Em contato com o Superesportes , o advogado do Defensor, Eduardo Carlezzo , disse que não havia expectativa quanto ao pagamento da dívida em razão da crise vivida pelo clube estrelado .
"Esse é um caso que está se arrastando por um bom tempo, pois trata-se de dívida antiga. Conhecedores da situação do Cruzeiro, não tínhamos expectativa quanto ao pagamento, portanto apenas esperamos os 30 dias vencerem para pedirmos a execução da punição", disse.
O Cruzeiro contratou Arrascaeta em janeiro de 2015. A negociação naquela época já despertou polêmica, porque o clube celeste aceitou pagar 4 milhões de euros pelo camisa 10 ( R$ 12 milhões na cotação daquela época), além de US$ 3,4 milhões (R$ 9 milhões) pelo desconhecido atacante Latorre por exigência do empresário Daniel Fonseca.
O então presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, aceitou o negócio, que foi conduzido por Valdir Barbosa . Latorre nunca jogou profissionalmente pelo time celeste.
Em 28 de maio, TAS negou o recurso do Cruzeiro que pedia revisão da condenação do Comitê Disciplinar da Fifa a respeito da cobrança do Defensor pela transferência de Arrascaeta. Sob nova pena de transfer ban , o clube mineiro tinha até o fim deste mês para desembolsar 1.151.500 euros (cerca de R$ 7 milhões), além 20 mil francos suíços (cerca de R$ 113,1 mil) por custas de despesas processuais.
Em agosto de 2019, o Cruzeiro foi condenado pelo Comitê Disciplinar da Fifa no caso. O clube, no entanto, recorreu da decisão e levou o imbróglio a ser decidido pelo TAS.
Punições
Sem condições financeiras de honrar seus compromissos mais simples, como o pagamento da folha salarial aos funcionários, o Cruzeiro não tem encontrado formas de quitar os débitos do passado.
A Raposa já foi punida outras vezes. No ano passado, o time celeste começou a Série B com menos seis pontos por não ter pagado o Al Wahda pelo empréstimo de seis meses do volante Denilson. O Cruzeiro ainda não pagou esta dívida.
Em setembro do ano passado, o Cruzeiro já tinha sido impedido de registrar atletas em função de uma dívida com o Zorya , da Ucrânia, pela compra do atacante Willian, em 2014. O clube pagou os ucranianos em outubro .
Em novembro de 2020, o Cruzeiro voltou a ser punido pela Fifa e não conseguiu registrar jogadores em razão de uma dívida com o PSTC , agremiação de futebol do interior do Paraná, pelo zagueiro Bruno Viana . Em fevereiro deste ano, o Cruzeiro quitou o valor.
Caso Arrascaeta
Destaque do Defensor-URU na Copa Libertadores de 2014, Arrascaeta foi comprado pelo Cruzeiro por 4 milhões de euros (na época, cerca de R$ 12 milhões por 50% dos direitos econômicos), em janeiro de 2015. O empresário Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, emprestou ao clube 50% do valor, repassado de imediato aos uruguaios.
A outra metade seria paga de forma parcelada. Em função desse atraso, o Defensor-URU recorreu à Fifa para tentar receber o dinheiro.
A venda de Arrascaeta ao Flamengo , em janeiro de 2019, causou irritação no Defensor-URU. Isso porque o Cruzeiro não fez nenhum movimento pela quitação definitiva da dívida. A transferência custou ao clube carioca 18 milhões de euros (R$ 76,5 milhões) por 70% dos direitos econômicos do meia.
Desse valor, o Cruzeiro recebeu 13 milhões de euros (R$ 55,2 milhões), já que detinha 50% em parceria com a rede varejista Supermercados BH. Os outros 20% correspondiam à fatia do Defensor.
Em quatro anos no Cruzeiro, Arrascaeta se tornou o maior artilheiro estrangeiro, com 50 gols em 188 jogos. O uruguaio balançou a rede em todas as finais conquistadas pelo clube: Campeonato Mineiro de 2018 e Copas do Brasil de 2017 e 2018.