O Cruzeiro deve utilizar o dinheiro das vendas do zagueiro Cacá, ao Tokushima Vortis do Japão, e do volante Jadsom Silva, ao Red Bull Bragantino, para resolver parte de suas obrigações emergenciais. As dívidas mais urgentes neste momento se referem a salários atrasados e à punição na Câmara Nacional de Resoluções de Disputas (CNRD) que impede o registro de contratações no Boletim Informativo Diário da CBF.
Jogadores formados e vendidos pelo Cruzeiro
Com relação às remunerações, o clube não quitou por completo pelo menos três folhas do departamento de futebol, além de estar pendente com o setor administrativo. Em razão das dificuldades na obtenção de receitas em curto prazo, a diretoria evita estipular uma data. A promessa é de ir pagando aos poucos tão logo as cifras entrem no caixa, conforme explicou ao Superesportes o diretor de futebol André Mazzuco.
“No futebol, as receitas previstas às vezes não são as maiores que você tem em uma temporada. Esse é o grande problema, porque os clubes, em sua maioria, têm de contar com a receita variável para fazer a coisa girar. Às vezes essa receita variável não acontece. O que estamos fazendo? Há um compromisso para que as receitas que entrem no clube sejam utilizadas para trazer esse equilíbrio econômico que precisamos para atletas, funcionários e fornecedores. A linha de atuação está sendo justamente essa, para que a gente consiga ter essas receitas e usá-las para isso”.
A Raposa também espera solucionar o problema na CNRD a tempo de regularizar os reforços para a estreia no Campeonato Mineiro, fora de casa, contra o Uberlândia - sábado (27 de fevereiro), às 16h30, no estádio Parque do Sabiá. A punição foi imposta ao clube por causa da falta de repasse de R$1,3 milhão ao PSTC, do Paraná, na transferência do zagueiro Bruno Viana para o Olympiacos, da Grécia, em agosto de 2016.
Até o momento, seis jogadores foram anunciados: o lateral-esquerdo Alan Ruschel (ex-Chapecoense), os volantes Matheus Barbosa (ex-Cuiabá e Avaí) e Matheus Neris (Figueirense), o meia Marcinho (ex-Sampaio Corrêa) e os atacantes Felipe Augusto (ex-América) e Bruno José (ex-Brasil de Pelotas e Internacional). O sétimo nome é o zagueiro Eduardo Brock, ex-Ceará.
Quanto entra em caixa?
O Cruzeiro terá direito a no mínimo R$9,72 milhões nas negociações de Cacá e Jadsom. Pelo zagueiro, a participação em 60% dos direitos econômicos renderá cerca de R$6,48 milhões. Já a saída do volante proporcionará R$3,24 milhões aos cofres celestes (40% dos direitos).
O clube ainda quer R$20 milhões por 50% dos direitos de Orejuela, mas pode ter que baixar a pedida. Segundo o jornalista Jorge Nicola, colunista do Yahoo!, o São Paulo fez uma sondagem pelo lateral-direito de 25 anos e se assustou com os valores pretendidos pelo Cruzeiro. Por motivo semelhante, o Grêmio, ao qual o colombiano esteve emprestado em 2020, desistiu de exercer a opção de compra.
Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente Sérgio Santos Rodrigues afirmou que a dívida do Cruzeiro baixou de mais de R$1 bilhão para cerca de R$800 milhões, após acordos com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e os jogadores Fred, Dodô e Marquinhos Gabriel. Mesmo assim, o cenário em 2021 segue delicado em decorrência da permanência na Série B, com previsão de arrecadação entre R$80 e R$100 milhões (ante mais de R$300 milhões na primeira divisão).