O Cruzeiro lançou nesta quinta-feira um projeto que visa obter R$ 9 milhões em crédito para pagamento de despesas recorrentes, como salários de atletas, parcelas do acordo com a Fazenda Nacional, dívidas na Fifa e outras. Em parceria com a Mutual Capital, empresa especializada em gestão de finanças, o clube disponibilizará o acesso ao investimento exclusivamente para os sócios da categoria Diamante, cuja mensalidade é de R$ 1 mil.
A captação dos recursos será feita em formato CCB - Cédula de Crédito Bancário. De acordo com o Cruzeiro, “cada operação de investimento realizada vai gerar uma CCB para o investidor, regulada pelo Banco Central, e a efetivação de cada etapa de captação assegura ao investidor o direito de recebimento do retorno da aplicação”.
As cotas terão o valor de R$ 25 mil, com a liberação de empréstimo a cada R$ 1 milhão garantido, e a rentabilidade é de 170% do CDI - Certificado de Depósito Interbancário. Isso significa que, pelo cenário atual, o investidor teria retorno de 3,23% por ano (a poupança hoje rende 1,4%). O Cruzeiro, por sua vez, contaria com 12 meses de carência para começar a amortização em 24 parcelas contadas a partir de dezembro de 2021.
Segundo o clube, “a garantia do investidor prevista em CCB, no caso de não cumprimento, são 10% do valor arrecadado em bilheteria a partir de dezembro/2021 e 10% da receita do sócio torcedor a partir de dezembro/2021”. Em entrevista ao site oficial do Cruzeiro, o diretor financeiro Matheus Rocha ressaltou a importância da parceria para que a instituição obtenha crédito com baixas taxas de juros.
“O clube está buscando inovar nas formas de captação de recursos. Com este produto, o Cruzeiro se beneficia com baixas taxas de juros, além de ser uma boa oportunidade de investimento para o torcedor, que ainda ajuda o clube. É uma forma de aproximar ainda mais o torcedor do Cruzeiro, fazendo com que este também consiga ganhar rendimentos, tendo garantia de recebimento de todo o investimento, com juros. Desde junho estamos estudando a implementação deste processo, que é algo inovador em se tratando de clubes”.
Já Victor Fernandes, co-fundador e CMO da Mutual, falou sobre a oportunidade de investimento para os torcedores. “Temos a oportunidade de levar esse tipo de investimento também aos torcedores do Cruzeiro, possibilitando que o clube tenha crédito muito mais saudável, com juros baixos e ainda dar uma opção de investimento ao seu torcedor, que pode ser mais rentável que a renda fixa. Tudo isso, com a segurança da nossa plataforma e bancarização do crédito”.
Para que o Cruzeiro chegue aos R$ 9 milhões desejados, será preciso que 360 sócios “Diamante” participem do processo. No portal da transparência não há o número de vinculados à modalidade. O balanço contabiliza 53.367 cadastrados - Platina (234), Ouro (467), Prata (2.560), Bronze (5.783), Cruzeiro Eficiente (3), Kids (140), Cruzeiro Eterno (334) e Reconstrução (43.846).
Outras ações
Não é a primeira vez que o Cruzeiro busca angariar receitas em ações com sua torcida. Em janeiro, o conselho gestor lançou o Sócio Reconstrução, com valor mensal de R$ 12 (anuidade de R$ 144), e assegurou mais de R$ 6 milhões ao clube.
Já a Operação Fifa, criada na administração do presidente Sérgio Santos Rodrigues, recebeu mais de 21 mil doações, com valor exato de R$ 747.764,14 até 3 de dezembro. A plataforma Meep é a encarregada de repassar os recursos ao clube. O dinheiro foi utilizado para abater pendências de contratações, além de multas aplicadas pela entidade máxima do futebol.
A situação financeira do Cruzeiro segue em cenário delicado, a ponto de jogadores e funcionários lidarem constantemente com atrasos salariais. Em meio ao caos econômico, o clube anunciou recentemente a redução de R$ 200 milhões de sua dívida total (que girava em torno de R$ 950 milhões) em virtude dos acordos celebrados com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, o atacante Fred e a Minas Arena. A diretoria promete divulgar em breve os números atualizados, tal como ocorreu nos demonstrativos dos cinco primeiros meses de 2020.