O presidente
Sérgio Santos Rodrigues
convidou
Pedro Lourenço
e mais três empresários a participarem da gestão do
Cruzeiro
de forma semelhante ao modelo adotado pelo
Atlético
, que conta com Rubens Menin, Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães tomando decisões em conjunto com o presidente Sérgio Coelho.
Em pronunciamento nesta sexta-feira nos canais oficiais do clube, Sérgio Rodrigues explicou que a sugestão partiu de Pedrinho, com quem se encontrou em Portugal - o dono do Supermercados BH está em viagem com a família, enquanto o dirigente celeste participou de um evento de gestão esportiva em Lisboa.
“Ainda em Portugal, me assentei com aquele que, sem dúvida nenhuma, é um cara que merece todas as nossas homenagens, que sempre ajudou, e eu faço questão de falar, que ajuda o Cruzeiro e é aliado número um, que é o Pedrinho do Supermercados BH. A gente bateu um papo, né?! Explicamos, ele viu como a situação estava e falou comigo: 'Serginho, eu nunca vou abandonar o Cruzeiro. Você pode ter certeza. Conta comigo. Agora, vamos tentar buscar outras pessoas também'’”.
Rodrigues mencionou uma entrevista de Sérgio Coelho ao podcast
'Rolou o Melão'
, do
Grupo Disney
, com a participação dos jornalistas Gustavo Zupak, Mário Marra e Eugênio Leal. O presidente do Atlético ressaltou que, sem a participação dos investidores, o clube provavelmente teria sido rebaixado à Série B. Eles aportaram mais de R$400 milhões para o pagamento de salários, aquisição de direitos econômicos de jogadores e resolução de dívidas na Fifa.
“Eu achei até curioso o que o Sérgio Coelho (presidente do Atlético) falou agora, o Sette Câmara (ex-presidente do Atlético) tinha falado antes, como no nosso time rival foi importante a ajuda dessas pessoas. Se não, caso contrário, eles teriam até mesmo sido rebaixados. E aí alguns empresários se juntaram para poder ajudar o clube. Foi isso que eu e o Pedrinho vínhamos conversando”, destacou o mandatário celeste.
Sérgio Rodrigues preferiu não citar os nomes dos empresários cruzeirenses com quem conversou, embora um deles,
Régis Campos
(construtora Emccamp), tenha revelado as identidades dos outros dois ao
Superesportes
-
Aquiles Diniz
(ex-sócio do banco Inter e atualmente no setor imobiliário) e
Paulo Henrique Pentagna Guimarães
(banco BS2 e Grupo Carbel).
“A partir daí, a gente fez contato, mas eu não citei, não falei hora nenhuma o nome de ninguém que estava nessa reunião. Eram três empresários. O Pedrinho não participou porque ele ainda não está aqui. Na segunda-feira, a gente ficou de assentar de novo. Mas participei com três empresários. E essa reunião foi muito clara”.
O dirigente cruzeirense sugeriu ao trio um modelo semelhante ao do rival. “Chamei esses empresários e falei: ‘Olha, vamos juntos com o Pedrinho participar de perto. Vocês estão convidados, como eu falei antes, para estarem mais ativos na gestão, para indicar, se quiserem, alguém na área administrativa, na área financeira, para estarem juntos com a gente”.
Os empresários
Pedro Lourenço é o fundador da rede Supermercados BH, com mais de 200 lojas espalhadas por Minas Gerais. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o grupo encerrou 2020 em sétimo lugar no ranking do Brasil, com R$8,9 bilhões em faturamento bruto. No ano passado, o BH adquiriu 14 unidades do Supermercado Sales, além de três postos de combustíveis.
Pedrinho colabora constantemente para o Cruzeiro na aquisição de direitos de jogadores - casos de Arrascaeta e Orejuela - e no pagamento de salários. Na última operação, em agosto de 2021, ele aportou mais de R$8 milhões, que foram convertidos em renovação do patrocínio master até 2023. O clube usou o recurso para quitar parte dos vencimentos em atraso.
Especula-se que Lourenço e o Supermercados BH sejam os principais credores do Cruzeiro fora do universo de bancos. Sem especificar quem emprestou o dinheiro, o clube informou no balanço de 2020 uma pendência de R$49,118 milhões com “pessoa física e pessoa jurídica não financeira”, ante R$50,362 milhões em 2019.
Régis Campos é o diretor-presidente da Emccamp, responsável pela edificação de mais de 65 mil unidades habitacionais de 1, 2 e 3 quartos em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2020, a empresa contabilizou receita líquida de R$355,2 milhões e um lucro líquido de R$40,7 milhões. O caixa encerrou o ano com saldo de R$166,5 milhões.
Aquiles Diniz foi por muito tempo sócio do banco Inter, cujo controle pertence à família Menin. Hoje, atua no setor de loteamento, construção civil e de supermercados.
Em entrevista ao Superesportes em junho, ele detalhou o projeto de captação de R$500 milhões para a Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro
.
Já Paulo Henrique Pentagna Guimarães é fundador do banco BS2 (ex-banco Bonsucesso), que tem R$12,8 bilhões em ativo total, R$5,3 bilhões em captações e R$538,8 milhões em patrimônio líquido, segundo o Banco Data . Ele também é sócio da Carbel, conhecida empresa de venda de automóveis de Minas Gerais.
Já Paulo Henrique Pentagna Guimarães é fundador do banco BS2 (ex-banco Bonsucesso), que tem R$12,8 bilhões em ativo total, R$5,3 bilhões em captações e R$538,8 milhões em patrimônio líquido, segundo o Banco Data . Ele também é sócio da Carbel, conhecida empresa de venda de automóveis de Minas Gerais.
Investidores do rival
Dos investidores do Atlético, Rubens Menin é apontado como o 15º homem mais rico do Brasil, segundo a revista
Forbes
, com uma fortuna de R$18,9 bilhões - a maior parte proveniente da MRV Engenharia e do banco Inter. Renato Salvador pertence à família de José Salvador, da rede hospitalar Mater Dei, com R$5,95 bilhões em bens. Por fim, Ricardo Guimarães é o principal acionista do banco BMG, com patrimônio líquido de R$4,2 bilhões.
A influência dos magnatas trouxe bons resultados esportivos para o Atlético, que lidera o Campeonato Brasileiro com 11 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Flamengo (56 a 45), e tem 90,3% de chance de ser campeão, conforme o
Departamento de Matemática da UFMG
. Ao mesmo tempo, o clube elevou a dívida para R$1,2 bilhão, e o desafio dos mecenas é criar mecanismos de redução para R$341 milhões até 2026.
Situação do Cruzeiro
Com dívida que beira R$900 milhões e uma arrecadação de “apenas” R$120 milhões em 2020, o Cruzeiro lida com dificuldades para pagar salários em dia e vê na participação dos empresários uma luz no fim do túnel enquanto não se torna clube-empresa. O demonstrativo com os números do primeiro semestre de 2021 será divulgado pela diretoria até terça-feira.
Se não houver o apoio de investidores, o cenário para 2022 será de incertezas, visto que o time está praticamente fora da briga pelo acesso, em 11º lugar na Série B, com 39 pontos. O próximo compromisso é contra o Avaí, às 21h30 da próxima sexta-feira, no estádio da Ressacada, em Florianópolis, pela 31ª rodada. Em greve por causa dos salários atrasados, os jogadores cruzeirenses ainda não iniciaram a preparação para a partida.