Integrantes do Conselho Gestor que administrou o Cruzeiro no primeiro semestre de 2020 recomendaram a aprovação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em votação na Reunião Extraordinária do Conselho Deliberativo, nesta terça-feira, 3 de agosto.
Nesta segunda-feira, o grupo organizou um evento em Belo Horizonte para esclarecer os pormenores do Projeto de Lei 5.516/2019, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. A sanção do presidente Jair Bolsonaro é aguardada para os próximos dias.
Com recursos próprios, os conselheiros montaram uma espécie de workshop. Entre os palestrantes esteve o advogado carioca Pedro Trengrouse, que auxiliou na construção do texto do projeto de lei de autoria do senador mineiro Rodrigo Pacheco.
Em nota enviada à imprensa, o grupo de conselheiros, associados, empresários e torcedores fez quatro recomendações relacionadas à aprovação da SAF pelo Cruzeiro:
1. Que o Clube avalie o percentual de participação Clube/Investidor (51% ) para que traga garantia jurídica para as partes, sem que isso inviabilize a atratividade do negócio;
2. Que o Clube apresente um plano de reestruturação de dívida, como previsto em lei e que garanta sua execução diante das condições econômicas e financeiras da entidade, respeitando os credores;
3. Que o Clube se comprometa com a participação das empresas já contratadas (Ernst & Young; Alvarez & Marsal e XP Investimentos) na condução integral do processo de criação, formatação e operacionalização da SAF.
4. Que o Conselho Deliberativo do Cruzeiro crie uma comissão ou comitê para acompanhar as negociações junto aos potenciais investidores e aprovar a formatação final do negócio e acordo de acionistas a ser discutido entre a Diretoria Executiva e investidor.
Os membros do antigo Conselho Gestor que assinam o texto são Alexandre Faria, Anísio Ciscotto, Carlos Ferreira Rocha, Gustavo Gatti, Emílio Brandi, Jarbas Reis, Kris Brettas e Saulo Fróes. Também integra o grupo o candidato derrotado à presidência do Conselho Deliberativo, Giovanni Baroni.
Na última semana, conselheiros reclamaram da falta de informações sobre o projeto. Membros da diretoria executiva convocaram associados para tirar dúvidas, mas não teriam explicado detalhes considerados importantes.
“Iniciativa boa, o clube mostra transparência no processo. Edinho (Edson Potsch, vice-presidente administrativo) tem uma didática boa, foi paciente, você nota que ele é entendido. Mas ainda existem muitas dúvidas. O material completo precisa ser enviado antes da Reunião Extraordinária", alertou Anísio Ciscotto no último dia 27.
“Como vai ser a formação do Conselho Administrativo? Como vai ser feita a questão do investimento na SAF? Quem vai definir quantos por cento da SAF será vendida e por qual valor?”, questionou.
Com uma dívida de quase R$1 bilhão e faturamento oito vezes menor - cerca de R$120 milhões -, o Cruzeiro enxerga no clube-empresa a saída mais rápida para os problemas financeiros. A administração do presidente Sérgio Rodrigues espera captar investidores para montar times competitivos, impulsionar receitas e reduzir os passivos.