O zagueiro
Dedé
explicou os motivos que o levaram a acionar o
Cruzeiro
na Justiça do Trabalho. Em entrevista ao canal
Flow Sport Club
no YouTube, o jogador afirmou ter sido avisado pelos empresários sobre uma ordem interna no clube para priorizar o pagamento somente de quem estava dentro do elenco. Ele lembrou que já havia concordado em repactuar a remuneração dentro do teto de R$150 mil estabelecido pela diretoria celeste.
“Veio uma mensagem lá de dentro que os caras não vão te pagar mais. Que era o (salário) reduzido. Reduzido, do reduzido do reduzido. Não vão te pagar e priorizar quem está lá dentro. Eu arquei com todos os meus custos de cirurgia, fisioterapia, para voltar ao clube. Como que não vão me pagar? Aí decidi esperar. Esperei um mês, dois meses e nada”.
Depois de aguardar algum tempo e não receber nenhuma resposta, Dedé soube que o Cruzeiro havia quitado dois meses de ordenados a atletas e funcionários. Como ficou fora da folha, entendeu que estava sendo alvo de "sacanagem" por parte da diretoria e decidiu buscar os direitos na Justiça.
“Um amigo meu lá de dentro me ligou e perguntou se eu recebi, porque o pessoal recebeu dois meses. Eu estava indo para o Rio, parei o carro e não tinha recebido. Aí achei sacanagem por tudo que fiz pelo clube, pelo que estava fazendo, trabalhando para cacete. Foi onde decidi buscar os meus direitos”.
Dedé entrou com o processo na Justiça em janeiro de 2021. Na petição inicial, cobrou mais de R$35 milhões de salários atrasados, verbas rescisórias, cláusula compensatória, FGTS, férias, 13º e indenização por danos morais. O imbróglio se arrastou por alguns meses, visto que o Cruzeiro alegou que o atleta não tinha condições de exercer a profissão. Por fim, as partes chegaram a um acordo em julho, e o clube se comprometeu a quitar R$16,6 milhões até dezembro de 2026 (60 parcelas de R$277 mil).
“Minha saída também foi conturbada. Os caras alegaram invalidez, tentaram fazer maior sacanagem comigo. Muita coisa. Fui a BH para fazer uma perícia, fiz a perícia e fui aprovado. Alegaram que não deu o dia, tive que voltar para BH para fazer a perícia. Fiz e fui aprovado de novo. Foi o maior rolo, parada grande, de chatear”.
Apesar dos contratempos, Dedé reiterou o carinho que sente pela Raposa. “Todo sentimento que me entreguei pelo clube, ainda tenho, porque o clube não tem nada a ver com quem dirige a instituição. Pelo clube sempre terei carinho. Os clubes que eu acompanho são o Cruzeiro, o Vasco e o Volta Redonda”.
Por outro lado, o ex-camisa 26 lamentou não ter recebido uma ligação do presidente Sérgio Santos Rodrigues. “Tratei com a Justiça, (entre) advogados. Mas nunca tive uma ligação do presidente, por exemplo. Eu dentro do clube, eu era atleta do clube. Com cirurgia. Se eu chego, estou aqui no seu trabalho, tem um funcionário seu machucou o dedo, quebrou o dedo. Você não vai ligar perguntando como está a recuperação?”, disse.
“O cara nunca me ligou, nunca deu uma satisfação. 'Pô, Dedé, se recupera no clube, a gente conversa depois sobre o que vamos fazer'. Nunca. Eu, se eu estivesse no Cruzeiro tratando, poderia estar jogando há muito tempo. Nessa época da briga, porque a briga também me atrasou muito. Se eu não tivesse essa briga com o Cruzeiro, estaria melhor há muito tempo”, concluiu.
Dedé atuou pela última vez em 19 de outubro de 2019, na vitória do Cruzeiro sobre o Corinthians (2 a 1), em São Paulo, pela 27ª rodada do Brasileiro. Na ocasião, ele machucou o joelho direito e saiu para a entrada de Cacá. Desde então, foi submetido a vários tipos de tratamento, desde o conservador até o cirúrgico. O objetivo do veterano de 33 anos é acertar com um clube e jogar a temporada 2022 a partir do estadual.
De 2015 a 2017, Dedé já havia convivido com lesões que o fizeram passar bastante tempo no departamento médico. Quando esteve em campo, mostrou-se um zagueiro forte, rápido e muito bom na bola aérea. Em 188 partidas pelo Cruzeiro, marcou 15 gols e conquistou sete títulos: dois Brasileiros (2013 e 2014), duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e três Campeonatos Mineiros (2014, 2018 e 2019).