições, nesse momento, de assumir outros compromissos em favor do Clube. O grande desafio que foi endereçado, no início de 2020, foi total e devidamente solucionado, como exposto”.
A alienação da sede administrativa do Barro Preto se tornou viável a partir de fevereiro de 2021, quando o Cruzeiro transferiu o setor administrativo para salas comerciais da WeWork, no Boulevard Shopping, bairro Santa Efigênia, em BH. Na ocasião, a diretoria estimou uma economia anual de R$2 milhões em gastos com manutenção e despesas fixas.
Em agosto, a Raposa encerrou uma cobrança de mais de R$5 milhões na Fifa - dívida com o Al Wahda-EAU pela contratação do volante Denílson, em julho de 2016. O recurso foi obtido graças à venda de um imóvel de 9.500 metros quadrados em frente ao clube de lazer da Rua das Canárias, bairro Santa Branca, na Pampulha. O valor girou em torno de R$15 milhões.
Há ainda um projeto para que, no futuro, o parque esportivo do Barro Preto dê lugar a um shopping. Em 20 de agosto, o empresário Régis Campos, sócio da construtora Emccamp, afirmou ao
Superesportes
que o empreendimento poderia render de R$300 milhões a R$400 milhões ao Cruzeiro. A ideia também contempla a edificação de duas torres residenciais e uma comercial.