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Saiba mais sobre o estilo de jogo de Mozart, novo técnico do Cruzeiro

Superesportes ouviu analista de desempenho e jornalistas sobre a filosofia de futebol do novo comandante da Raposa

11/06/2021 06:00 / atualizado em 11/06/2021 00:07
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Mozart Santos é o novo técnico do Cruzeiro
foto: Divulgação/Chapecoense

Mozart Santos é o novo técnico do Cruzeiro



O Cruzeiro anunciou a contratação do técnico Mozart Santos, ex-CSA e Chapecoense, nessa quinta-feira (10). Em meio a um cenário de crise interna e pressão por parte da torcida, o profissional de 41 anos chega com a dura missão de recolocar o clube celeste na Série A do Campeonato Brasileiro. O Superesportes ouviu jornalistas e um analista de desempenho sobre o estilo de jogo do novo comandante da Raposa.

Mozart teve apenas dois trabalhos com equipes profissionais. Em 2020, ele assumiu o comando do CSA durante a Série B do Campeonato Brasileiro e alcançou bons resultados. Sob seu comando, o Azulão encerrou a competição na 5ª colocação e ‘bateu na trave’ do acesso à Série A.

Na atual temporada, Mozart recebeu convite da Chapecoense, ainda durante o Campeonato Catarinense. A contratação marcava a tentativa de uma mudança de filosofia no Verdão do Oeste, que foi campeão da Série B com o técnico Umberto Louzer, adepto a um estilo de jogo mais reativo. Mozart, por sua vez, prioriza maior protagonismo com a posse de bola e um jogo apoiado (de passes curtos e aproximações).

Como esperado, o início dessa ‘transição de metodologias’ encontrou dificuldades, e críticas começaram a surgir. Em pouco tempo de trabalho, o treinador de 41 anos se viu pressionado por torcedores e pela imprensa local, diante de atuações pouco produtivas da Chapecoense. Derrotado na final do Estadual pelo Avaí, Mozart foi demitido após oito jogos.

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Opiniões


Leonardo Rezende
Analista de desempenho em futebol

Diferentemente do Conceição, em momento defensivo, a prioridade do Mozart é uma marcação em bloco médio. Talvez, pelo elenco que tinha no CSA e pelo que vai encontrar no Cruzeiro, aproveite a filosofia e faça marcação em bloco alto. Nos tiros de meta, ele subia o bloco e tentava recuperar em zona avançada. Marcação individual no setor da bola.

Nesses momentos, marcava em 4-4-2 e, de acordo com avanço da equipe adversária, variava para um 4-2-3-1, com os pontas vigiando os laterais, o atacante dividindo entre os zagueiros e um dos meias no volante. Os outros dois volantes dando cobertura por trás. Em bloco médio, também fazia marcação individual por setor. O tipo muda pouco em relação ao Conceição. O que deve mudar é que, inicialmente, a equipe não deve marcar tanto em bloco alto. Talvez, seja bom para o time recuperar confiança e melhorar o sistema defensivo.

Quando perdia a bola, o CSA tinha uma ideia de pressionar após a perda para recuperar rápido. Era muito mais coordenada e coletiva do que a do Cruzeiro com o Conceição, até pelo tempo de trabalho. Por não atacar com tantas peças, o CSA também tinha mais jogadores preparados para possíveis transições defensivas. Achei um time mais equilibrado, mas era um trabalho que já tinha 30 jogos, bem mais consolidado.

Mozart Santos comandou o CSA de setembro de 2020 a abril de 2021
foto: Augusto Oliveira/CSA

Mozart Santos comandou o CSA de setembro de 2020 a abril de 2021

Com bola, em primeira fase de construção, fazia um 4+1 parecido com o do Conceição. Os laterais abertos e o volante balançando de acordo com o lado da bola. A diferença é que eu vi os dois meias se aproximando mais para oferecer opção de passe mais próxima, ao invés de ficar lá na frente dando profundidade, como vimos o Matheus Barbosa fazer muito.

O processo ofensivo do Cruzeiro com o Conceição era bom, mas precisava de alguns ajustes pontuais, tanto em saídas de jogadores, quanto em posicionamento. Essa tentativa de ‘baixar’ um pouquinho os meias pode ser útil para a equipe progredir com mais tranquilidade. O CSA não era um time que encantava, mas tinha facilidade para avançar em campo.

O Mozart também mantinha os pontas abertos em amplitude a todo instante, diferentemente do Cruzeiro. Em comportamentos com a posse, vi poucas bolas longas. O time tentava sair de forma curta, raramente tentava ligações diretas. Com o Conceição, a Raposa exagerava nos chutões quando não conseguia sair curto.

Em geral, o Mozart tem ideias bem parecidas com as do antigo técnico do Cruzeiro. Ele deve fazer alguns ajustes (principalmente no aspecto defensivo), aproveitar a base deixada pelo Conceição, e acredito que será uma adaptação mais rápida do que se a Raposa tivesse contratado um treinador com filosofias mais defensivas.

Importante considerar que a amostragem foi pequena. Às vezes, ele trabalhou desse jeito no CSA porque era o que o elenco podia entregar, mas, no Cruzeiro, fará de outra forma. 

Rodrigo Goulart
Repórter do Diário de Iguaçu e Rádio Chapecó

O trabalho do Mozart não deu certo na Chapecoense. As ideias dele acabaram não casando com o grupo de jogadores. Não deu liga. Foi isso o que aconteceu.

O Mozart é um técnico que é adepto do futebol construído, não do reativo. Aqui, na Chapecoense, pelo menos, o futebol com o Mozart chegava a ser irritante. Eram muitos toques laterais e para trás. Ele gosta de fazer aquela saída de três. Dois zagueiros, puxa um lateral ou um volante e ficam tocando bola, para lá e para cá. Quando chegava alguém para o combate, recuava para o goleiro.

Mozart teve apenas oito jogos sob o comando da Chapecoense
foto: Márcio Cunha/Chapecoense

Mozart teve apenas oito jogos sob o comando da Chapecoense

O futebol que a Chapecoense praticou com o Mozart era de dar sono. E, mesmo assim, a Chape poderia ter sido campeã catarinense se tivesse caprichado um pouquinho mais nas finalizações, mas não é aquele futebol aguerrido, agressivo. É um futebol construído, que aqui não deu certo. Também é importante levar em consideração a limitação técnica da Chapecoense. Talvez, com um grupo um pouco mais qualificado, de repente, dê certo. Ele não tinha material humano para fazer esse tipo de futebol.

Mas, repito, chegava a irritar o modelo de jogo em função do excesso de toques, trocas de passes burocráticos que o time apresentou. Foi da água para o vinho, do Umberto Louzer para o Mozart. Mudança radical e os jogadores não conseguiram assimilar. Chapecoense foi campeã da Série B com um futebol reativo e passou a usar um futebol de construção. Realmente, não agradou.

Felipe Dalke
Repórter setorista do Coritiba na Esporte Banda B, de Curitiba

O Mozart tem um estilo bem vertical. Eu convivi pouco com ele e no Coritiba foi apenas um jogo como treinador do profissional. Vitória por 2 a 1 contra o RB Bragantino, a primeira do Coxa no Brasileiro do ano passado. Time dele é bem compacto, geralmente, mas sempre gostou de jogar com bolas rápidas.

Mozart trabalhou nas categorias de base do Coritiba e fez estreia como técnico de equipes profissionais diante do RB Bragantino
foto: Divulgação/Coritiba

Mozart trabalhou nas categorias de base do Coritiba e fez estreia como técnico de equipes profissionais diante do RB Bragantino


Números de Mozart Santos


  • CSA: 45 jogos - 20 vitórias, 17 empates e 8 derrotas (57% de aproveitamento)
  • Chapecoense: 8 jogos - 3 vitórias, 3 empates e 2 derrotas (50% de aproveitamento)

Números do CSA sob o comando de Mozart na Série B


  • 28 jogos (13 vitórias, 9 empates, 6 derrotas)
  • 50 gols marcados (3° da Série B no quesito)
  • 37 gols sofridos (6°)
  • 51% de posse de bola (7°)
  • 434 finalizações (16°)

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