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Com déficit elevado, Cruzeiro segue em dificuldades para pagar salários

Time celeste não quitou as folhas de novembro, dezembro e o 13º, além de ficar em aberto parte dos vencimentos de outubro

Rafael Arruda
Cruzeiro lida com bola de neve de dívidas provocadas por administrações anteriores - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 26/11/2019
O Cruzeiro informou ter contabilizado déficit de R$343,4 milhões no balanço de janeiro a setembro de 2020. O passivo elevado e a queda substancial em receitas impactaram diretamente no pagamento de salários. A direção não quitou as folhas de novembro, dezembro e o 13º, além de parte dos vencimentos de outubro.



Entre as obrigações citadas pelo Cruzeiro estão R$111 milhões de provisões para contingências - que são as prováveis perda em processos trabalhistas.  O clube também sofreu com variação cambial negativa (desvalorização do real ante dólar/euro), de R$52 milhões, e precisou desembolsar R$43 milhões em liberação de jogadores.

Com relação às receitas, houve redução se comparado ao mesmo período de 2019: de R$235 milhões para R$82 milhões. Em publicidades e transmissões de TV, caiu de R$76,9 milhões para R$21,6 milhões. Já com bilheteria, passou de R$14,5 milhões para pouco mais de R$1 milhão, consequência da ausência de público nos estádios por causa da pandemia de COVID-19.

Foi com o faturamento de R$82 milhões que o Cruzeiro precisou trabalhar para honrar cerca de R$57,6 milhões em salários do futebol nos nove primeiros meses de 2020. As cifras representam uma média de R$6,4 milhões. A despesa, contudo, variou a cada 30 dias: a mais elevada de R$8,3 milhões, em janeiro, e a menos onerosa de R$3,5 milhões, em abril - época em que as empresas reduziram o pagamento aos colaboradores com a Medida Provisória 936 publicada pelo presidente Jair Bolsonaro.



Em setembro, o Cruzeiro desembolsou cerca de R$6 milhões com custo pessoal do futebol profissional. Se esses valores forem os mesmos nos meses subsequentes, significa que o débito acumulado já supera R$20 milhões. A negociação do lateral-direito Orejuela poderia amenizar esse problema, mas as conversas com o Grêmio esfriaram. O Atlético surgiu como interessado no colombiano, porém não formalizou oferta.

No balanço completo de 2020, a ser concluído até abril de 2021, o Cruzeiro deve registrar redução de sua dívida total, hoje acima de R$1 bilhão, para menos de R$800 milhões. A diretoria conseguiu economia superior a R$200 milhões ao fechar acordos com a Fazenda Nacional, na área tributária, e os jogadores Fred e Dodô, na esfera trabalhista.

Em meio ao caos financeiro, o time tenta encerrar a Série B da melhor forma possível, já que ocupa apenas o 11º lugar, com 44 pontos - oito a menos que o quarto colocado CSA. Lanterna da Série B, com 23 pontos, o Oeste é o adversário desta quarta-feira, às 21h30, no Independência. Depois, o Cruzeiro encara Juventude (fora), Operário (casa), Náutico (casa) e Paraná (fora).