Às vésperas de comemorar cem anos de fundação, o Cruzeiro praticamente deu adeus à briga pelo acesso à elite do Brasileirão ao empatar por 0 a 0 com o Cuiabá, nesta terça-feira, no Independência, pela 32ª rodada da Série B. Depois da partida, o técnico Luiz Felipe Scolari voltou a afirmar que o objetivo da equipe é fugir do rebaixamento à Série C. Os 41 pontos contabilizados até o momento ainda não asseguram a permanência matemática na segunda divisão.
“O que eu vim para fazer, e vamos fazer, é tirar o Cruzeiro da Série C. O Cruzeiro tinha 13 pontos, era o 19º e estava há oito ou nove rodadas na zona de rebaixamento. Pronto. Não está. Ganhando três ou quatro pontos, ficará na B”, disse o treinador.
Felipão também questionou o planejamento celeste no decorrer da temporada, quando foi montado um elenco recheado de jovens promovidos das categorias de base. Segundo ele, nenhum time obtém a promoção à Série A confiando somente no peso da camisa.
“Não sai da Série C só com camisa, sai com jogadores. Não sai só com meninos, sai com jogadores um pouco mais veteranos e mais rodados. Tudo isso é uma questão que temos de estudar para o ano que vem, pronto”.
No começo do ano, o Cruzeiro disputou o Campeonato Mineiro com vários atletas sub-20 entre os titulares, já que houve debandada no grupo em razão da impossibilidade de manutenção dos salários em dia com o rebaixamento à Série B.
Os maus resultados no estadual levaram o técnico Adilson Batista a ser demitido. Enderson Moreira foi contratado como substituto durante a paralisação das competições por causa da pandemia de COVID-19.
Em meio ao período sem jogos, o time foi punido pela Fifa com a perda de 6 pontos na Série B. O motivo é a dívida de mais de R$ 5 milhões com o Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação por empréstimo do volante Denílson, em julho de 2016.
Não bastasse o prejuízo esportivo, o clube afundou na Série B sob o comando de Enderson Moreira e, posteriormente, Ney Franco. Somou-se a isso mais uma penalidade na Fifa, no início de setembro, dessa vez em razão de débito de mais de R$ 7 milhões com o Zorya FC, da Ucrânia, em negociação envolvendo o atacante Willian Bigode.
Por mais de um mês e meio, o Cruzeiro ficou impossibilitado de contratar jogadores. E quando obteve a liberação, no fim de outubro, não conseguiu atender a todos os pedidos de Felipão. A equipe até melhorou o aproveitamento ao somar 28 pontos em 48 (58,33%), mas jamais se aproximou efetivamente do G4.
Hoje, a seis rodadas para o fim da Série B, a Raposa só pode chegar a 59 pontos, número que garantiu o acesso apenas do Vitória, em 2007. Na sexta-feira da próxima semana (8/1), a equipe visitará o Sampaio Corrêa, às 21h30, no estádio Castelão, em São Luís (MA). Depois, pegará Oeste (casa), Juventude (fora), Operário (casa), Náutico (casa) e Paraná (fora).
Leia a resposta de Felipão
“Não posso falar muito de qualquer situação do Cruzeiro se depois pagaram, se não pagaram, se os dirigentes entenderam que a camisa ganha qualquer jogo, que botando 12 meninos do júnior vão se classificar (...). Tudo isso foi o pensamento inicial, que não vou discutir. Não estava aqui.
O que eu vim para fazer, e vamos fazer, é tirar o Cruzeiro da Série C. O Cruzeiro tinha 13 pontos, era o 19º e estava há oito ou nove rodadas na zona de rebaixamento. Pronto. Não está. Ganhando três ou quatro pontos, ficará na B.
Agora, tudo isso foi montado no início do ano, e eu não tenho como discutir o que é que pensaram e como pensaram. Tenho que pensar na equipe que assumimos. Quando assumimos, fizemos os pontos necessários para sair da Série C.
Não sai da Série C só com camisa, sai com jogadores. Não sai só com meninos, sai com jogadores um pouco mais veteranos e mais rodados. Tudo isso é uma questão que temos de estudar para o ano que vem, pronto.
Seguimos trabalhando o grupo para ver se melhoramos alguma coisa. Foi tentada hoje com a colocação do jogador de meio-campo, o Giovanni, e os atacantes. Não surtiu efeito na parte final, no último terço de campo, não conseguimos concretizar com qualidade uma ou outra chance que criamos.
Agora é voltar novamente aos treinamentos e fazer com que a gente consiga os pontos necessários. Depois, em cima do que foi trabalhado este ano, montar a equipe para o ano que vem. Mas com pensamento diferente. Não pode ter 12 juniores não, de jeito nenhum”.