Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan disse que não descarta ajuizar uma ação na Justiça contra o Cruzeiro, por ‘perdas e danos’, no caso envolvendo Orejuela. De acordo com o mandatário, a direção celeste chegou a trocar documentos para concluir a venda dos 50% dos direitos econômicos do lateral-direito, em dezembro do ano passado, mas depois voltou atrás.
“Nas notificações que foram feitas, o Grêmio avisou que talvez examinasse uma busca de ressarcimento por perdas e danos. Situação de indenização. Mas o Grêmio deixa em aberto essa possibilidade sim”, disse Bolzan em entrevista à Rádio Gaúcha, nessa quinta-feira.
“Eu fico extremamente chateado com esse assunto, porque estourou na parte mais fraca que é o jogador. A forma como essa negociação andou, a forma como essa questão se comportou, as atitudes que o Cruzeiro tomou…”, lamentou.
O Grêmio alega que trocou documentos com o Cruzeiro em 11 de dezembro. No dia 31, porém, o Cruzeiro teria voltado atrás e afirmado que não aceitava o negócio da forma como estava posto.
“Bom, o que eu posso fazer? Quando a gente trata de um negócio de magnitude tão grande, com clubes tão tradicionais, o que a gente menos espera são situações como essa. Mas aconteceu. Está bem, aconteceu, mas eu só lamento que essa posição nos levou para um absoluto desconforto na negociação”, avaliou.
Cruzeiro minimiza atrito
Em entrevista à Rádio Itatiaia, antes do pronunciamento de Bolzan, o presidente Sérgio Santos Rodrigues, do Cruzeiro, minimizou qualquer tipo de polêmica. Ele afirmou que só não concordou com o desconto que seria oferecido ao Grêmio em relação ao valor de compra que já estava fixado no contrato de empréstimo, realizado em janeiro de 2020.
“Simplesmente o Grêmio tinha que exercer (direito de compra). Eu fiz um acordo com eles. Se eles me dessem a carta (de interesse de compra) antes e a gente conseguisse antecipar (o pagamento com alguma instituição bancária) eu daria um desconto. A gente não conseguiu antecipar. Chegou no momento, eles queriam esse desconto. A gente falou que não concordava. Se eles fossem exercer o valor integral... Acabou que eles optaram por não fazer”, disse.
Entenda o caso
No ato do empréstimo ao Grêmio, realizado no início de 2020, o Cruzeiro fixou 50% dos direitos de Orejuela em 3,5 milhões de euros. Desse montante, foram deduzidos 150 mil euros a título de empréstimo do lateral-direito, pagos pelo Tricolor já no ano passado.
O Grêmio, portanto, precisaria ter quitado, até o fim de dezembro passado, 3,35 milhões de euros - R$ 21,3 milhões, na cotação atual - divididos em oito parcelas trimestrais até o fim de 2022. O valor de cada prestação era de aproximadamente 418 mil euros (R$ 2,66 milhões).
No fim do ano passado, no entanto, as partes iniciaram negociações por novas condições do negócio. Inicialmente, o Grêmio sinalizou com o pagamento de R$ 12 milhões (45% a menos do valor inicial) em 12 parcelas mensais de R$ 1 milhão. Também foi aventada a possibilidade da inclusão de jogadores por parte do Tricolor. O Cruzeiro indicou que não aceitaria um desconto tão grande.
Após negociações, os clubes chegaram a um valor para o desconto, com o Grêmio pagando cerca de R$ 17 milhões em menos parcelas. O Cruzeiro sinalizou que aceitaria, mas dependia de conseguir o adiantamento do valor com uma instituição bancária, o que acabou não acontecendo.