A Justiça indeferiu o mandado de segurança solicitado pelo jogador Anderson Vital da Silva, o Dedé, para rescindir o contrato com o Cruzeiro. Em decisão proferida nessa quinta-feira, 28, o desembargador do trabalho Paulo Maurício Ribeiro Pires ainda condenou o zagueiro a arcar com as custas do processo, no valor de R$277.813,33, calculadas sobre R$13.890.666,70 atribuídos à causa - considerando a soma de verbas rescisórias (R$3.390.666,66) e cláusula compensatória (R$10.500.000,00). Na petição inicial, datada de 4 de janeiro, o atleta pleiteava R$35.258.058,64.
Paulo Pires lamentou o argumento da defesa de que Dedé estaria submetido a “permanecer como um escravo” no Cruzeiro por não receber salários há vários meses. Conforme o magistrado, a remuneração de R$750.000,00 foi paga ao reclamante ao menos de maneira parcial ao longo dos anos. Além disso, ele citou “o crítico momento socioeconômico por que passa a esmagadora maioria da população brasileira”, na luta para receber “salário mínimo de R$1.100,00” em meio à pandemia de COVID-19 que “vem assolando o mundo”.
Com relação à inatividade de Dedé, o desembargador considerou “notório que o impetrante tem enfrentado ao longo dos últimos anos problemas de saúde em razão de lesões que dificultam a prática de sua profissão”, porém julgou inexistente a “probabilidade de veracidade da afirmação de que o jogador esteja ‘obrigado a ver seu condicionamento físico e técnico se deteriorar’ por culpa do atual empregador”.
Antes de requerer o mandado de segurança, Dedé tentou sair do Cruzeiro por meio de rescisão liminar indireta. Ele teve dois pedidos negados: o primeiro pelo juiz Marco Antônio Ribeiro Muniz Gomes, em 5 de janeiro, e o segundo por Danilo Siqueira de Castro Faria, no dia 8. Assim, o próximo passo do imbróglio é em audiência a ser marcada para a 48ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. O departamento jurídico celeste deve propor parcelamento de 60 meses ao zagueiro, da mesma forma que fez com o lateral-esquerdo Dodô (R$15 milhões) e o atacante Fred (R$25 milhões).
Dedé cobra do Cruzeiro mais de 10 meses de salários, direitos de imagem, férias, 13º e FGTS, além de uma cláusula compensatória de R$10,5 milhões relativa aos meses restantes de contrato (até dezembro de 2021). No processo também há o requerimento de indenização por danos morais de R$3,75 milhões devido a um vídeo vazado do ex-presidente Wagner Pires de Sá detonando a parte física do jogador.
Valores que Dedé cobra do Cruzeiro
- Salários em atraso - R$ 13.782.000,00
- Verbas rescisórias - R$ 3.390.666,66
- Cláusula compensatória - R$10.500.000,00
- FGTS - R$704.400,00
- Reflexos incidentes sobre o 13º salário - R$1.032.000,00
- Reflexos incidentes sobre 1/3 de férias - R$ 1.045.333,32
- Reflexos incidentes sobre FGTS - R$ 1.053.658,66
- Indenização por danos morais - R$ 3.750.000,00
Dedé no Cruzeiro
No Cruzeiro desde abril de 2013, quando foi contratado ao Vasco por R$14milhões, Dedé jogou pela última vez em 19 de outubro de 2019, na vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians, em São Paulo, pela 27ª rodada do Brasileiro. Na ocasião, ele saiu machucado para a entrada de Cacá. Desde então, foi submetido a vários tipos de tratamento, desde o conservador até o cirúrgico - procedimento realizado no Rio de Janeiro, em março, por profissionais de sua confiança.
De 2015 a 2017, Dedé já havia convivido com inúmeras lesões que o fizeram passar grande parte do tempo no departamento médico. Quando esteve em campo, mostrou-se um zagueiro forte, rápido e muito bom na bola aérea. Em 188 partidas pelo Cruzeiro, marcou 15 gols e conquistou sete títulos: dois Brasileiros (2013 e 2014), duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e três Campeonatos Mineiros (2014, 2018 e 2019).